Como Verstappen recusou oferta da Mercedes para fechar acordo com Red Bull na F1

Em 2014, Max Verstappen e seu staff foram contatados por Toto Wolff e Niki Lauda, que tinham uma oferta para que o holandês fizesse parte do programa de desenvolvimento da Mercedes. Mas a Red Bull foi mais rápida ao entregar um projeto consistente na Fórmula 1 que o permitiu estrear em 2015. Raymond Vermeulen, agente de Max, disse que não há arrependimentos com a decisão

Max Verstappen tinha apenas 16 anos em 2014, mas desde muito jovem passou a chamar a atenção da Fórmula 1. Campeão mundial e europeu de kart na classe KZ no ano anterior, o ainda adolescente disputava regularmente a Fórmula 3 Europeia, sendo um duríssimo rival de Esteban Ocon, que ficou com a taça daquela temporada. Mas ao longo daquele ano, Verstappen interessava a duas equipes do grid do Mundial. A Red Bull o procurou primeiro, com o consultor Helmut Marko se reunindo com o staff de Verstappen, formado pelo empresário Raymond Vermeulen e pelo pai, Jos Verstappen, no fim de semana do GP da Alemanha de 2014, em 20 de julho. Imediatamente depois, Toto Wolff e Niki Lauda, diretor-esportivo e presidente não-executivo da Mercedes, procuraram o grupo para conversar sobre Max. No fim, poucos dias depois, em 18 de agosto, a Red Bull anunciava que Verstappen seria um dos titulares da Toro Rosso a partir de 2015.

Vermeulen, até hoje agente de Verstappen, falou à revista britânica Autosport depois que um documentário sobre a vida de Max, chamado ‘Whatever It Takes’ (ou ‘O que for preciso’, em tradução literal), produzido pela emissora holandesa Ziggo Sport, foi ao ar. O empresário deixou claro que, mesmo levando em conta as situações da Mercedes como força dominante da Fórmula 1 na atualidade e a Red Bull, que embora entregue um carro capaz de vencer aqui e ali, há tempos não consegue ser uma postulante ao título, não há arrependimentos e que a decisão tomada em 2014 foi a correta.

A grande diferença entre as ofertas da Mercedes e da Red Bull era que os taurinos conseguiram oferecer logo de cara um assento para Verstappen na Fórmula 1 na sua equipe filial. Max, pouco depois de ter fechado acordo com a empresa dos energéticos, foi anunciado como titular da Toro Rosso e, em seguida, começou a trabalhar em um intenso programa já visando 2015 ao participar dos treinos livres 1 no Japão, Estados Unidos e Brasil, além do teste de novatos em Abu Dhabi em 2014.

Max Verstappen estreou na Fórmula 1 em 2015 pela Toro Rosso (Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio)

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Segundo a publicação britânica, a Mercedes pouco poderia oferecer ao holandês: no máximo uma função de piloto reserva ou bancar uma temporada completa do piloto na GP2, antigo nome do que hoje é a Fórmula 2. Naquela época, a marca alemã tinha três equipes como fornecedora de motores: a Force India, Lotus e a Williams. Mas a Mercedes não conseguiria alocar o competidor em nenhum dos três times. E a equipe principal já tinha Lewis Hamilton e contava com Nico Rosberg, ou seja, não havia a menor perspectiva de abrir vaga para um novato.

Vermeulen entende que, naquele momento, diante do que era oferecido por Red Bull e por Mercedes, não havia dúvidas sobre qual rumo tomar. Portanto, não há arrependimentos. “Acho que fizemos a escolha certa na época. Todos nós três [Max, Jos e eu] ainda apoiamos totalmente essa decisão. Acho que, na Red Bull, Max recebeu uma super orientação e também uma super preparação para sua estreia na Fórmula 1”, disse.

“Estamos na Red Bull e nos sentimos muito confortáveis lá. O que o futuro trouxer, é o futuro. Mas, por enquanto, estamos muito felizes com as escolhas que fizemos”, acrescentou o agente, sendo endossado pelo pai de Max. “Naquela época, com as informações que tínhamos, definitivamente fizemos a escolha certa”, afirmou.

Para o ex-piloto, talvez possa haver algum espaço para frustração com a decisão tomada. “Acho que às vezes é um pouco mais frustrante para mim do que para Max, ou talvez mais ou menos a mesma coisa. Mas Max tem de tirar o máximo de proveito disso, claro. Estamos na Red Bull e sabemos o que temos de fazer. Você pode estar frustrado, mas isso não o ajuda em nada, como Max disse antes”.

“Todos nós queremos que Max lute pelo título, mas também é bom trabalharmos juntos para alcançar este objetivo. Há alguma beleza nisso também. Então, esperemos poder fazer isso na Red Bull no ano que vem”, concluiu Jos.

Sem Verstappen, a Mercedes só conseguiu encaixar dois jovens no grid da Fórmula 1 em 2016 por meio da parceria com a equipe Manor. Pascal Wehrlein fez a temporada completa depois de ter conquistado o título do DTM um ano antes pela marca alemã, e Ocon, que havia sido campeão da GP3, chegou ao programa da Mercedes em 2016 para debutar na Fórmula 1 meses depois fazendo as nove últimas corridas daquele ano.

Wehrlein não teve vida longa na Fórmula 1. Preterido pela equipe alemã, que optou por Valtteri Bottas para ocupar o lugar de Rosberg, Pascal ficou só até 2017 na categoria. Ficou mais um ano vinculado ao programa da Mercedes, mas saiu em 2018 para integrar o grid da Fórmula E. Hoje, o alemão de 26 anos é piloto da Porsche na categoria dos carros elétricos. Ocon também não teve maiores chances na Mercedes, a não ser em alguns testes. O francês encerrou sua temporada de retorno à F1 depois de ter conquistado um pódio pela Renault no GP de Sakhir. O jovem com mais possibilidades hoje na Mercedes é George Russell, que substituiu Hamilton em Sakhir, quase venceu a corrida, mas tem contrato para ser titular da Williams em 2021.

Desde sua estreia na Fórmula 1, Verstappen construiu uma carreira de enorme sucesso. Foi o mais jovem piloto a vencer uma prova no Mundial, com 18 anos, 7 meses e 15 dias, no GP da Espanha de 2016, já na Red Bull, e ostenta números impressionantes para quem hoje tem pouco mais de 23 anos: 10 vitórias — sendo a última no GP de Abu Dhabi que fechou a temporada 2020 —, 10 voltas mais rápidas e 42 pódios. Nesta estatística, Max já é o 22º piloto com mais troféus na história da Fórmula 1.

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