Coluna Apex, por Andre Jung: O homem que luta só

Apesar da arrancada avassaladora de Sebastian Vettel, é a Fernando Alonso que o troféu de campeão deve ser entregue em 2012. Vettel é o vilão da história de um campeonato que vinha sendo tão disputado

 

Depois de um início de temporada de grande equilíbrio, o bicampeão mundial dispara numa arrancada avassaladora, vencendo quatro provas consecutivas.  Um indicativo claro de que, forte candidato ao terceiro título seguido, o jovem prodígio alemão deve receber a saudação devida aos grandes campeões. 

Mas os olhos permanecem voltados para o rival, destronado da liderança, mas capaz de magnetizar a audiência com suas performances e atitudes. Em declarações, e, principalmente, com suas apresentações, Fernando Alonso permanece sendo aquele para quem, por justiça, o troféu de campeão deve ser entregue.

Vettel não tem culpa do talento que tem, nem da astúcia de Dietrich Mateschitz, nem do gênio Adrian Newey. O encontro dos três garante as condições necessárias para criar uma estrutura dominante.

Mas Vettel é o vilão da história dessa temporada. Um campeonato que começou com um número recorde de vencedores distintos e que agora se encontra numa fase de domínio completo de uma única equipe. Um campeonato que premiava a incrível regularidade de Fernando Alonso com uma justa folga na liderança.

Enquanto a Red Bull conseguia se libertar das amarras que seguravam o desempenho de seus carros, os outros avançavam a passos lentos. Soma-se a isso o fato de que a indestrutível Ferrari do espanhol foi abatida duas vezes ainda nos primeiros metros e o colchão de pontos que o espanhol conseguiu manter a duras custas no início do ano evaporou em poucas corridas.

Mesmo assim, é Alonso que atrai os microfones e avisa, do alto de sua capacidade, que está na briga, que permanece com muita confiança, que fará tudo que estiver ao seu alcance, etc… O espanhol mantém sua torcida mobilizada e motivada e manda recados claros a sua equipe: se o título for perdido, a Ferrari é que não conseguiu dar meios para o melhor piloto vencer.

Essa pressão é sentida pela equipe, que não tem como se desvencilhar, por falta de recursos humanos capazes. A Scuderia que sempre esteve acima de seus pilotos, seja na hora de tomar decisões estratégicas para corridas e campeonatos, seja no coração dos milhares de tifosi espalhados nos quatro cantos da Terra, está numa sinuca. Ao lado do alemãozinho sorridente, ela ajuda a estragar o roteiro preferido para a temporada.

Bruno Senna continua a desperdiçar oportunidades para se valorizar. Não que sua corrida tenha sido ruim, pelo contrário. Ganhou posições, fez belas ultrapassagens e pontuou, mas, novamente, não conseguiu converter uma chance de boa classificação em posição de largada.

Saindo na segunda parte do pelotão, seu esforço pode ser considerado o mínimo que ele deveria fazer num circuito onde a Williams nitidamente se adaptou bem.

Na Índia, mas uma vez vimos como, preparando um carro com bastante downforce, o piloto precisa de todas as formas largar na frente. As Red Bull de agora, com o refinamento da aerodinâmica traseira, treinam com bastante asa e conseguem, largando da frente, dominar amplamente o cenário das corridas.

Se, por alguma razão, largarem atrás, ou perderem posições, vão se ver na mesma situação que Kimi Raikkonen viveu atrás de Felipe Massa. Com um carro muito rápido numa volta lançada, mas sem velocidade de reta para fazer ultrapassagens. Esse é um risco que o time dos energéticos calculou muito bem, e que a eficiência e velocidade de Sebastian Vettel evitam que aconteça.

A renovação de Kimi Raikkonen com a Lotus aparece quase simultaneamente com a notícia do profundo rombo financeiro na equipe. De fato, o time, que vem sendo uma das gratas surpresas da temporada, não tem um patrocinador forte e arca com custos muito elevados para acompanhar o ritmo de desenvolvimento de suas rivais milionárias.

A duvidosa aposta no finlandês em 2012 se pagou completamente e, sem dúvida, é graças a ele que a Lotus tem conseguido manter um padrão positivo de visibilidade, já que aquela proporcionada pelos seguidos acidentes de Ramain Grosjean não atraem investidores.

Enquanto isso…

…a despedida de Michael Schumacher da F1 vai se tornando um calvário…

…o Japão, que num passado recente teve três equipes nacionais disputando o campeonato, não está disposto a bancar a chance de manter seu melhor piloto na categoria…

…sem dinheiro em caixa, o mito terá poucas chances de alinhar em 2013.

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