F1 volta ao tradicional com horário dos GPs. Mas já não sabe quantos terá em 2021

A Fórmula 1 vai voltar aos horários cheios para apagar as cinco luzes vermelhas. Mas se isso está garantido, o mesmo não se pode dizer que haverá 23 largadas nesta temporada. A pandemia já mexe com a categoria neste ano

A Fórmula 1 abriu 2021 diante de uma contradição das mais curiosas. Resta apenas a oficialização, mas a maior das categorias do esporte a motor vai voltar ao tradicional horário das largadas depois de três anos, com o início das corridas em hora cheia e predominantemente às 14h locais (9h de Brasília quando os GPs forem realizados na Europa continental), representando um pontapé inicial da gestão do italiano Stefano Domenicali à frente da F1. Por outro lado, é impossível cravar se a programação de 23 corridas, um recorde de provas no calendário, definido no fim do ano passado, vai ser uma realidade. Tudo por conta dos efeitos de uma pandemia que ainda vai ditar os rumos da humanidade ao longo do novo ano.

O que está claro é que aquele cronograma traçado no ano passado, com abertura do campeonato na Austrália em 21 de março e desfecho em Abu Dhabi em 5 de dezembro, já caiu por terra. Ainda que não haja, ainda, um anúncio oficial por parte da Fórmula 1, a categoria se reuniu de forma virtual na última segunda-feira (4) com representantes das dez equipes do grid para fazer ajustes no calendário.

O Bahrein desponta como palco de abertura da temporada em 28 de março. Mas o que virá depois? (Foto: Alfa Romeo)

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Uma das discussões foi sobre qual janela alocar o GP da Austrália. Um segundo cancelamento seguido da prova em Melbourne é algo fora de cogitação tanto para os promotores locais como para a própria Fórmula 1, por isso o esforço em encontrar uma data razoável para a prova. De acordo com o site holandês RacingNews365, que teve acesso ao esboço do calendário ajustado, a corrida em Albert Park vai ser agendada para 21 de novembro, já na primavera australiana.

A China é quem parece ter seu GP cancelado pela segunda vez seguida. Isso porque, desde o ano passado, ainda estão vetadas competições de caráter internacional, medida adotada pelo governo local para isolar o país e evitar o avanço da Covid-19. Diferente do que acontece sobre o GP da Austrália, a prova em Xangai, originalmente marcada para 11 de abril, não tem previsão de ser reagendada para outra data no segundo semestre.

Cabe lembrar que a China é um país visto como chave pelo Liberty Media, que durante a gestão de Chase Carey chegou até mesmo a considerar uma segunda corrida no país asiático.

A iminente mudança em duas das três primeiras praças vai forçar a Fórmula 1 a promover mudanças inesperadas. Sakhir, palco do GP do Bahrein, está encaminhada para receber a abertura da temporada em 28 de março. O esboço do calendário prevê a volta de Ímola para a segunda etapa do campeonato, em 18 de abril, e o GP de Portugal, que empolgou ano passado com a entrada do circuito de Portimão na F1, no primeiro fim de semana de maio. A prova lusitana vem para ocupar a janela deixada vaga pelo Vietnã.

Daí em diante, a principal mudança no calendário é a antecipação do GP de São Paulo, em Interlagos, para 7 de novembro, uma semana antes do previsto, para dar tempo para que a F1 atravesse o mundo rumo à Austrália. As duas corridas finais do campeonato estão mantidas, mas foram alocadas também 7 dias mais tarde em relação à programação original: estreia do GP da Arábia Saudita em 5 de dezembro e, uma semana depois, o GP de Abu Dhabi fecha a temporada 2021.

Mas diante de um ano que começou marcado pela incerteza em razão do recrudescimento da pandemia, é impossível cravar se o campeonato vai atender ao desejo do Liberty Media de ter 23 corridas. No momento em que mais de 50 países começaram a vacinação para imunizar a população contra a Covid-19 — e o Brasil sequer tem um plano nacional definido —, ainda não dá para prever quando os números de casos e de óbitos vão diminuir.

Premiê britânico, Boris Johnson anunciou na última terça-feira o terceiro lockdown no Reino Unido, que vai durar pelo menos até meados de fevereiro. Angela Merkel, chanceler da Alemanha, definiu a extensão do fechamento de todas as atividades não-essenciais no país pelo menos até o fim de janeiro. Estados Unidos e Brasil contam milhares de vidas perdidas há tempos, e novas variantes do vírus se espalham pelo mundo. De modo que só a vacinação em massa parece ser a solução para alguma normalidade, mas apenas em longo prazo.

Não à toa, Jean Todt, presidente da FIA (Federação internacional de Automobilismo), adotou um discurso bastante realista sobre os efeitos da pandemia no esporte a motor. Outras tantas categorias, como a Fórmula E — com os adiamentos dos ePs de Santiago, Cidade do México e Sanya —, Mundial de Rali — com o cancelamento do Rali da Suécia — e o adiamento do GP de St. Pete da Indy, de 7 de março para 25 de abril, indica que outras tantas mudanças estão por vir.

“Infelizmente, não acabou. O vírus está aí. Tem havido algum progresso. Estamos esperando uma vacina, então vai ser bom para a população, bom para o planeta aproveitar isso. Mas tenho certeza de que, nos próximos dias, ouviremos muitas mudanças potenciais em diferentes calendários, não somente da Fórmula 1, mas em outros calendários”, explicou o dirigente francês em entrevista à revista britânica Autosport.

“Se tivesse de me comprometer de volta a um tipo de normalidade, mesmo que sinta que vai ser uma vida diferente na esteira da crise da Covid-19, acho que metade do ano, na minha opinião, não vai ser como poderíamos esperar ter em uma temporada normal”, acrescentou Todt.

Ficam as lições aprendidas ao longo de 2020 sobre como o esporte a motor foi criativo, conseguiu lidar com a pandemia e entregou grandes campeonatos, na medida do possível. Agora, o novo ano traz uma história semelhante, de cancelamentos, adiamentos e incerteza. A única garantia é que a Fórmula 1 vai ter carros na pista, mas será preciso esperar mais alguns meses para ver onde a categoria vai realmente poder acelerar neste 2021.

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