Em um dos últimos discursos, Montezemolo exige F1 menos complicada: “Precisamos de regras simples”

O agora ex-presidente da Ferrari transformou o motorhome do time em um palanque em Monza para fazer um dos derradeiros discursos a respeito das visões que tem sobre a F1. Em suma, acredita que a categoria precisa dar alguns passos atrás para voltar a caminhar para a frente

A F1 viu, no sábado em Monza, um dos últimos discursos de Luca di Montezemolo como presidente da Ferrari. Desde a semana passada, falava-se que o GP da Itália de 2014 seria o derradeiro do italiano no cargo que assumiu em 1991, três anos após a morte de Enzo Ferrari, com a missão de botar ordem na casa. Esperava-se um anúncio — que não aconteceu. Na verdade, ele negou a intenção de deixar a escuderia — saída que foi confirmada nesta quarta-feira (10). Mas o dirigente aproveitou o palanque para, com toda a sua oratória, reforçar alguns dos seus posicionamentos a respeito do Mundial de F1.

Montezemolo discursou para um considerável contingente de jornalistas em frente ao motorhome da Ferrari — não caberia o povo todo lá dentro. O dirigente ficou no topo da pequena escada, de dois degraus, acima de todos. Sem microfones, foi no gogó, mesmo, em inglês e italiano.

Não tinha como ele parecer mais político. Aliás, a política é uma das coisas que está em seu sangue. Luca faz parte do partido Scelta Civica, fundado em 2013, já foi presidente de uma federação industrial e de uma universidade de ciências sociais. Além disso, foi presidente da Maserati entre 1997 e 2005 e da própria Fiat — tudo isso enquanto presidente da Ferrari. E foi um dos fundadores, em 2006, de uma empresa do ramo ferroviário, a NTV (Nuovo Transporto Viaggiatori). No passado, também dirigiu a empresa de bebidas Cinzano e comandou o Comitê Organizador da Copa do Mundo da FIFA de 1990, que aconteceu em solo italiano.

Montezemolo defende regras mais simples na F1 (Foto: Ferrari)

A pouco mais de um mês de deixar a Ferrari — entregará a cadeira para Sergio Marchionne em 13 de outubro —, o executivo de 67 anos tornou a defender a liberação dos testes, medidas que aproximem o público do espetáculo e que promovam uma competição mais simples, e fazer com que o Mundial volte a ser um laboratório para as montadoras.

De acordo com Montezemolo, o primeiro passo deve ser simplificar as regras. “Precisamos colocar os fãs e os entusiastas que assistem às provas pela TV também no centro do palco, nas arquibancadas dos autódromos. Portanto, a prioridade é colocar em prática regras simples que o público ache fáceis de entender. Temos de voltar a canalizar a emoção para a F1 e deixar claro que esse esporte também é uma forma de pesquisa”, declarou.

“Se alguém não quer testar, então que não teste. Se alguém tem excelentes simuladores, ninguém é obrigado a ter também, mas essa tendência precisa parar. Sim, o controle dos custos é necessário, mas neste ano tivemos de fazer os motores mais caros da história”, criticou.

“Nós precisamos de regras menos difíceis, menos complicadas. E precisamos trabalhar com os acionistas da F1, os patrocinadores, a televisão, a mídia e os promotores para tentar fazer algo que melhore a promoção, o marketing e que atraia a atenção dos mais jovens”, sentenciou.

No mundo da política, apoios são importantes. E Montezemolo revelou quem são os poderosos que estão do seu lado: “Recebi o apoio de Jean Todt e Bernie Ecclestone. Ao mesmo tempo, estamos também trabalhando mais em equipe para voltar ao topo.”

Como presidente da Ferrari, Montezemolo conquistou impressionantes 14 títulos mundiais — seis de Pilotos e oito de Construtores. Deu conta de botar ordem na casa e montou um time extremamente vencedor com o mesmo Jean Todt, Ross Brawn e Michael Schumacher como pilares da escuderia.

E também obteve bons resultados no âmbito automotivo, tanto que isso foi elogiado por Marchionne, diretor-executivo da Fiat Chrysler, no início desta semana. O último grande lançamento da marca sob a tutela de Luca di Montezemolo foi a LaFerrari, em 2013, carro ao qual ele sempre se referiu mostrando bastante orgulho.

Apesar da queda de rendimento da escuderia nas pistas nos últimos anos, contudo, dá para dizer que Montezemolo saiu pela porta da frente. Diante de tudo o que conquistou, o jejum que já dura seis anos não basta para que sua imagem saia arranhada.

Agora, o italiano vai decidir se assume a presidência de outra companhia: da Alitalia, companhia aérea italiana que recentemente passou por uma fusão com a Etihad — negociação que ele intermediou nos últimos meses.

 A saída de Montezemolo é imprescindível para que a Ferrari volte a vencer? 



As imagens de Luca di Montezemolo
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