Com Ferrari forte, GP de Singapura promete enfim confronto real do trio-de-ferro

A Ferrari surpreendeu a todos neste sábado, ao fazer valer seu novo pacote aerodinâmico. A equipe conseguiu tornar a SF90 competitiva em curvas lentas, e isso ajudou Charles Leclerc a conquistar a pole-position. A Mercedes, que até sentiu a derrota, ainda tem um trunfo: o ritmo de corrida. Portanto, o GP de Singapura promete mais do que a espetacular classificação mostrou neste sábado

"Não sei de onde a Ferrari conseguiu essa performance?" Essa foi a pergunta proferida por um assustado Lewis Hamilton – e que, honestamente, deve ter se espalhado por todo o paddock de Marina Bay. O motivo: a espetacular pole-position de Charles Leclerc no GP de Singapura, roubada das mãos do companheiro, Sebastian Vettel, nos instantes finais da sessão que definiu as posições de largada para a corrida de amanhã. E o espanto tem razão de ser. Afinal, circuitos que exigem do downforce e do desempenho em curvas de baixa velocidade nunca foram o forte da SF90. A verdade é que a equipe italiana, enfim, foi capaz de dar um passo adiante para enfrentar de igual para igual suas adversárias. Agora, além da incrível velocidade de reta, o carro vermelho consegue se defender bem nos trechos mais sinuosos, e isso acabou por fazer enorme diferença na batalha que virou a classificação.
 
Após uma sexta-feira cheia de contratempos em que não pode apresentar seu real ritmo, a Ferrari colocou a pulga atrás das orelhas de alemães e austríacos logo no terceiro treino, quando Leclerc bateu Hamilton, para liderar as atividades. Ali, certamente, Toto Wolff levantou uma das sobrancelhas e se questionou: “Será?”. Aí veio a hora decisiva. Leclerc e Vettel se colocaram rápidos, especialmente no primeiro setor. O novo pacote ferrarista começou a funcionar e ficou claro que a eficiência aerodinâmica do carro vermelho pode garantir velocidade máxima no final as retas, mas a tração é o elemento mais importante para o sucesso do monoposto italiano. O que também ajuda a reduzir a degradação dos pneus traseiros.
Charles Leclerc cravou a quinta pole da temporada (Foto: AFP)
"Eles são mais rápidos no primeiro setor e ainda conseguem fazer os pneus funcionarem a volta toda. Concluímos, então, que a Ferrari atingiu a janela dos pneus com perfeição. Eles foram mais rápidos do que o esperado. E tanto nós quanto a Red Bull não conseguimos ter o máximo de desempenho", disse o chefão da Mercedes após a classificação, apenas confirmando que a perfomance dos pneus pareceu decisivo para o avanço ferrarista.
 
Ou seja, tudo isso combinado resultou na excelente performance de Leclerc – e na de Vettel, não fosse a horrível volta final. Embora não tenha sido tão perfeito na primeira tentativa de volta rápida, foi no giro derradeiro do Q3 que o monegasco, de novo, mostrou do que é feito: acertou lindamente as 23 curvas e percorreu os mais de 5 mil metros de Marina Bay no tempo de 1min36s217. Pole, a terceira consecutiva e a quinta da temporada. Excepcional.
 
É claro também que o desempenho o coloca como favorito à vitória. Mas o GP de Singapura promete mais que isso. Ainda que não tenha deixado essa impressão, Hamilton fez uma volta fabulosa também. Andou muito perto das parciais do jovem ferrarista e usou bem o terceiro setor do circuito para ficar a menos de 0s2 do rival. Larga da primeira fila, e isso por si só é uma garantia de diversão. Lembra quando Lewis disse que agora sabia como lidar com Charles? Esse é o momento. 
 
A perda da pole foi sentida pela Mercedes. Certamente, os prateados não esperavam, principalmente depois de sexta-feira e da natureza de Marina Bay agradar ao W10, tamanha pressão. Mas a equipe alemã tem lá seu trunfo. Como sempre, a corrida é onde se vê a força de Hamilton e companhia. E os treinos livres mostraram o inglês fortíssimo, andando até 2s melhor que os rivais, especialmente em cima dos pneus macios.
 
A prova nas ruas de Singapura tem a tendência de ter uma única parada, com aconteceu em 2018. Todo o pelotão da frente vai largar com os compostos vermelhos, mas há uma diferença que precisa ser levada em consideração: enquanto Ferrari e Red Bull têm a opção de usar pneus médios ou duros no segundo stint, a Mercedes só pode usar os duros. 
 
Ou seja, há também um jogo importante de estratégia por trás do embate do trio-de-ferro. E será, portanto, interessante ver como a Mercedes vai se portar depois da tática equivocada no GP da Itália. 
Max Verstappen, vem para a luta? (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)
A terceira via é, claro, a Red Bull, e não dá para descartá-la. É muito verdade dizer que se esperava mais dos austríacos, uma vez que Singapura é uma pista que casa perfeitamente com o RB15. A troca de motor na Itália, as atualizações, tudo culminava para um desempenho assustador em Marina Bay, mas Max Verstappen não passou do quarto lugar do grid, usando tudo que tinha, inclusive um incrível terceiro setor. Só que o comportamento errático dos pneus acabou jogando água no energético dos caras. E a pouca e inesperada performance também provocou uma queda no ritmo nas curvas de baixa. Não será fácil para Max amanhã, mas a corridas são corridas, como já diziam um certo argentino. O ritmo de prova, no entanto, pode virar o jogo – na sexta, os taurinos se apresentaram até melhor que a Ferrari na simulação de corrida. 
 
Diante desse cenário, a Fórmula 1 está diante de uma chance de continuar com a sequência de excelentes GPs. E mais que isso, diante da possibilidade de acompanhar um confronto direto e real entre as três principais equipes em uma disputa que pode colocar o melhor da geração atual contra o melhor do futuro. 
 

O GP de Singapura da F1 está marcado para o domingo (22), às 9h10 (horário de Brasília). O GRANDE PRÊMIO acompanha tudo AO VIVO e em TEMPO REAL.

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