Coluna Apex, por Andre Jung: O princípio do fim

Textos grandes começam a fazer pouco sentido, e sinto que meu papel começa a ficar anacrônico. Dito isso, esclareço que começo aqui uma despedida da coluna, que deixarei de escrever ao final da temporada 2018

Madrugada do dia 7 de outubro, tenso com a corrida – presidencial, que fique claro –, levanto depois do toque do despertador e vou até a sala, assistir sozinho ao GP do Japão. Afinal é Suzuka, uma das pistas mais maravilhosas do planeta, certeza de corrida boa. Só que não.
 
Outra vez tivemos de assistir a Sebastian Vettel se envolver num incidente tolo no início da prova e cair pra última posição. Na frente, Hamilton passeando tranquilo, contando voltas pra levar mais um GP. Acho que só a tensão pré-eleitoral me manteve acordado até o final da corrida; alguns amigos fanáticos com quem conversei disseram ter dormido antes da bandeirada. Assim, diante de um campeonato que já tem dono, resolvi aproveitar as últimas corridas, para falar um pouco sobre esse espaço querido.
 
Desde o início da temporada, a primeira sem brasileiros na pista desde 1970, comecei a refletir sobre minha atividade como colunista do Grande Prêmio; os tempos atuais são muito diferentes daquele 2004, quando, a convite do Flavio Gomes, passei a dividir com ele e Reginaldo Leme, a trinca dos colunistas do grandepremio.com.br de então.
 
Que tarefa! Além de me esforçar para não fazer feio diante dos dois craques, tinha como missão substituir nada menos do que Edgard Mello Filho, Mito verdadeiro, adorado por todos no meio, Edgard era o paradigma. Claro que nada se iguala ao texto cheio de conhecimento, criatividade e sabor do velho lobo das pistas, mas achei que podia dar minha contribuição.
 
Flavio me deu carta branca para o formato da coluna, então resolvi batizar a coluna de 'Apex', que significa ponto de tangência em inglês, uma coluna de análise, publicada na quarta-feira subsequente aos GPs – essa de hoje sai na quinta, mas de quase 300 colunas, poucas descumpriram a data correta –, forma que encontrei para ler e avaliar as diversas versões de pilotos, técnicos e jornalistas sobre o GP ocorrido e então escrever a minha.
(Ilustração: Marta Oliveira)
Vivíamos ainda um mundo sem o nefasto efeito das mídias sociais, onde o jornalismo era uma atividade prestigiada e logo pude perceber o alcance do Grande Premio, pessoas passaram a me interpelar para comentar essa ou aquela opinião que a coluna havia registrado.
 
Incrível a raça com que o site segue sendo a referência principal no segmento. Num ambiente em mutação constante, os bravos e bravas que comandam o dia a dia do GP merecem subir no alto do pódio.
 
Depois de uns 4/5 anos de Apex, a artista plástica paulista Marta Oliveira passou a colaborar como ilustradora, enriquecendo e personalizando o que passou a ser 'nossa' coluna. Sua contribuição tem sido inestimável e sou imensamente grato por essa gentileza.
 
A velocidade das transformações pelas quais passamos nesses últimos 15 anos tem levado o mundo editorial a diversas alterações para corresponder à nova audiência, cada dia menos usuária de telas de computador, cada dia mais ligada à tela do celular.
 
Nesse caminho, textos grandes começam a fazer pouco sentido, e sinto que meu papel começa a ficar anacrônico. Dito isso, esclareço que começo aqui uma despedida da coluna, que deixarei de escrever ao final da temporada 2018.
 
Tenho orgulho e gratidão pela oportunidade que Flavio Gomes me ofereceu, graças a ela nos tornamos amigos (coisa que prezo muito). Passado um certo tempo de 'Apex', também fui aceito entre meus colegas de pena… ops, teclado, e fiz boas amizades entre apaixonados da F1.
 
Comecei a acompanhar a categoria pra valer em 1970, aos 9 anos de idade, ano em que Emerson estreou. De lá pra cá, assisti praticamente todas corridas que houve. Vivi a ansiedade do início de cada uma dessas temporadas, vi Emo, Stewart, Cevert, Peterson, Pace, passando por Lauda, Gilles Villeneuve, até chegar em Prost, Piquet, Senna, Schumacher, Barrichello, Alonso e Hamilton. Um longo ciclo, em 70 a F1 completava 20 anos, em pouco tempo terá 70.
 
Sou fruto do mundo analógico do século XX. Novas linguagens pedem passagem, e, assim com as garrafas PET, eu também preciso me reciclar.
 
Enquanto isso…
 
… o novo sensor que a FIA instalou na Ferrari, para vigiar se o 'despejo' de potência, oriunda dos sistemas de recuperação de energia, estava dentro dos limites estabelecidos, parece ser uma das causas principais para a perda de rendimento de seus carros…
 
… a Ferrari nega e protesta pelo vazamento da notícia do sensor; em Maranello, desenvolveram uma sofisticada solução para o armazenamento de energia que inclui a utilização de duas baterias, e não uma como nos demais carros…
 
… Arrivabene manifestou o justo receio de que, assim como a notícia do sensor, o projeto de seu sistema inovador também vaze para outras equipes.
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