Coluna Apex, por Andre Jung: Outubro prateado

O GP da Rússia entrou no calendário junto com o novo regulamento que introduziu as fatídicas unidades de potência. Repetindo o ano passado, a Mercedes volta a garantir o caneco de Construtores por antecipação, mantendo uma hegemonia que tem tudo para se estender até 2016

Já se vão quase 25 anos do fim da União Soviética e hoje até podemos assistir  corridas de F1 realizadas na “Mãe Pátria”. Porém, se o modo de produção é outro, algo permanece que nos remete aos tempos da Guerra Fria.
 
Impulsionado pela imensa força da máquina militar que já foi a mais temida do planeta, o atual líder supremo preserva o culto à personalidade em moldes que muito se assemelham aos dos seus antecessores dos tempos soviéticos.
 
De fato, nas duas edições do GP da Rússia, lá estava o impávido e infalível comandante, ocupado com a singela tarefa de prestar as honras da casa aos vencedores, sorrindo em cadeia global e aproveitando a chance de exibir-se ao mundo moderno e atuante. 
Junto dele, o séquito de subalternos, que não tem qualquer importância ou projeção. Guardadas as proporções, esse protocolo lembra muito os tempos soviéticos, numa demonstração de que o temperamento russo impera sob qualquer regime.
 
Hoje, os russos estão mais bélicos do que foram na segunda metade do século XX, com um líder decidido a enfrentar qualquer um para reviver os tempos em que seu povo liderava, a ferro e fogo, o andamento da política no planeta.
 
Mas o constante aumento das tensões com o ocidente teve, no domingo, um impressionante contraponto – com benção de Bernie Eclestone – ao exibir uma Russia completamente inserida na economia de mercado, distante do inimigo sinistro que muitas vezes à representava em livros e filmes do século passado.
Depois de uma sequência de provas sonolentas, coube ao GP russo redimir a categoria ao proporcionar um corrida cheia de alternativas, emocionante até a última volta. Ainda que a Mercedes não fosse incomodada por ninguém no asfalto de Sóchi, a luta pelas posições seguintes foi intensa e constante.
(Ilustração: Marta Oliveira)
Depois de uma classificação muito ruim, que o deixou apenas na 15ª posição de largada, Felipe Massa contou com uma corrida sólida e os azares dos que iam à frente para voltar à disputa pelo quarto lugar no campeonato. O outro Felipe foi ainda melhor, conquistou um improvável sexto lugar que lhe garantiu valiosos oito pontos, melhorando as finanças claudicantes da equipe e recuperando seu cacife entre os pares. Ao que tudo indica, coube ao novo engenheiro de pista a capacidade de fazer o brasileiro voltar a sorrir como em outros tempos.
O GP da Rússia entrou no calendário junto com o novo regulamento que introduziu as fatídicas unidades de potência. Repetindo o ano passado, a Mercedes volta a garantir o caneco de Construtores por antecipação, mantendo uma hegemonia que tem tudo para se estender até 2016, último ano em que o atual regulamento deve vigir.
 
Uma situação que tem provocado inúmeros conflitos, com grande insatisfação nos usuários Renault, e por que não dizer, Honda, diante da incapacidade de competir contra a potência dos propulsores alemães.
 
Aonde essa coisa toda vai parar ainda é incerto. Enquanto Hamilton seguia para mais uma vitória tranquila, nos bastidores a Ferrari anunciava que não haveria acordo com a Red Bull, deixando uma porta aberta para a Toro Rosso, versão italiana do conglomerado energético-esportivo austríaco.
 
Sem alternativas diante das recusas seguidas de Mercedes, Ferrari e até mesmo da Honda, Dietrich Mateschitz parece recuar seus exércitos e preparar um armistício com a Renault. Situação que coloca em stand-by a compra da desesperada Lotus pelo fabricante francês. Será que todo o teatro que anunciava sua saída iminente teria sido um blefe do magnata?
 
Enquanto isso… 
 
Kimi Räikkönen continua a dever, não apresenta velocidade nem consistência, e se arrisca em manobras dignas de um novato
 
animado com o contrato renovado, Jenson Button leva a McLaren aos pontos… 
 
reafirmando que cuida dos pneus como ninguém, Checo Pérez volta a subir no pódio às vésperas do retorno do GP do México.

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