Com conceito de efeito-solo, F1 traz primeiro esboço de carro para 2021

Aos poucos, o conceito do que a F1 propõe para a revolução do regulamento para 2021 vai ganhando forma. Nesta quarta-feira (17), um esboço do conceito do novo carro foi apresentado, tendo como maior novidade a possibilidade do retorno do efeito-solo. A expectativa é que as corridas sejam mais parelhas sem tanta influência da turbulência que impede a aproximação dos carros

Ainda com discussões entre Fórmula 1, equipes e a FIA sobre o novo regulamento da categoria para 2021, os primeiros esboços do carro do futuro do esporte foram revelados nesta quarta-feira (17).
 
As novas regras devem apresentar uma grande mudança em termos de aerodinâmica no downforce, com o novo carro se livrando de conceitos que são dominantes nos monopostos, produzindo asas dianteiras mais simples e menos sensíveis.
 
A grande mudança aparece na parte inferior do carro, com túnel do tipo Venturi — conceito de aerodinâmica e mecânica dos fluídos —, que produzem um difusor duplo, que será o responsável pelo downforce. O conceito de efeito-solo ficou conhecido no final dos anos 1970, com a Lotus, até o recurso ser banido em 1983.
Desenho do projeto do carro de F1 para 2021 (Foto: Giorgio Piola/Motorsport.com)
"Queremos carros mais próximos para disputa e mais batalhas. Queremos pneus que permitam disputas sem degradação ou dando apenas um curto intervalo para o outro piloto atacar. São conceitos mais simples que os carros atuais por conta de componentes pequenos que foram removidos, especialmente nos sidepods. A asa dianteira foi simplificada, tem um difusor debaixo do carro que liga a parte traseira até a dianteira do carro", declarou Nikolas Tombazis, diretor de assuntos técnicos da FIA, ao site norte-americano 'Motorsport.com'.
 
Com a combinação de mudanças, a esperança é que os carros não percam downforce durante as perseguições. Atualmente, os monopostos perdem cerca de 45%, e a expectativa é que percam entre 5 e 10% com as novas regras.
O novo conceito da F1 para 2021 traz a perspectiva de corridas mais disputadas (Foto: Reprodução)
Em artigo escrito ao site norte-americano ‘Motorsport.com’, o especialista em aerodinâmica Jake Boxall-Legge explica que as mudanças previstas para o regulamento de 2021 tendem a tornar as corridas mais equilibradas.
 
“Atualmente, os carros de F1 operam com um assoalho plano, que faz a transição a um difusor no momento de chegar ao eixo traseiro. Junto com a asa traseira, os dois elementos contribuem para criar a maior parte da carga aerodinâmica total, mas a custo de uma grande turbulência, conhecida como ar sujo. A turbulência é algo que é sensível ao carro que persegue, já que estes carros geralmente estão desenhados para funcionar da melhor maneira possível em condições ambientais laminares”, salientou.
 
“A mudança para o uso dos túneis Venturi, que se abririam na parte dianteira dos sidepods, desenvolve o que é conhecido como efeito-solo, de onde o ar se acelera mais ao passo em que faz a transição entre o assoalho do carro e o solo. Isso permite que se desenvolva mais força ou carga aerodinâmica e significa que os carros possam trabalhar com um tamanho reduzido da asa traseira. O foco no corpo aerodinâmico sob a carroceria também reduz a sensibilidade do equilíbrio aerodinâmico, o que significa que os carros que estão atrás não vão sofrer a perda imediata de pressão aerodinâmica em meio à turbulência, ou seja, o ar sujo”, explicou.
 
Para Boxall-Legge, “a adição de defletores às rodas dianteiras vai garantir que os túneis Venturi mantenham sua efetividade quanto ao efeito aerodinâmico. A turbulência é notoriamente difícil de controlar, o que explica a complexidade crescente dos pacotes atuais de bargeboard, portanto, inibir esta esteira significa que os bargeboards podem ser regulados com mais rigor”, complementou o especialista.

O que vem aí para a F1 do futuro?
 
– Um bico mais baixo em relação ao adotado atualmente, como foi usado pela categoria na década de 1990;
 
– A ideia é melhorar o fluxo de ar abaixo do carro, ajudando a alimentar melhor os túneis Venturi, que vão gerar o conceito de efeito-solo;
 
– Os endplates — aletas laterais — da asa dianteira estão arredondados para ajudar a minimizar o risco de furos de pneu no caso de um toque entre carros, um cenário que tem mais chances de acontecer considerando a asa dianteira mais larga;
 
– A aerodinâmica simplificada fica exposta com um bico mais baixo e sem tanto desvios de fluxo de ar;
O que vem de novo para a Fórmula 1 em 2021? (Foto: Reprodução)

– As rodas podem levar tampas, o que ajudaria a administrar melhor o fluxo de ar;

 
– Os dutos de refrigeração dos freios vão ser mais simples e influenciar menos na aerodinâmica;
 
– As rodas dianteiras estão cobertas com dois defletores que ajudam a direcionar o fluxo de ar desde a roda dianteira até abaixo do assoalho, no lugar de levar o ar para cima, o que causa a indesejável turbulência para os carros que estão atrás;
 
– O halo, elemento criado para oferecer maior segurança aos pilotos no cockpit, passa a ser melhor integrado ao desenho geral do carro;
 
– O difusor mais alto tende a ser bem mais potente que o difusor dos carros de hoje, o que vai permitir que a maior parte da carga aerodinâmica vai ser criado debaixo do carro;
 
– A asa traseira conta com um endplate simples para reduzir o efeito da turbulência e ajuda a desviar o fluxo de ar até acima com um vórtice duplo.

A Fórmula 1 espera que o acordo com as dez equipes do grid aconteça até o dia 15 de setembro, para o que o processo vá para aprovação junto ao Conselho Mundial da FIA antes do fim de outubro.

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