Ex-presidente da FIA, Mosley cobra pulso firme de Todt e volta a defender teto orçamentário na F1

Em meio a disputa que vai sendo travada entre a FIA e as equipes pelo comando da F1, Max Mosley ironizou a vontade dos times de se unir contra a entidade, mas diz que Jean Todt precisa ser mais combativo se quiser impor sua vontade: “Às vezes, você precisa bater de frente”

O sempre polêmico Max Mosley voltou a dar as caras. Em entrevista ao canal de TV britânico Sky Sports F1 na noite desta sexta-feira (19), o ex-presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) disse que Jean Todt tem de ser mais duro na disputa por poder que vem travando com as equipes. O inglês também voltou a defender seu plano de estabelecer um teto orçamentário para a F1, que quase provocou um racha e o surgimento de um campeonato dissidente em 2009.

Presidente da entidade máxima do automobilismo entre 1993 e 2009, Mosley apoiou Todt como seu sucessor no comando da FIA. Durante o período em que foi o homem-forte do órgão regulador da F1, ele travou inúmeras batalhas com as equipes e saiu vitorioso em boa parte delas, mas acabou duramente derrotado no último ano de seu mandato.

Mosley nunca foi unânimidade enquanto esteve no comando da FIA (Foto: Red Bull/Getty Images)

Mosley, frequentemente acusado de agir de maneira ditatorial, não demonstrou insatisfação com o modo como Todt vai levando as coisas. Apenas disse que o francês possui um estilo completamente diferente de lidar com as situações. “O quão efetivo é, não dá para dizer”.

No momento, os times protestam contra a FIA por conta do desejo da entidade de reduzir a participação dos construtores na Comissão da F1, pelo aumento das taxas de inscrição no Mundial e por discordânicas com relação ao RRA, sigla em inglês para o Acordo de Restrição de Gastos. Para o ex-presidente, Todt precisa ter pulso firme nessas negociações.

“Talvez ele esteja um pouco relutante em confrontar [as equipes]. Ele busca um consenso. É bom ter um consenso, mas, às vezes, você precisa pegá-los para fazer algo”, avaliou Mosley. O advogado relembrou a batalha que travou com as equipes em 2003, quando decidiu banir os motores de classificação e os carros-reserva, já pensando em deixar a categoria menos cara. “Os times ficaram furiosos, mas era a coisa certa a se fazer e as pessoas agora concordam”.

Um dos motivos que sempre fez Mosley ser rígido com as equipes é a sua falta de confiança na união das mesmas. Ele considera que organizações como a Fota (associação das equipes) são boas até a página 2, quando os interesses particulares de cada um começam a pesar mais. “A verdade é que as equipes estão competindo umas contra as outras e eu não vejo como elas vão se juntar em prol de um interesse em comum”, criticou.

“Essa é a função do órgão regulador. O RRA deveria ser imposição do órgão regulador. Você, como equipe, realmente vai processar a Red Bull se achar que ela gastou demais?”, indagou o ex-proprietário da equipe March.

O ex-dirigente ainda considera que a implantação do teto orçamentário, em 2009, “seria completamente possível e teria funcionado” como solução para os gastos exorbitantes da F1. Ele admitiu, porém, que não conseguiu impor sua vontade à Ferrari porque devia um favor à escuderia italiana, a única que se opunha ao projeto da FIA, segundo o ex-mandatário. Esse favor é relacionado ao escândalo que foi a publicação de um vídeo de Mosley em uma orgia sadomasoquista de temática nazista pelo tabloide ‘News of the World’, que deixou de circular no ano passado.

“Eu seria capaz de dizer à Ferrari ‘você pode entrar ou não, mas estas serão as regras’, mas eu não pude porque a Ferrari e a Williams foram as duas equipes que me apoiaram quando eu tive aquele problema com o jornal”, consentiu.

Recentemente, sete equipes – McLaren, Mercedes, Sauber, Force India, Caterham, Marussia e HRT – enviaram uma carta a Todt manifestando sua insatisfação com as mudanças que a FIA quer implantar para os próximos anos. Uma reunião está marcada para a próxima terça-feira (23), em Paris, para que uma solução seja encontrada para o impasse vivido. A data final para inscrições para a próxima temporada é 31 de outubro.

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