Ferrari demonstra solidez em Barcelona em dia marcado por tensão na Haas

Ferrari voltou a demonstrar força em dia marcado por tensões na Haas pelo conflito crescente entre Rússia e Ucrânia. Red Bull surpreendeu por problema de confiabilidade

COMO FOI O SEGUNDO DIA DA PRÉ-TEMPORADA DA FÓRMULA 1 2022 EM BARCELONA | Briefing

O segundo dia da pré-temporada começou com condições semelhantes às de quarta-feira. Um pouco mais quente assim que os motores foram ligados, mas o céu limpo prometia um dia produtivo na pista catalã. Entretanto, o foco das atenções no paddock parecia estar em outro lugar no início da manhã. A notícia do conflito entre a Ucrânia e a Rússia fez soar o alarme em todo o mundo. Uma guerra pode estar perto de explodir ao lado da Europa, e envolvendo um país que receberá a Fórmula 1 em setembro, que tem um piloto no grid e um forte patrocinador por trás dela. Ou seja, a relação é muito forte para passar despercebida.

E assim foi, com todos os olhos e comentários focados no que era o tema do dia, além do que estava acontecendo na pista. O motorhome da Haas amanheceu com transmissões televisivas dos ataques russos na Ucrânia, uma imagem paradoxal, mas, quanto a outros assuntos, parecia deserto. Sem convidados, sem funcionários fora da hora do almoço, um ambiente bastante sério e pesado para a equipe americana. Rumores sobre a possível saída do patrocinador de Mazepin, a Uralkali, se espalhavam pelo paddock, e como resultado a Fórmula 1 decidiu retirar o chefe do time americano, Guenther Steiner, do grupo que concederia entrevista coletiva.

Uma situação incomum rodeava a atividade feita na pista, que durante a manhã foi bastante escassa de uma maneira geral. Durante os primeiros 75 minutos, nem a Mercedes nem a Red Bull deram as caras, um fato bastante estranho depois de ontem. Mesmo assim, as duas equipes saíram praticamente ao mesmo tempo e fizeram um trabalho semelhante, pelo menos em termos de número de voltas. Foram 40 para os alemães e 38 para os austríacos, ambos correndo um pouco à frente da Alfa Romeo, que continuou com seus problemas no carro.

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George Russell, da Mercedes (Foto: AFP)

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Por outro lado, tanto pela manhã como pela tarde, quatro equipes surgiram muito ativas e com stints longos: Ferrari, Alpine, McLaren e AlphaTauri fecharam a manhã com mais de 60 voltas, atingindo números muito mais significativos à tarde. A equipe de Faenza, por exemplo, chegou a 147 voltas com Pierre Gasly, segundo mais rápido desta quinta-feira. O francês marcou um 1min19s918 com o composto C4, e estava a menos de três décimos do líder do dia, Charles Leclerc.

A Ferrari demonstrou solidez, mas ainda é muito cedo para encher os italianos de elogio. A equipe parece estar encontrando as soluções em um carro que funciona, não está quebrando e está consistentemente fazendo os tempos mais rápidos. Mesmo assim, vozes no paddock dizem que a escuderia está sendo conservadora e que a potência é insuficiente para evitar falha de um motor que poderia ser frágil em termos de confiabilidade.

A importância de Barcelona é a coleta e correlação de dados para poder ver que tudo está no lugar e que o que eles veem na fábrica é reproduzido no caminho certo. Se eles pressionam e o carro quebra, esse é o momento em que os dramas podem vir em uma semana como esta. Eles precisam rodar, isso é a única coisa significativa hoje, e a Ferrari está fazendo isso muito bem.

Leclerc fechou o dia com o tempo mais rápido, de 1min19s689, com pneus C3. Lando Norris ontem, e Pierre Gasly hoje, são os únicos que conseguiram chegar abaixo de 1min19s, embora o tenham feito com o composto C4. O que se pode perceber é que ninguém está buscando voltas rápidas, pelo menos durante estes dois primeiros dias. A maioria dos pilotos saiu para stints mais longos, testando peças diferentes e procurando consistência em vez de apenas um tempo de volta rápido.

Charles Leclerc, o mais rápido do dia (Foto: AFP)

A Red Bull foi sem dúvida a maior decepção do dia. Sergio Pérez esteve na RB18 pela primeira vez e não teve a melhor das sortes. O mexicano foi a causa da primeira bandeira vermelha do dia ao parar o carro no terceiro setor do circuito. A origem não parecia ser totalmente clara, embora tudo apontasse para uma quebra da caixa de câmbios. Este problema deixou o mexicano fora do carro por um longo tempo, e ele perdeu a maior parte da segunda sessão do dia, voltando apenas a uma hora do final.

A atual vice-campeã mundial de Construtores conseguiu apenas 78 voltas, o que não é alarmante, mas, olhando para o grande número de giros das concorrentes, isso definitivamente não ajuda. Não é uma boa notícia para o time, que, contudo, têm um dia inteiro amanhã para compensar o que perderam hoje.

A situação é a mesma na Alfa Romeo, que continuou carregando o azar vivido na véspera. Valtteri Bottas não pôde correr praticamente toda a manhã, dando apenas 21 voltas. A sensação é que a equipe baseada em Hinwil está ficando para trás, que as coisas não estão funcionando e que será difícil melhorar. Entretanto, um alento foi a participação do novato Guanyu Zhou à tarde, com 71 voltas completadas, o que será vital para a adaptação à categoria. O piloto chinês precisa rodar bastante para estar pronto para a primeira corrida no Bahrein, no dia 20 de março, e esses problemas com o carro não ajudam.

Guanyu Zhou estreou pela Alfa Romeo (Foto: Eric Calduch/GRANDE PRÊMIO)

Outros que tiveram problemas foram os rapazes Haas, que não escaparam dos problemas. Uma falha na bomba de combustível fez Nikita Mazepin parar no início da tarde. Curiosamente, ele encostou a poucos metros de onde Mick Schumacher o observava. Ainda assim, apesar dos problemas e das incógnitas em torno da equipe devido ao conflito russo, os americanos fecharam o dia com mais de 100 voltas e conseguiram reunir informações valiosas. Pelo menos a sensação inicial não é a de que eles fecharão o grid como no ano passado. Isso, por enquanto, poderia ser pensado a respeito da Alfa Romeo.

A Mercedes também teve uma boa tarde com George Russell ao volante, após uma primeira sessão não muito produtiva, e eles tiveram que recuperar o tempo. A W13 continua mostrando solidez e força, time ainda é um dos mais promissores, e as coisas estão indo na direção esperada pelos alemães. Apesar de não se destacar muito em termos de resultados ou número de voltas, a equipe Brackley não está descansando e continua testando diferentes peças no carro. O destaque de hoje foi o aparecimento de brânquias nos sidepods, um formato que vem se tornando mais comum em 2022.

Alpine, McLaren e AlphaTauri passaram o dia fazendo uma maratona de voltas. Foi realmente surpreendente a quilometragem as equipes estão conseguindo acumular. Com exceção de Red Bull e Alfa Romeo, as outras oito puderam dar mais de 100 giros cada durante esta quinta. Isso pode ter uma explicação: o rumor no Paddock é que as equipes estão funcionando a meio acelerador, sem utilizar toda a potência. O risco de quebrar peças do carro, especialmente o motor, é muito alto, pois estes três dias de testes destacam a importância da coleta de dados e informações de pista, além de ver o desempenho real dos carros, algo que poderá acontecer em poucos dias, nos testes no Bahrein. É aí que os problemas mecânicos e os dramas entre as equipes podem realmente começar.

Poucas conclusões podem ser tiradas desses dois dias de testes pré-temporada. A sensação é que ninguém sabe de nada, ninguém sabe onde todos podem estar e todos estão escondendo o desempenho real de seus carros. A confiabilidade é um medo que pode acabar chegando e atacando certas equipes, mesmo que elas estejam dando muitas voltas nos dias de hoje. A Ferrari está mostrando força, mas McLaren, Mercedes e outras, também. Com poucos problemas, muita quilometragem e uma atmosfera focada no conflito russo, teremos que ficar de olho em quais capítulos virão. O que acontecerá com Sóchi? E com a Haas? Tudo é realmente desconhecido, teremos que ser pacientes para saber as respostas.

FÓRMULA 1 2022: O QUE O PRIMEIRO DIA DE TESTES REVELOU? E NO QUE FICAR DE OLHO
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