Diretor-técnico da FIA já reconhece que monopostos vão ter cobertura de cockpit para reduzir risco de lesões aos pilotos

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Diretor-técnico da FIA, Charlie Whiting está convencido de que o cockpit fechado será, de fato, introduzido em algum momento nas competições de monopostos pelo mundo. A entidade máxima do esporte a motor já está se preparando para uma nova rodada de testes para avaliar uma cobertura para os carros. E as atividades devem acontecer já no próximo mês.

A morte de Justin Wilson, na última segunda-feira (24), depois de ser atingido na cabeça por destroços do carro de Sage Karam, que sofreu um acidente na parte final da corrida em Pocono, serviu para retomar as discussões sobre como proteger melhor a cabeça do piloto, a parte mais vulnerável em um carro de fórmula.

Nos últimos anos, dois exemplos chamaram a atenção para a fragilidade dos monopostos. Em 2009, Felipe Massa foi atingido na cabeça por uma peça que escapou do carro de Rubens Barrichello, que vinha à sua frente, durante o treino classificatório para o GP da Hungria. O brasileiro, apesar da violência da pancada, conseguiu se recuperar totalmente.

O diretor de prova Charlie Whiting  falou sobre os estudos da FIA (Foto: AP)

No mesmo ano, o jovem Henry Surtees perdeu a vida depois de um acidente durante a F2 em Brands Hatch. O filho de John Surtees foi atingido, também na cabeça, por uma roda do carro de Jack Clarke, que escapou da pista e bateu no muro. O britânico não resistiu e morreu devido aos ferimentos.

Alguns projetos iniciais tem como ponto de partida o desenho de um cockpit de um avião caça, mas a grande preocupação dos projetistas está na remoção segura do piloto em caso de acidentes, além da perfeita visibilidade.

Em entrevista ao site da revista inglesa 'Autosport', Whiting confirmou os estudos e disse que a FIA está avaliando dois projetos no momento. "Estamos trabalhando nisso há alguns anos e chegamos a uma série de soluções durante os testes, mas algumas surgem com mais sucesso que outras", afirmou o inglês. "Tivemos um desenho de uma cabine de um avião caça, mas as desvantagens foram significativas frente aos benefícios", completou.

"Temos também um projeto realmente muito feio de uma estrutura que poderia ser instalada na frente do piloto, mas a pilotagem fica comprometida, especialmente por conta da pouca visibilidade", acrescentou o diretor de provas.

Mesmo com os reveses, a FIA continua estudando e promovendo melhorias. "Na verdade, tem sido muito, muito difícil encontrar uma solução satisfatória. Mas nós temos duas outras propostas e uma delas é da Mercedes", revelou.

"No desenho, o recurso não cobre o piloto, você ainda pode retirá-lo por cima, o que é a coisa mais importante. É apenas um arco acima da cabeça dos pilotos e na frente deles. Nós também estamos avaliando uma segunda ideia, que trata de uma série de lâminas verticais de diferentes alturas, colocadas na frente do cockpit e que serviriam para desviar os detritos e também não impediriam a saída do piloto."

Justin Wilson nos tempos de Minardi (Foto: Toro Rosso)

Apesar das ideias e dos testes, Whiting reconheceu que a FIA precisa colocar mais esforço para encontrar uma solução que garanta uma proteção maior aos pilotos. "Temos de gastar muito tempo com isso, esforço e pesquisa neste projeto, que não será fácil, na verdade", avisou.

"Mas acho que, definitivamente, em algum momento isso vai acontecer. Um dia teremos de lançar mão disso para reduzir o risco de lesões nos pilotos. Se essa solução será por meio de uma cobertura como as de aviões caça, eu duvido, mas vai proteger. Temos de ser perseverantes e temos de fazer alguma coisa, mesmo que não seja 100% seguro para todas as circunstâncias. Deve haver alguma maneira", encerrou.