Era Racing Point começa ruim, mas continuidade do grupo de sucesso é alento

O primeiro ano do novo caminho da Racing Point não tem o sucesso da Force India, nem sequer perto disso. Mas quase todas as figuras que comandaram aquele sucesso seguem nas posições de poder, o que dá um otimismo para o futuro. O futuro dos pilotos vai dizer muito sobre os planos de Lawrence Stroll

Qual o diferencial que a Force India mostrava em relação às concorrentes possíveis nas temporadas em que obteve tanto sucesso no pelotão intermediário? Não era dinheiro, já que a crise era de longa data, mas continuidade, competência e boas estratégias. Além, claro, de boa pilotagem. Após metade da sua primeira temporada de fato, a Racing Point não consegue repetir o sucesso.
 
Vijay Mallya era o dono e carregava o título de chefe de equipe, mas era praticamente e cada vez mais uma rainha da Inglaterra. Então os poderes caíam nas mãos dos diretores e, com a exceção de Bob Fernley – que teve um fracasso retumbante no trabalho seguinte, como coordenador do projeto da McLaren na Indy 500 – todos resistiram à venda da equipe. 
 
Fernley era o chefe-adjunto e Otmar Szafnauer ocupava o cargo de diretor-esportivo. Após o consórcio Racing Point, que tem Lawrence Stroll no comando, comprar a equipe, em meados de 2018, Fernley perdeu o emprego e Szafnauer foi alçado à chefia. O romeno, aliás, é um dos exemplos mais claros da continuidade da equipe: está lá desde 2009.
Sergio Pérez (Foto: Racing Point)

Desde 2010 a Force India perdera os ares de equipe nanica e cresceu. Ficou com a sétima colocação do Mundial de Construtores nas temporadas 2010 e 2012, terminou na sexta posição em 2011, 2013 e 2014, alcançou o quinto posto em 2015 e fechou num antes inimaginável quarto lugar em 2016 e 2017 – à frente de McLaren e Renault, fábricas de muito maior orçamento. 

 
Em 2018, os pontos conquistados antes da venda foram apagados – 12 corridas jogadas fora. Mesmo com a pontuação apenas das últimas nove provas, o sétimo lugar. Somando os pontos de antes e depois, seria suficiente para o quinto posto. Impressionante levando em conta a turbulência.
 
Enquanto Stroll Pai promete mais funcionários e uma nova fábrica, o primeiro carro da Era Racing Point não nasceu tão bem. É fundamental que a linha de produção de bólidos acerte a mão no carro que nasce, porque correr atrás do próprio rabo não é algo possível para times de F1 com orçamento modesto. 
 
Outro ponto está nas estratégias. Durante os últimos anos de Force India, a equipe foi a que melhor deu pulos do gato em todo o pelotão intermediário. O ponto positivo é que, embora o padrão não esteja sendo repetitivo sempre, o GP da Alemanha apresentou um desses pulos. Lance Stroll, que nem teve uma exibição tão exuberante, foi ao pódio no terceiro lugar.
Lance Stroll (Foto: Racing Point)

Com um ano sem turbulências para trabalhar, o grupo comandado por quase as mesmas pessoas que antes – Szafnauer, Andrew Green [diretor-técnico], Andy Stevenson [diretor-esportivo] e Tom McCullough [diretor de engenharia], por exemplo, nos cargos esportivos – conhece bem o caminho para o futuro. 

 
O crédito desse grupo ainda faz com que a Racing Point tenha corda para sofrer uma temporada errática e ainda seja pouco criticada. O ano difícil casa ainda com o crescimento da McLaren, a melhora da Alfa Romeo com relação aos tempos de Sauber e o melhor carro da Toro Rosso desde 2008. No momento, a Racing Point tem 31 tentos e deixa a desejar, mas tem uma base construída na qual pode se espelhar.
 
O otimismo sobre o futuro escora os problemas do presente, ainda que Lance Stroll – com quem a equipe certamente vai encarar o futuro – não seja Sergio Pérez, Nico Hülkenberg ou Esteban Ocon, o trio de pilotos que guiou estes carros desde 2014. Ainda não se sabe o que será de Pérez e, caso o mexicano deixe o time, que tipo de substituto a Racing Point vai buscar. É obviamente importante que haja uma escolha que envolva pilotos capazes de sentirem bem o carro e os problemas que tem nas mãos, além, claro, de aproveitar os predicados.
 
É um momento fundamental na história da Racing Point, que precisa definir se continua com as boas práticas esportivas do passado recente ou se desmantela tudo e tenta uma nova sorte para o futuro.

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