Com Mercedes na F1 ‘A’, Red Bull puxa fila unida na ‘B’. Ferrari tem de apertar reset

Esperava-se que Lewis Hamilton se colocasse na pole, mas Valtteri Bottas parece ter a Áustria como casa e acabou por surpreender o hexacampeão. A Red Bull é quem mais perto ficou da Mercedes, mas puxa uma fila das mais interessante ali no top-10. A Ferrari... Bem, a Ferrari precisa começar tudo de novo

Pode não parecer, mas Valtteri Bottas às vezes prega algumas peças. Ainda que fosse fácil imaginar que o finlandês pudesse conquistar a posição de honra do grid, dada sua enorme afinidade com o Red Bull Ring, sem contar a supremacia da Mercedes, a pole-position deste sábado (4) foi, sim, uma surpresa. Lewis Hamilton vinha tão dominante ao longo do fim de semana que parecia pouco provável que perdesse a chance de iniciar a temporada na ponta, ampliando ainda mais o recorde que já lhe pertence. Então, ninguém pode reclamar de previsibilidade, pois Bottas desbancou o inglês em uma volta tão boa que, mesmo errando na segunda tentativa, impediu o rival de tirar proveito. A diferença entre os dois ficou em apenas 0s012. Valtteri cravou um novo recorde da pista. E só a dupla foi capaz de andar na casa de 1min02s.

A classificação também escancarou o quanto a Mercedes se esmerou para não perder a posição de líder da F1. O W11 é veloz e consistente. E isso fica evidente na evolução apresentada pelo conjunto na comparação com o ano passado. Em 2019, a esquadra alemã enfrentou dificuldades com o sistema de refrigeração e precisou alterar as configurações do motor para suportar o calor e o desgaste dos pneus. Agora, a equipe seis vezes campeã desenvolveu soluções e trouxe até o DAS – que, de acordo com os pilotos, proporciona, sim, algum ganho de desempenho. Na prática, a melhora em termos de tempo ficou em 0s3 em relação à última temporada. A Mercedes também a maior velocidade final do circuito austríaco.

Em termos de estratégia, o time de Toto Wolff vai para o convencional. Ambos largam de pneus vermelhos macios. Lembrando apenas que, na simulação de sexta-feira, Bottas foi ligeiramente mais constante que Lewis com esses compostos, enquanto o britânico foi significativamente melhor com os médios amarelos, que serão usados na segunda parte da corrida. Vale dizer, ainda, que o nórdico historicamente vai muito bem na Áustria. Foi lá que conquistou o primeiro pódio da carreira, a segunda vitória na F1 e essa foi a terceira pole por lá. Bem, há um fio de expectativa de um duelo mais apertado entre a dupla de preto, portanto.

A afinada dupla da Mercedes dominou a primeira fila do GP da Áustria (Foto: AFP)

Mas se a Mercedes está mesmo em um campeonato só seu, quem lidera a nova F1 ‘B’ é a Red Bull. A esquadra dos energéticos chegou à sua casa ostentando a bandeira de que seria a grande adversária dos atuais campeões, principalmente pela boa apresentação na pré-temporada e de uma Ferrari pouco confiável. Só aí, quando a realidade veio à tona com os primeiros treinos livres, o cenário mudou muito. Neste momento, os taurinos estão longe dos alemães. Na classificação, Max Verstappen ficou a mais de meio segundo do tempo de Bottas. É muita coisa. Por isso, a interessante escolha por uma estratégia diferente também parece muito pouco para tentar pegar a Mercedes. O holandês é o único do top-10 que vai largar de pneus médios. De qualquer jeito, o mais realista é pensar que a briga é mesmo com a McLaren e a Racing Point. A Renault parece um pouco mais distante, junto com a Ferrari. Chegaremos lá.

Sem dúvida, uma decepção para esse começo de temporada. Mas há algo a tirar disso: o equilíbrio. O bloco liderado pela Red Bull é forte e compacto. A diferença entre Verstappen, terceiro no grid, para Daniel Ricciardo, o décimo, é de apenas 0s7.

Neste cenário, a McLaren surgiu muito bem com um surpreendente Lando Norris em quarto, menos de 0s1 atrás do #33. Esperava-se mais, é verdade, de Sergio Pérez, dado o enorme salto de qualidade apresentado pela Racing Point. Só para se ter uma ideia, a equipe sequer escapou do Q1 no ano passado. Agora, sustenta um desempenho que é quase 1s melhor. Resta saber como será o ritmo de corrida. Nos treinos, provou ser muito próximo da Mercedes.

Max Verstappen será com estratégia de pneus médios para a largada (Foto: AFP)

Por fim, a Ferrari. Esses dois primeiros dias de atividades da F1 comprovaram que a equipe italiana produziu um carro problemático, com falhas de chassi, aerodinâmica, bem como de motor. A perda de potência é considerável e chama atenção, principalmente depois do que a escuderia fez no ano passado aí mesmo na Áustria, onde largou na pole. É inevitável lembrar de todo o imbróglio envolvendo a unidade de potência e a investigação da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), que não foi capaz de identificar alguma ilegalidade. De toda a forma, parece não ser uma coincidência o fato de que Alfa Romeo e Haas, as duas parceiras de Maranello, também apresentaram performances sofríveis.

A diferença em termos de velocidade para a Mercedes é brutal, quase 10 km/h. O carro também encontrou dificuldades em curvas mais lentas e freadas fortes.

Charles Leclerc ainda disputou o Q2 e sai em sétimo, mas Sebastian Vettel não passou nem do Q2 e vai partir de 11º. A Ferrari, portanto, precisa começar de novo e rápido. Talvez seja o caso de adiantar as atualizações da Hungria.

O GP da Áustria vai ter largada neste domingo a partir de 10h10 (horário de Brasília). O GRANDE PRÊMIO acompanha tudo em tempo real.

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