F1 não tem escolha: “Ou renova com Interlagos ou não terá corrida”, diz promotor

Promotor do GP do Brasil, Tamas Rohonyi entende que, se a Fórmula 1 não renovar o vínculo com o autódromo de Interlagos, vai ficar sem etapa no país. E não vê com bons olhos, dada a importância do mercado brasileiro para a maior das categorias

A Fórmula 1 está garantida no Brasil somente até 2020. Interlagos, que tem sido palco do GP do Brasil desde 1990, já tem um acordo com a organização do Mundial, mas ainda não há um novo contrato formalizado. No meio disso, há um projeto de um autódromo no Rio de Janeiro, que visa levar a corrida para a capital fluminense a partir de 2021. Acontece que, apesar do apoio do presidente Jair Bolsonaro, não existe autódromo na cidade carioca e todo o empreendimento para a construção da nova pista está emperrado. Dessa forma, Tamas Rohonyi, promotor da etapa brasileira da maior das categorias, entende que a F1 não tem escolha: ou renova o vínculo com São Paulo ou não terá corrida no Brasil.
 
Em julho deste ano, Justiça Federal do Rio de Janeiro publicou informe suspendendo o processo de licitação do autódromo de Deodoro. A razão foi a falta de aprovação do estudo prévio de impacto ambiental no local. Em maio último, uma empresa chamada Rio Motorsports venceu o processo de licitação – sendo a única concorrente.
 
Diante do cenário carioca e do autódromo totalmente reformulado da capital paulista, Rohonyi se mostrou confiante na permanência da corrida em Interlagos. “Quando você tem duas entidades, duas pessoas negociando, é preciso ter alguém que quer vender algo e alguém que quer comprar. A impressão que eu tenho é que o Chase Carey [chefão da F1] quer vender o evento para São Paulo – e não é que ele quer, ele precisa vender. Não tem escolha, tudo bem? Da mesma forma, do outro lado, nós temos autoridades municipais e estaduais que querem o evento em São Paulo, simplesmente porque é um bom negócio para a região e para a cidade”, disse o promotor ao GRANDE PRÊMIO
Tamas Rohonyi, promotor do GP do Brasil de F1 (Foto: Nathalia de Vivo/Grande Prêmio)
“É um excelente negócio que traz R$ 300, R$ 350 milhões de impostos adicionais. Temos de lembrar que isso é um negócio, tem um aspecto esportivo, mas é um negócio mesmo, do mesmo jeito que é um campeonato de esqui, a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos”, completou.

“Às vezes, a palavra negócio é usada de uma forma negativa, mas simplesmente a conta tem de fechar. É claro que, se o rei do Bahrein acha a F1 legal e a quer, ele só assina o cheque, porque ele pode, e a conta fecha”, acrescentou, se referindo à todo o investimento que é necessário para garantir uma etapa do Mundial, como, por exemplo, as taxas cobradas pela detentora dos direitos comerciais. 

 
Questionado se a corrida dá retorno, Rohonyi respondeu que "a conta sempre fechou aqui". "O que há é uma insatisfação da FOM [empresa que detém os direitos da F1], porque, para eles, a conta não fecha bem. Eles querem fechar melhor, o que é totalmente natural. Abu Dhabi paga US$ 72 milhões (cerca de R$ 300 mi), Silverstone fechou por US$ 18 milhões (R$ 75 mi) e Mônaco paga zero. Então, da maneira como eles precisam olhar, que tem de apresentar 20 ou 21 corridas, de preferência em lugares que fazem um pouquinho de sentido ainda, a conta geral precisa fechar também. Isso é o que eles têm de fazer.”
 
O dirigente húngaro ainda vai mais longe ao expor a situação atual da F1. “Tem países como a Rússia, em que o presidente liga para alguém fazer um cheque e faz, mas tem países em que há uma administração pública democrática e, vamos dizer assim, minimamente controlada, é difícil. Por exemplo, a Alemanha perdeu o GP porque não consegue catar US$ 10 milhões (R$ 40 milhões). Não é que não tem dinheiro, mas quem na Alemanha vai assinar um cheque? Acha que o prefeito pode assinar um cheque? Um governador, um presidente da república? Não é assim. Então, é uma negociação que tem de entrar entidades particulares, patrocinadores. Tudo’, acrescentou. 
Chase Carey é o chefão da F1 (Foto: Reprodução)
“Entenda a posição da F1: eles são uma empresa pública com ações na bolsa de Nova York. Eles não são esportistas, eles querem valorizar suas ações. O ponto de vista é diferente do que era quando Bernie Ecclestone era chefe, porque ele era um cara do esporte a motor. Ele tinha uma outra visão. Não é uma crítica. É uma questão de que o ponto de vista deles é outro”, explicou Tamas.
 
Por fim, o promotor deixou claro que a F1 deve renovar com Interlagos. “A F1 não tem escolha. Ou é aqui ou não vai ter corrida no Brasil. Não vai ter na América do Sul. Agora como isso se encaixaria nos grandes planos deles, uma empresa pública, americana, acho que seria uma péssima notícia…”
 

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