F1 perde última garagista, mas nova gestão na Williams é chance única de sobrevivência

Dói ver a Williams incapaz de caminhar com pernas próprias e recorrer a um grupo de investimentos para sobreviver. Só que era o único jeito de levar o legado dos britânicos na Fórmula 1 adiante, agora com a chance de fazer adaptações e ganhar competitividade

Dias atrás, uma notícia importante da Fórmula 1 dividiu fãs. A multicampeã e hoje nanica Williams foi vendida ao Dorilton Capital, fundo norte-americano que promete fazer o investimento necessário para recuperar a competitividade de outrora. Por um lado, é uma luz no fim do túnel. Por outro, é a morte da última grande equipe garagista da F1. As duas afirmações são verdadeiras ao mesmo tempo e criam uma sensação estranha no público.

Para começo de conversa, é obviamente bom ver a Williams assegurando seu futuro, mesmo que a gestão corra o risco de nem envolver mais Claire ou Frank. O cenário se tornou sombrio quando a pandemia do coronavírus golpeu as finanças das escuderia e levou ao processo de venda da escuderia. Estava nítido que os britânicos já não tinham mais como garantir o dia de amanhã com as próprias pernas e é positivo que o processo de venda surtiu frutos.

A Williams flertou com a falência, mas garantiu o futuro (Foto: Williams)

O que é negativo e causa frustração nos fãs não é a nova realidade, mas, sim, a velha. A Williams, que sempre se orgulhou de ser garagista, de ser quase um negócio familiar e de não envolver a gestão de um grupo automotivo por trás, acabou sufocada. As decisões acertadas de aplicar um teto orçamentário na Fórmula 1 e diminuir as disparidades entre escuderias estão confirmadas, mas vieram tarde demais. O processo de venda poderia muito bem ser evitado se a gestão de Bernie Ecclestone, pré-Liberty Media, importasse-se pelo menos um pouco mais com os desafortunados do fundo do grid. Faltou muito pouco para a esquadra de Grove ter o mesmo destino de Manor e Caterham em anos recentes, ou de gente como Lotus e Brabham num passado mais distante.

Se caminhar com as próprias pernas já não é possível, a Williams fez bem ao encontrar uma forma de não naufragar. Como nenhuma montadora seria louca de, durante uma pandemia, repetir algo nos moldes da parceria com a BMW, um Mecenas como a Dorilton Capital é uma boa pedida. É sabido que os americanos tem como objetivo aproveitar o potencial da escuderia com maior fluxo de caixa. É válido, apesar de ser claramente um interesse mais financeiro do que esportivo.

Claire Williams
Ainda não está claro quais mudanças internas a Williams vai enfrentar (Foto: LAT/Williams)

Ainda é muito cedo para refletir se a Dorlinton Capital tem condições de cumprir seus objetivos, mas há um esforço que precisa ser aplaudido: o de pelo menos fingir que nada mudou. A Williams segue com esse mesmo nome, na mesma sede de Grove, sem demissões em massa ou coisas do tipo. Não há uma ruptura total, tanto que há a promessa de o carro do ano que vem ainda atender por FW44, seguindo nomenclatura tradicional. Ou seja, há ao menos um bom verniz por cima das reviravoltas de bastidores.

Independente de o futuro acabar promissor ou não, a Williams pelo menos tem uma chance. Do jeito que as cartas estão postas, uma reação em 2020 aos moldes da vista entre 2013 e 2014 eram muito improváveis. Com uma injeção de dinheiro, vai faltar apenas uma boa gestão para garantir uma equipe pelo menos digna. As mudanças da Fórmula 1, ratificadas no Pacto da Concórdia, jogam a favor do britânico. Basta apenas engolir um sapo e entender que um capítulo importante da história da escuderia está fechado.

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