Coluna Rookie Text, por Douglas Borges: A nova casa do asturiano

Fernando tem aquela garra de vencedor, aquele que faria qualquer coisa para ganhar. Aquela garra que moveu Senna para a Williams em 1994. Aquela velha sanha por vitórias, que todo grande campeão tem. E isso não é errado, pelo contrário. É isso que move o esporte. É isso que o torna tão apaixonante.

Boatos quentíssimos surgiram nas igualmente quentes terras húngaras. Fernando Alonso – todo-poderoso da Ferrari, primeiro piloto convicto e ai de quem sugerir o contrário – pode estar de saída da Scuderia, debandando, vejam só que absurdo, para a atual arquirrival Red Bull, onde beberia da mesma fonte que Sebastian Vettel e assim, quem sabe, conseguiria, enfim, o tão sonhado tricampeonato e entraria de vez no dourado Olimpo da F1.

A ineficácia da Ferrari em lhe dar um carro de ponta, que permita a luta pelo título mundial sem sustos, sem tirar leite de pedra a cada corrida, parece finalmente ter cansado o espanhol. Quatro anos depois, com apenas 11 vitórias em 68 corridas, a Ferrari apresenta um aproveitamento muito aquém do que esperava ao assinar com a Estaberria em 2009. Imagino, cá comigo, que Don Fernando alvejava já ter no presente ano de 2013 ao menos uns dois títulos pela equipe vermelha. O que lhe restou foram dois vice-campeonatos sofridos e mais dois anos apenas vendo o sucesso alheio, sem poder fazer nada para detê-lo. Deve doer.

E Fernando tem aquela garra de vencedor, aquele que faria qualquer coisa para ganhar. Aquela garra que moveu Senna para a Williams em 1994. Aquela velha sanha por vitórias, que todo grande campeão tem. E isso não é errado, pelo contrário. É isso que move o esporte. É isso que o torna tão apaixonante.

Alonso tem dado sinais de insatisfação com a Ferrari (Foto: Getty Images/Shell GP)

Por isso que não o culpo por querer mudar de equipe – julgando, claro, que os boatos sejam verídicos. Mais do que isso, o apoio e torço pela transferência. Não sendo torcedor de nenhum piloto ou equipe, uma dupla explosiva dessa sob o mesmo teto seria incrível, quase surreal. Talvez a melhor dupla que a F1 já viu desde Senna e Prost na McLaren. Seria o Dream Team definitivo para a F1 contemporânea, certeza de grandes disputas e um marco na história da categoria.

E se o asturiano se cansou da Ferrari, talvez a recíproca seja verdadeira. Há muito tempo que Fernando só faz falar mal da equipe, apenas criticando e poucas vezes oferecendo uma palavra de apoio. É um claro caso de ego inflado. Quando a vitória vem, o responsável é ele, quando o fracasso impera, tudo culpa da escuderia. Chega uma hora, como em qualquer ramo da atividade humana, que cansa, isso de não ser reconhecido. E ao que parece, a relação entre o espanhol e a equipe caminha a passos largos para uma situação-limite, que culminará eventualmente em uma dolorosa (e cara) rescisão de contrato. Um sinal desse desgaste é uma nota publicada pela Ferrari em seu site oficial, onde critica as atitudes do piloto e pede mais humildade da sua parte. Isso tudo após mais um GP apagado, e em pleno aniversário de Alonso. É quando uma luz de alerta se acende para todos nós e, de repente, um desligamento da equipe não se torna nenhuma absurdo, para ambas as partes.

Há claro, vários empecilhos que podem vir a dificultar uma eventual transferência de Alonso para a rival Red Bull. O primeiro deles, e o mais importante, tem nome e sobre nome: Sebastian Vettel. O garoto germânico aceitaria dividir as garagens com alguém tão egocêntrico como Fernando Alonso? Alguém que ameaçaria derrubar seu reinado rubrotaurino, e, o mais importante, alguém cujas possibilidades de ser tornar um bom companheiro de equipe – um amigo – são quase nulas? Ora, Fernando nos últimos anos deu incontáveis declarações dizendo que Vettel só ganhava por causa do carro. Mas, se ele for campeão, o mérito será só dele, como sempre.

Sem dúvida, esse boato tem de tudo para agitar as férias da F1, gerando um agosto bem movimentado entre os jornalistas do meio. Enquanto ambas as partes apenas se esquivam do assunto, informações e furos tendem a brotar entre os meios de comunicação mais sensacionalistas. Cabe a nós, meros fãs do esporte, acompanhar essa novela que talvez se torne a maior transferência dos últimos tempos na F1.

Quem é Douglas Borges? De São Carlos, cresceu vivendo o automobilismo e espera continuar a fazer isso por muitos anos. Cursando a segunda série do Ensino Médio, é fã convicto de Red Hot Chili Peppers e Force India. Lamentou amargamente a morte de Dan Wheldon, um ídolo desde sempre. Trabalha com os pais, mas pretende seguir a carreira de jornalista em um futuro não muito distante.

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.