Ferrari cumpre primeiro ato e anuncia saída de Räikkönen, que volta à Sauber em contrato de dois anos
Como já era esperado desde o fim de semana do GP da Itália, a Ferrari anunciou a saída de Kimi Räikkönen. Mas o 'Homem de Gelo' não vai deixar a F1. O finlandês, aos 38 anos, assinou com a Sauber e volta para onde tudo começou, com um contrato de duas temporadas
No comunicado vindo de Maranello, a Ferrari rendeu palavras de gratidão ao seu último campeão mundial, em 2007. “Durante esses anos, a contribuição de Kimi para a equipe, tanto como piloto tanto por suas qualidades humanas, foi fundamental. Ele desempenhou um papel decisivo no crescimento da equipe e foi, ao mesmo tempo, sempre um grande homem de equipe. Como campeão mundial pela Scuderia Ferrari, ele sempre vai fazer parte da história e da família da equipe. Agradecemos a Kimi por tudo isso e desejamos a ele e sua família um futuro próspero”.
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A Sauber, que em 2018 vive um momento de grande crescimento em relação aos últimos anos, comemorou a chegada do vitorioso finlandês. “Assinar com Kimi Räikkönen como nosso piloto representa um pilar importante do nosso projeto e nos aproxima do nosso objetivo de fazer progressos significativos no futuro próximo”, afirmou o chefe Frédéric Vasseur.
Pela Ferrari, foram duas passagens: a primeira, entre 2007 e 2009, e a segunda, entre 2014 até o fim desta temporada. Ao longo da sua carreira, o nórdico conquistou 20 vitórias, além de 100 pódios e 18 pole-positions, a última delas conquistada diante dos fanáticos tifosi no fim de semana do GP da Itália, no começo do mês. Ainda, foi campeão em 2007 com a Ferrari — uma conquista improvável diante de um ano dominado pela McLaren de Lewis Hamilton e Fernando Alonso, além de ter sido vice em 2003 e 2005, com a McLaren.
Sua entrada na principal categoria do automobilismo mundial foi impressionante. Em 2001, aos 21 anos, logo chamou atenção por seu jeito irreverente e talento natural nas pistas. A contratação de Kimi causou polêmica à época por conta da sua inexperiência. Antes da F1, o piloto tinha apenas 23 corridas disputadas pela F-Renault. Mas foi uma aposta pra lá de certeira de Peter Sauber e que se confirmou naquele ano com um bom desempenho. Por isso, a McLaren rapidamente se interessou pelo finlandês, firmando um contrato para substituir o bicampeão Mika Häkkinen já no ano seguinte.
Sua passagem pela equipe de Woking também impressionou. Na temporada de estreia, somou 24 pontos — que poderiam ter sido mais, caso não fosse o grave problema de confiabilidade de seu carro. Os campeonatos seguintes foram também de encher os olhos, conquistando pódios, vitórias e o ano de 2005 sendo considerado um dos melhores de sua carreira.
Após bons anos de McLaren, Kimi assinou com a Ferrari em 2007. O 'Homem de Gelo' chegava com a duríssima missão de substituir ninguém menos que Michael Schumacher, que havia se aposentado um ano antes. A vitória na corrida inaugural, na Austrália, já era um aviso de que algo bom estava por vir. E veio o único título do finlandês em um ano que a McLaren viu uma guerra interna acontecer entre Fernando Alonso e Lewis Hamilton, que perderam o caneco mesmo com um carro melhor. Entretanto, com dois anos seguintes abaixo do esperado, o piloto teve sua primeira 'aposentadoria' da categoria.
No breve intervalo entre 2010 e 2011, disputou o Mundial de Rali, onde teve uma quinta colocação como melhor resultado e poucos sucessos. Voltou para a F1 em 2012 com a Lotus, onde ficou também em 2013 e brilhou, mesmo atuando por uma equipe longe de ter o poderio financeiro dos grandes times da F1. Foi com a equipe chefiada por Éric Boullier que Kimi mostrou que ainda tinha muita lenha para queimar.
Em 2014, voltou para a Ferrari, tendo Alonso como companheiro de equipe. A partir de 2015, passou a ter Sebastian Vettel ao seu lado nos boxes. Fazendo par com o alemão, Räikkönen teve poucos brilhos nas pistas, quase nunca batendo o colega e vivendo de alguns pódios e quase sem chances de vitória.
Nesta temporada, no entanto, vem se mostrado muito forte, ainda que não tenha vencido, e prova disso foi o espírito combativo durante o GP da Itália, que só não o teve no topo do pódio por conta de problemas com os pneus traseiros e também por conta da atuação soberba de Hamilton.
Mas para quem poderia sentir saudades do 'Homem de Gelo', sua presença na F1 vai ser um alento e tanto. E o acordo com a Sauber até o fim de 2020 responde às muitas perguntas dos críticos: a motivação de Kimi, de fato, sempre esteve com ele.