Da quilometragem aos tempos de volta, os cinco grandes tópicos dos testes da F1

Quem andou mais? Quem andou melhor? Quais são as novidades nos carros e como isso afeta a divisão de forças? A pré-temporada da F1 trouxe consigo perguntas que ainda estão longe de ser respondidas, mas o GRANDE PRÊMIO tenta mesmo assim

A Fórmula 1 voltou! A primeira semana de testes chegou ao fim após três dias de atividades em Barcelona. Foi tempo para que as equipes entendessem melhor o funcionamento dos carros, isso enquanto imprensa e público começam a se desdobrar para entender como ficará a divisão de forças na temporada 2020.
 
A pré-temporada sempre é um momento empolgante, mas com resultados que podem ser enganosos. É por isso que se precisa de cautela, mesmo que comece a ficar claro que a Mercedes tem alguma espécie de vantagem no ano em que busca o sétimo título consecutivo na F1.
 
Para fazer uma análise mais profunda, o GRANDE PRÊMIO separou os aspectos mais importantes da primeira semana de testes. Da alta quilometragem aos tempos de volta, passando por aspectos do pelotão intermediário, são cinco tópicos que já começam a dar o que falar no paddock.
A primeira semana de testes chegou ao fim (Foto: Renault)

Voltas até dizer chega

 
A pré-temporada é, muito mais do que um teste de performance, uma prova de resistência. Superar a marca de 100 voltas em um só dia costuma ser mais importante do que fazer um tempo arrasador. A alta durabilidade dos componentes do carro indica não somente uma confiabilidade de respeito, mas também permite acumular muitos dados para fazer as correções necessárias em possíveis pontos fracos.
 
Nesse sentido, os aplausos vão para a Mercedes. Foram 494 voltas em três dias para um W11 que essencialmente não rendeu problemas mecânicos. Mas os prateados não foram os únicos abençoados, com a Red Bull também fazendo um trabalho muito digno ao somar 478 giros, apenas 16 a menos.
 
No extremo oposto da tabela, alguns números interessantes. Haas e Williams foram as duas piores equipes, respectivamente com 316 e 324 voltas. Como se vê, ainda são números razoáveis, indicando que os carros não são necessariamente de baixíssima confiabilidade. Surpresa mesmo é a oitava pior equipe: a Ferrari, que só deu 354 giros após uma quebra de motor no terceiro dia.

1

Mercedes

494

2

Red Bull Honda

478

3

Alfa Romeo Ferrari

424

4

McLaren Renault

423

5

AlphaTauri Honda

384

6

Renault

380

7

Racing Point Mercedes

371

8

Ferrari

354

9

Williams Mercedes

324

10

Haas Ferrari

316

 
Já era rápido, mas agora ficou mais
 
O regulamento não mudou, mas os carros estão evidentemente mais rápidos. O processo de desenvolvimento em cima dos modelos de 2019 surte efeitos claros, com Valtteri Bottas precisando de apenas três dias em 2020 para superar o melhor tempo da pré-temporada de um ano atrás, que contava com oito dias. Diversos pilotos se surpreenderam e já concordam: é possível que tenhamos uma série de recordes quebrados conforme a temporada avance.
 

Os pilotos que melhor andaram foram, sem surpresas, os dois da Mercedes. Valtteri Bottas surgiu em primeiro e Lewis Hamilton em segundo na tabela agregada de tempos da pré-temporada. Valtteri, aliás, está apenas 0s3 distante de alcançar o tempo da pole do GP da Espanha de 2019, que tem chances reais de ser superado nos próximos dias. Só não dá para cravar que os prateados são mesmo os mais rápidos de todos porque Red Bull e Ferrari ainda não andaram para valer.

1

V BOTTAS

Mercedes

1:15.732

 

221

C5

2

L HAMILTON

Mercedes

1:16.976

1.244

273

C5

3

K RÄIKKÖNEN

Alfa Romeo Ferrari

1:17.091

1.359

134

C5

4

E OCON

Renault

1:17.102

1.371

190

C4

5

L STROLL

Racing Point Mercedes

1:17.338

1.606

168

C4

6

S PÉREZ

Racing Point Mercedes

1:17.347

1.615

203

C3

7

D KVYAT

AlphaTauri Honda

1:17.427

1.695

178

C4

8

A GIOVINAZZI

Alfa Romeo Ferrari

1:17.496

1.764

231

C4

9

M VERSTAPPEN

Red Bull Honda

1:17.516

1.784

254

C3

10

D RICCIARDO

Renault

1:17.574

1.842

190

C3

11

P GASLY

AlphaTauri Honda

1:17.783

2.051

206

C2

12

C SAINZ JR

McLaren Renault

1:17.842

2.111

237

C2

13

A ALBON

Red Bull Honda

1:17.912

2.181

217

C2

14

S VETTEL

Ferrari

1:18.154

2.422

173

C4

15

G RUSSELL

Williams Mercedes

1:18.168

2.436

189

C3

16

C LECLERC

Ferrari

1:18.289

2.557

181

C3

17

R GROSJEAN

Haas Ferrari

1:18.380

2.648

206

C3

18

N LATIFI

Williams Mercedes

1:18.382

2.651

135

C4

19

R KUBICA

Alfa Romeo Ferrari

1:18.386

2.654

59

C3

20

L NORRIS

McLaren Renault

1:18.454

2.722

186

C3

21

K MAGNUSSEN

Haas Ferrari

1:18.466

2.734

110

C3

Ainda mais colado
 
Parece que ano após ano se fala que o pelotão intermediário está mais colado do que nunca. Muitas vezes isso cai na casa do lugar comum, mas é possível que seja verdade dessa vez. Na maior parte do tempo menos de 2s separaram o tempo do líder do tempo do lanterninha. O que importa aqui não é saber a distância da Mercedes para a Williams, mas sim prestar atenção na diferença da McLaren ou Racing Point para a Williams.
 
Será muito difícil fazer previsões concretas sobre o destino das equipes médias se estas ficarem separadas por 1s. Isso significaria que mudanças de acerto ou mesmo a pilotagem podem determinar um ida ao Q3 ou um resultado no top-10. E, ao fim do ano, alguns milhões a mais ou a menos na conta bancária, dada as diferenças na premiação.
Um pelotão intermediário mais apertado? É possível (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)

E esse DAS, hein?

 
A grande novidade da F1 para 2020 já é o Dual Axis Steering, o DAS, utilizado pela Mercedes. O dispositivo que faz o volante se mexer também para a frente ou para trás foi o grande assunto do segundo dia de testes. Em um primeiro momento o motivo era a possível ilegalidade do componente: ninguém sabia ao certo se a FIA engoliria um componente que permite mudanças de cambagem controladas pelo piloto.
 
Só que a FIA deu as caras, e logo para dizer que o sistema só será banido em 2021. Em outras palavras, salvo reviravolta, a Mercedes está liberada para usar o DAS em 2020. E isso nos trouxe para outro momento: um em que equipes foram questionadas sobre a possibilidade de desenvolver o equipamento ao longo do ano. Mattia Binotto, chefe da Ferrari, disse que, caso optasse por seguir tal direção, só seria possível aplicar a novidade por volta do meio do ano.
A Mercedes tirou um coelho da cartola? (Foto: Mercedes)

Tem carro clone no grid

 
Uma polêmica que vai ainda mais fundo quando o assunto é legalidade e cumprimento do regulamento é a relação cada vez mais próximo de equipes de ponta com equipes médias. Isso ficou notório quando o RP20 da Racing Point surgiu com traços muito parecidos com os do Mercedes W10 de 2019. Uma análise mais aprofundada mostra também que as novas AlphaTauri e Haas também carregam elementos respectivamente da Red Bull e Ferrari.
 
Isso, óbvio, levou a comentários das equipes que não foram abençoadas com tal ajuda. A McLaren, por exemplo, tem tanto Carlos Sainz Jr. e Lando Norris indicando que não estão lá muito satisfeitos em ver equipes rivais sendo beneficiadas.
 
Ainda não se sabe até que ponto será benéfica a ajuda entre equipes, mas certamente é algo que vai dominar o noticiário nas próximas semanas. Isso até a FIA determinar o que é possível e o que não é quando o assunto é troca de peças e informações entre rivais.
 

GRANDE PRÊMIO cobre AO VIVO, em TEMPO REAL e 'in loco' os testes de pré-temporada da F1 em Barcelona com o repórter Vitor Fazio. Siga tudo aqui.  

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