Ecclestone volta a pedir motores “menos complicados” e brada: “Vamos rasgar o regulamento e começar tudo de novo”

Bernie Ecclestone entende que o regulamento atual impede que montadoras como a Toyota possam voltar à F1. O britânico disse que gostaria de ver uma fábrica como a Cosworth, que foi fundamental ao fornecer propulsores mais baratos às equipes com menor poderio financeiro na categoria. E deixou bem claro que, se pudesse, começaria tudo do zero

Uma hora antes da largada do GP da Inglaterra, talvez a melhor e mais empolgante corrida já disputada na F1 em 2015, Bernie Ecclestone concedeu uma entrevista ao diário britânico ‘The Guardian’. Em meio aos debates em torno da capacidade atual da categoria de empolgar o torcedor e ser mais viável às equipes e montadoras envolvidas, o chefe supremo do esporte voltou a falar que não concorda com o atual padrão dos motores turbo V6 da F1. Mais do que isso, Bernie disse que, se tivesse poder para tal, gostaria de “rasgar o regulamento e começar tudo de novo”, mas lamentou que o presidente da FIA, Jean Todt, opte por uma postura mais democrática na forma de gerir a categoria.

Como costuma proceder, Bernie não economizou nas palavras ao criticar a atual configuração da F1. “Se eu tivesse um pedacinho de folha em branco, a primeira coisa que eu gostaria de fazer seria um motor que não fosse tão complicado quanto o que temos hoje. Nós precisamos de outra Cosworth para fornecer às equipes”, lembrou.

A Cosworth, fundada pela Ford, já forneceu motores para inúmeras equipes da F1 a um preço mais barato, ajudando times com menor poderio financeiro na difícil tarefa de se manter no grid. Mais recentemente, a fábrica entregou seus propulsores às três equipes que estrearam na F1 em 2010: HRT, Virgin — que hoje é Manor Marussia — e a Lotus, rebatizada com Caterham. A Cosworth deixou o esporte no fim de 2013, quando os motores turbo V6 foram adotados pelo esporte.

Ecclestone voltou a falar que não está nada satisfeito com a F1 atual e propôs "começar tudo do zero" (Foto: Getty Images)

“Se nós tivéssemos um motor mais simples, isso poderia atrair outras pessoas que quisessem fazer motores. Veja a Toyota. Quem sabe, talvez, não poderia se interessar em voltar à F1. Mas não há chances de eles voltarem com esta unidade de força. Eles sabem que eles enfrentariam muitas dificuldades antes de começarem. Se a Ferrari está em dificuldades, qual a chance que eles teriam de enfrenta-las?”, indagou.

Ecclestone também deixou claro que não enxerga na F1 atual um esporte atraente. Não apenas pelo fato de uma equipe estar dominando, mas também pela difícil configuração técnica. “A Mercedes tem uma super equipe, um super motor que é uma peça incrível de engenharia. Mas se você e eu irmos para as arquibancadas e perguntar a um espectador: ‘Quantos cilindros tem este motor?’, uma ou duas responderão corretamente. E então, você pergunta a eles qual a potência deles. Eles não sabem, e eles não ligam.”

“Eles querem ver a Williams vencendo, a Ferrari vencendo, a Red Bull vencendo, querem ver todo mundo ter chance de vencer. No momento, pessoas como Vijay [Mallya] na Force India gastando muita grana e tendo zero de chance de vitória. Então vamos rasgar o regulamento e começar tudo de novo”, bradou.

Outro ponto abordado por Bernie foi a respeito da dificuldade em pilotar um carro de F1 nos dias de hoje. O britânico de 84 anos disse que colheu opinião dos pilotos do grid e disse que o descontentamento é geral. “Falei com muitos dos caras, e eles disseram a mesma coisa: ‘Isso não está mais divertido. Quando você acelera o carro e você ouve alguém dizer ‘seja cauteloso, você tem pode ficar sem gasolina’. Nós não somos um esporte de economia de combustível.”

“Pessoas me disseram outro dia que estamos seguindo por um caminho em que qualquer um pode guiar esses carros. Uma criança conseguiria guia-lo, ou qualquer um que tenha um PlayStation e possa ouvir as instruções conseguiria”, falou Ecclestone, insatisfeito com a gestão democrática de Jean Todt. “O problema é que nós temos na FIA um presidente que quer que todos concordem. E isso não é possível. Nós não queremos ter de ter um comitê antes de você para alguma coisa”, concluiu.

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