Um dos temas do momento na F1 é a
nova tabela de pontos para obtenção da superlicença. No último dia 10, a FIA revisou a pontuação que havia definido logo no início do ano, mas, mesmo corrigindo alguns quesitos importantes, segue dando margens a questionamentos.
Na nova tabela de pontos – já válida para a temporada 2016 –, a GP2, a F3 Europeia, a Indy e o WEC estão junto de uma ainda inexistente F2 como as categorias que mais rendem pontos aos pilotos. A World Series e a GP3 vêm abaixo, deixando claro que, para a FIA, não têm o mesmo peso das categorias de base citadas acima.
Relembrando quais são os critérios atuais para a obtenção da superlicença: ter 18 anos de idade completos, carteira de motorista e pelo menos 40 pontos acumulados nos três anos anteriores.
Contexto da criação do sistema de pontos:
As novas
regras criadas pela FIA surgem em janeiro, antes mesmo da estreia de Max Verstappen, holandês de 17 anos que ficou em terceiro na F3 Europeia em 2014 e assinou com a Toro Rosso. Diante de uma chuva de críticas, a entidade resolve regulamentar 18 anos como idade mínima a partir de 2016 – garantindo o recorde de mais novo, assim, para Verstappen – e, para confirmar que os pilotos não chegarão despreparados, estipula 40 pontos como marca a ser atingida por quem quiser tirar a superlicença.
Contudo, assim que foi lançado o novo sistema, os questionamentos começaram. Categorias importantes como o DTM e o WTCC não apareciam na lista, a World Series era equiparada à GP3 e a GP2 perdia espaço para a F2, que sequer existe.
A FIA, então, deu uma resposta aos críticos que alegavam que Verstappen seria um risco para a F1, mas não escapou da confusão, apostando todas as suas fichas na F2 e deixando a World Series em posição pouco privilegiada.
Max Verstappen vai seguir sendo o piloto mais novo na F1 (Foto: AP)
As reações ao sistema criado em janeiro:
Entre os pilotos, os mais contundentes nas críticas foram
Gary Paffett e
David Coulthard. Para ambos, o sistema da FIA era falho e a decisão de deixar o DTM de fora, absurda.
Coulthard não parou por aí. Além de exaltar o “campeonato extremamente profissional” do DTM, mostrou não entender como a F2 seria a principal categoria mesmo sem ter começado.
Sebastian Vettel foi além. Para o alemão, o talento nos jovens pilotos é visível em qualquer categoria que estejam.
Em meio às críticas, a FIA confirmou que o sistema de pontos poderia sofrer ajustes. E assim foi na última sexta-feira (10), durante a reunião do Conselho Mundial no México.
Sebastian Vettel não gostou da ideia das regras para obtenção da superlicença (Foto: AP)
O lançamento do sistema ajustado e novos questionamentos:
A FIA reajustou a tabela de pontos e cedeu aos pedidos da World Series – subindo um pouco a pontuação da categoria – e também do DTM, colocando a categoria – e também o WTCC – na lista das pontuáveis.
Estamos em julho e a F2 ainda é uma incógnita. De qualquer forma, é ela quem segue encabeçando a lista das categorias que mais dão pontos. Hoje, os três primeiros colocados já garantiriam os 40 pontos em apenas um ano.
Caso a F2 seja independente e a GP2 siga, campeão e vice da GP2 também se garantem. Também somam agora 40 pontos em um ano os campeões da Indy, da LMP1 do WEC e da F3 Europeia.
“Eles precisam aprender a se respeitar”, disse Emerson.
“Faltou um pouco de respeito dos pilotos, porque, como os carros são tão seguros, não se pensa tanto no risco. Mas eu acho que o nível dos pilotos é bom, e em Norisring e Spa já melhorou um pouco”, disse ao GRANDE PRÊMIO.
Pietro também defendeu a F3, prestigiada no sistema de pontos da FIA.
“A F3 é o campeonato de base de monopostos mais competitivo do mundo”, garantiu.
Assim está a tabela revisada pela FIA:
|
1º |
2º |
3º |
4º |
5º |
6º |
7º |
8º |
9º |
10º |
F2 |
40 |
40 |
40 |
30 |
20 |
10 |
8 |
6 |
4 |
3 |
GP2 |
40 |
40 |
30 |
20 |
10 |
8 |
6 |
4 |
3 |
2 |
F3 EUROPEIA |
40 |
30 |
20 |
10 |
8 |
6 |
4 |
3 |
2 |
1 |
WEC LMP1 |
40 |
30 |
20 |
10 |
8 |
6 |
4 |
3 |
2 |
1 |
INDY |
40 |
30 |
20 |
10 |
8 |
6 |
4 |
3 |
2 |
1 |
WORLD SERIES |
35 |
25 |
20 |
15 |
10 |
7 |
5 |
3 |
2 |
1 |
GP3 |
30 |
20 |
15 |
10 |
7 |
5 |
3 |
2 |
1 |
0 |
SUPER FORMULA |
25 |
20 |
15 |
10 |
7 |
5 |
3 |
2 |
1 |
0 |
WTCC |
15 |
12 |
10 |
7 |
5 |
3 |
2 |
1 |
0 |
0 |
DTM |
15 |
12 |
10 |
7 |
5 |
3 |
2 |
1 |
0 |
0 |
INDY LIGHTS |
15 |
12 |
10 |
7 |
5 |
3 |
2 |
1 |
0 |
0 |
F4 NACIONAL FIA |
12 |
10 |
7 |
5 |
3 |
2 |
1 |
0 |
0 |
0 |
F3 NACIONAL |
10 |
7 |
5 |
3 |
1 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
F-RENAULT 2.0 |
10 |
7 |
5 |
3 |
1 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
CIK-FIA SENIOR |
5 |
3 |
2 |
1 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0
|
Pilotos de destaque que não podem solicitar a superlicença para 2016:
Com os novos critérios, alguns pilotos que vêm se destacando no automobilismo mundial em 2015 e nos últimos anos não podem solicitar a superlicença para 2016.
Matthieu Vaxivière: Destacando-se por ótimas apresentações em 2015 e segundo colocado da temporada atual da World Series com 140 pontos, 26 a menos que Oliver Rowland, o francês foi oitavo da mesma categoria em 2014, portanto, tem apenas três pontos. Caso seja campeão da World Series, soma 38.
Luca Ghiotto: Líder da temporada da GP3, o italiano tem apenas sete pontos relativos ao vice-campeonato da F-Renault 2.0 em 2013. Portanto, caso seja campeão, fica com 37.
Pascal Wehrlein: Grande promessa do automobilismo alemão e piloto reserva da Mercedes, Wehrlein tem apenas um ponto pelo oitavo lugar no DTM em 2014 e dez pelo vice-campeonato da F3 Europeia em 2012. Assim, chega a só 26 caso se sagre campeão.
Marco Wittmann: Atual campeão do DTM, Wittmann é outro prejudicado pela baixa pontuação da categoria de turismo alemã na tabela da FIA. Mesmo que conquiste o bicampeonato, o germânico vai apenas aos 31 pontos.
Christian Vietoris: Com boas passagens na GP2 e também no DTM, Vietoris é mais um que não tem como chegar aos 40 pontos este ano. O alemão vem de dois quarto lugares, ou seja, 14 pontos atualmente, podendo chegar aos 29 caso seja campeão em 2015.
José María López: Marchando a passos largos para o bicampeonato no WTCC, o argentino já tem 32 anos e está bem estabelecido no turismo. Mesmo assim, não poderia tirar a superlicença se quisesse, já que vai para 30 pontos.