F1 contrasta tradição e inovação em semana intensa de lançamento dos carros para temporada 2019

Ferrari, Mercedes e Renault, equipes vinculadas a montadoras, mantiveram a tradição nas pinturas dos novos carros para 2019. A Red Bull veio com o arrojo habitual, mas somente para os testes, com uma versão bem diferente do habitual. A Haas se inspirou na Lotus, a Alfa Romeo mostrou uma versão ‘apaixonante’ e a Racing Point surpreendeu. A Williams, por outro lado, apresentou o FW42 de visual duvidoso

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A intensa semana que se vai foi marcada pelos lançamentos dos carros de nove das dez equipes do Mundial de F1 para 2019. Nada que se compare com a suntuosidade de tempos de outrora, mas serviu para aumentar ainda mais a ansiedade do público apaixonado pelo esporte ver pela primeira vez os carros que vão acelerar em 21 circuitos ao redor do mundo a partir de março. Entre a simplicidade da Toro Rosso ao deslumbre da nova rica Racing Point, a Red Bull manteve a tradição de apresentar uma arrojada pintura, a Mercedes prezou pela elegância e eficiência desde o início e a Ferrari apelou para o fator histórico para exibir seu novo modelo vermelho fosco com detalhes em preto e branco.
 
A Haas abriu a minitemporada de lançamentos dias antes das adversárias, em 7 de fevereiro, se inspirando na Lotus e também na sua nova patrocinadora, a Rich Energy, que chega à F1 para concorrer com Red Bull e a Monster Energy no ramo das bebidas energéticas. No visual, a escuderia norte-americana de Kannapolis apresentou o VF19 preto e dourado com um quê de Lotus dos tempos de John Player Special, embora o branco da inscrição da equipe nas laterais do novo carro sirva para dar aquele ar de identidade própria. 
 
Se Romain Grosjean, que já guiou um carro preto e dourado nos tempos da Lotus no início da década, e Kevin Magnussen vão ter nas mãos uma máquina tão competitiva quanto bonita, só o tempo vai dizer. O que parece, à primeira vista, são detalhes inspirados na Ferrari do ano passado, em mais um claro sinal da cooperação entre as duas equipes, que vem desde o nascimento da Haas como time na F1.
A Haas apresentou a pintura para a temporada 2019 da F1 (Foto: Haas)

Se o preto e dourado é quase uma garantia de elegância em um carro de corrida, a Williams andou na contramão e surpreendeu ao apresentar o FW42 com cores e design bem diferente dos últimos anos, quando tinha uma pintura icônica inspirada na Martini, sua patrocinadora entre 2014 e 2018. A desconhecida fabricante chinesa de smartphones ROKiT estampou os espaços principais do novo carro construído em Grove, com a petrolífera PKN Orlen, principal apoiadora de Robert Kubica, também aparecendo no modelo.

 
Mas o que mais chamou a atenção no novo Williams foi o pouco usual esquema de cores para o novo carro. Se a intenção foi de manter o tradicional azul e branco no FW42, o layout trouxe um aspecto de gosto duvidoso, com tons de degradê entre o azul e o branco, parecendo mais como uma propaganda do creme dental Signal. Dias depois do lançamento, apresentado em um evento simples e curto exibido na internet, a Williams mostrou novas fotos do FW42, que se mostrou mais agradável aos olhos com mais luz, mas ainda assim nada capaz de empolgar.
 
Independente do visual, Robert Kubica e George Russell vão ter muito trabalho para ajudar a Williams a dar a volta por cima. Isso porque as outras equipes do pelotão intermediário, como McLaren, Racing Point e Alfa Romeo não medem esforços — e dinheiro — para conseguir sobressair na disputa paralela na F1 B.
O visual diferente do novo Williams FW42 (Foto: Williams)

Na mesma terça-feira do dia do lançamento da Williams, a Toro Rosso também mostrou seu novo modelo para 2019. O STR14 trouxe novidade praticamente zero, ao menos em termos de pintura do carro, que manteve a agradável combinação entre azul, vermelho e prata. Foi um lançamento relâmpago, com um vídeo curtíssimo publicado na internet. Decepcionante para o fã da F1.

 
A principal novidade sobre a equipe de Faenza é mesmo sobre sua dupla de pilotos. Na falta de outro piloto melhor, a Toro Rosso recorreu novamente a Daniil Kvyat, que tem uma raríssima terceira chance de mostrar serviço. ‘Queimado’ duas vezes, quando foi rebaixado da Red Bull para a Toro Rosso — pretexto para a promoção de Max Verstappen — em 2016 e dispensado corridas antes do fim da temporada seguinte, o russo volta ao grid, ainda muito jovem (24 anos) e com potencial para ir além. 
Mais do mesmo: a Toro Rosso veio sem grandes novidades para o STR14 (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)
Ao seu lado, a escuderia italiana trouxe outro piloto que chegou a ser limado do programa da Red Bull, mas mostrou bom trabalho nas categorias de base e se destacou na F2 no ano passado: o tailandês Alexander Albon. Os taurinos precisaram ‘mexer os pauzinhos’ para tirar o piloto da Nissan, com quem tinha contrato para disputar a temporada 2018/19 da Fórmula E.

‘Melhor do resto’ na última temporada, a Renault é um caso diferente das demais citadas acima porque visa dar um salto, saindo do pelotão intermediário para brigar mais à frente com os times do ‘trio de ferro’ da F1: Mercedes, Ferrari e Red Bull. Investimento não falta à fábrica diamante, que abriu o cofre para contratar Daniel Ricciardo, um dos pilotos mais carismáticos e também mais competentes do grid nos últimos anos. O time baseado em Enstone manteve uma base forte, com Nico Hülkenberg ao lado do australiano para 2019.
Renault apresenta a pintura tradicional para o R.S.19 para a temporada 2019 da F1 (Foto: Renault)
O R.S.19 apresentado na última terça-feira (12) não prezou pela novidade, com uma pintura praticamente idêntica em relação ao modelo do ano passado, salvo pelas mudanças aerodinâmicas nos carros da F1 para a atual temporada, como as alterações nas asas traseira e dianteira, tornando o aspecto mais simples, mas também arrojado. O layout é o clássico amarelo e preto, combinação difícil de dar errado.
 
Na apresentação, ficou claro o quanto Ricciardo já traz uma aura diferente e mais leve ao ambiente da Renault, a ponto de até o sisudo Hülkenberg se divertir com as piadas do novo companheiro de equipe. Mas o próprio Daniel vem de um ano em que não teve lá muitos motivos para sorrir, com uma série de azares que se abateu sobre sua temporada derradeira com a Red Bull. Se o dono do carro #3, agora na Renault, vai ter razões para exibir os incontáveis dentes, o início dos testes de inverno é que vai começar a responder.
Valtteri Bottas acelerou o novo Mercedes W10 em Silverstone (Foto: Mercedes)
Depois da Renault, a expectativa maior da semana estava na chamada superquarta, quando três equipes apresentaram seus carros. Mercedes e Red Bull, até por conta da proximidade das suas sedes, em Brackley e Milton Keynes, respectivamente, escolheram o autódromo de Silverstone para completar as primeiras voltas com seus modelos na fria e chuvosa manhã. Antes, as duas equipes mostraram seus carros por meio de fotos na internet. 
 
A Mercedes deixou de lado o mistério sobre uma possível pintura camuflada e fez nascer o W10 com um visual misto do clássico prateado com os detalhes em verde, alusivos à Petronas, e a chuva de estrelas de três pontas na traseira da tampa do motor. O halo, também pintado em prateado, harmonizou com o restante do carro, a ponto de sequer ser perceptível ou chamar a atenção, como no ano passado. O novo carro do pentacampeão Lewis Hamilton e do contestado Valtteri Bottas nasceu visualmente muito bonito.

Se a Mercedes optou pelo clássico, a Red Bull novamente seguiu o caminho do diferente, ao menos na pintura que usou para apresentar o RB15, o primeiro da equipe taurina a ser empurrado pelo motor Honda. Quase como o Homem-Aranha, com a pintura em azul e vermelho, o layouyt foi um dos mais empolgantes e diferentes de todos os exibidos pelas equipes ao longo da semana e empolgou. Ao mesmo tempo, a própria Red Bull tratou de dizer que o visual vale apenas para os testes de pré-temporada, como aconteceu, por exemplo, com o incrível RB11 zebrado que acelerou nas sessões de inverno de Barcelona em 2015.

A inovação foi a marca da Red Bull. Ao menos, para os testes (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)
Coube a Max Verstappen, claramente o primeiro piloto da Red Bull com a saída de Ricciardo, a chance de pilotar o RB15 pela primeira vez. E a primeira impressão foi das melhores, a ponto de o holandês sair do carro sorrindo e satisfeito com o que pôde sentir do conjunto chassi e motor.

A movimentada quarta-feira teve seu desfecho com o lançamento da mais nova equipe da F1, a Racing Point, herdeira do legado da Force India. Diferente de todas as apresentações até então nos últimos dias, o time de propriedade do consórcio liderado por Lawrence Stroll fez uma festa de arromba em Toronto, no Canadá, com direito a 500 fãs convidados, quase 200 jornalistas e os VIPs de sempre.
 
O RP19 foi desfraldado com muita expectativa quanto ao novo visual, que parece ter agradado muita gente. O rosa, oriundo da empresa de tratamento hídrico BWT, ganhou a companhia do azul da empresa queniana de apostas desportivas SportPesa. Ao menos no layout, o novo carro ficou bonito. Mas como diria Enzo Ferrari, carro bonito é o que ganha corridas, e Sergio Pérez falou até em vitórias, enquanto Lance Stroll acredita que o pódio é possível. Com a boa base herdada da Force India, um forte motor Mercedes por trás e mais dinheiro em caixa, não seria surpresa pensar em grandes resultados ao longo do ano.
Tudo novo para a nova Racing Point, que vem de rosa e azul para 2019 (Foto: Racing Point)

Se a quarta-feira foi ‘dividida’ entre três equipes, a quinta-feira foi exclusiva da McLaren, que manteve a cor da moda para seu novo MCL34. Diante de um auditório com aspecto de disco voador em Woking, a vitoriosa escuderia britânica apresentou tudo novo: carro e dupla de pilotos. Carlos Sainz, de 24 anos, e Lando Norris, de apenas 19, revelaram o modelo com o qual vão tentar tirar a McLaren do fundo do grid na temporada passada.

 
O MCL34 chamou a atenção pelo visual arrojado, com detalhes marcantes em azul, e também com a presença das marcas da Petrobras estampadas no carro. Sergio Sette Câmara, novo piloto de testes da escuderia, também fez parte da apresentação, na sua primeira ação oficial com a McLaren nesta temporada.
A McLaren aposta no tradicional laranja em meio a detalhes arrojados no MCL34 (Foto: McLaren)
E enquanto a McLaren exibia com orgulho sua nova joia, com a esperança de ser bonita e vencedora também dentro da pista, a Alfa Romeo fazia uma literal homenagem ao amor para mostrar as primeiras imagens do seu novo carro, ainda sem nome definido, e o colocava na pista de testes da Ferrari, em Fiorano, na Itália, com Kimi Räikkönen ao volante

O modelo da equipe substituta da Sauber surpreendeu com um visual todo diferentão, com o tradicional ‘quadrifoglio’, símbolo da Alfa Romeo, sendo destacado em toda a carenagem, proporcionando uma pintura voltada para o roxo e inspirada no Dia dos Namorados. Também trata-se de uma pintura provisória, apenas para camuflar as novidades do novo carro da Alfa Romeo, que também chamou a atenção para uma solução radical no bico. A expectativa fica mesmo para o que a equipe, que volta à F1 depois de 34 anos, vai apresentar em termos definitivos na próxima segunda-feira, já no pit-lane do autódromo de Barcelona.
A Alfa Romeo fez o shakedown do novo carro em Fiorano (Foto: Federico Basile)
Coube à Ferrari encerrar a semana de lançamentos nesta sexta-feira com a SF90, com o número alusivo ao aniversário de fundação da marca, que vai ser completado em novembro. A cerimônia, marcada para a manhã em Maranello, apelou para a tradição e a história da Ferrari e chegou a proporcionar momentos de sono de quem acompanhava tanto pela internet como ‘in loco’. Demorou, mas finalmente o novo carro foi apresentado por Mattia Binotto, Sebastian Vettel e o jovem Charles Leclerc.
 
Cor que sempre costuma agradar em um carro de corrida, o vermelho ganhou um novo tom mais escuro e fosco, dando um aspecto diferente ao modelo construído em Maranello. As inscrições em preto do seu principal patrocinador, a Mission Winnow, marca da Philip Morris, contrastaram bem com as outras marcas, estampadas em branco, e deram um ar elegante à nova SF90.
A nova Ferrari SF90 (Foto: Ferrari)

Com todos os carros já apresentados ao mundo de uma forma ou de outra, agora todos os esforços se direcionam à Catalunha, palco de duas sessões de pré-temporada, com a primeira sendo realizada entre segunda e quinta-feira. Vai ser em Barcelona que as dez equipes vão ter uma primeira impressão dos novos modelos, buscar confiabilidade, analisar erros e acertos para chegar em condições competitivas no GP da Austrália, daqui a exatamente um mês, em Melbourne.

 
O GRANDE PRÊMIO cobre ‘in loco’ a pré-temporada da F1 em Barcelona com os repórteres Eric Calduch, Evelyn Guimarães e Vitor Fazio, e o fotógrafo Xavi Bonilla. Acompanhe tudo aqui.

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