Ferrari e Red Bull sucumbem na classificação na França. E problema não está só nos carros

Ainda que se queixem dos pneus da Pirelli, do asfalto de Paul Ricard e da vida, Ferrari e Red Bull não têm como explicar a derrota acachapante (mais uma) para a Mercedes. São 0s6 e 1s que envergonham, porque o problema não está só nos carros. Já a equipe prata esbanja competência e tem em Lewis Hamilton um primeiro piloto de fato e de direito

Parece bem claro, depois da classificação deste sábado (22) na França, que a F1 vai viver de exceções em 2019 para tirar a Mercedes do topo. Tal situação só foi vista no Bahrein e no Canadá e, por conta do motorzão que a Ferrari leva, é possível que tenha vantagem real em Bélgica e Itália, na sequência de provas pós-férias. Antes, talvez só na Áustria e em Silverstone. Mesmo assim, já fica a pergunta: o que vai acontecer até lá, sobretudo ali nas entranhas de Ferrari e Red Bull?
 
As duas equipes viraram aliadas numa cruzada contra a Pirelli. Ambas alegam que os pneus feitos para esta temporada só agradam à Mercedes, que havia reclamado da espessura da banda do pneu no ano passado. Só que nenhuma borracha, a mais ou a menos, explica 0s6 sobre um carro vermelho e 1s sobre um carro azul. Nenhuma borracha, também, é responsável por provocar tantos erros a um primeiro piloto nem fazer com que o segundo piloto da outra sequer ande perto de seu companheiro. E é aí que está o problema. 
 
Não bastassem as fraquezas de seus carros, Ferrari e Red Bull encaminham as férias daqui um mês – se é que deveriam ter – pensando nas debilidades de seus pilotos.
 

No caso da Scuderia, quem pensa também tem deficiência. O episódio pós-GP do Canadá em que apresentou, como evidência forte para tentar recuperar a vitória de Sebastian Vettel, um vídeo opinativo do comentarista Karun Chandhok é aquele molho de tomate aguado e insosso sobre um spaghetti que passou do ponto al dente. A equipe descobriu uma falha na parte dianteira do carro que carregou desde o início da temporada. Daí, depois de outras atualizações pouco animadoras, usou os treinos livres em Paul Ricard para testar uma asa e um assoalho novos, entre outros elementos. Vettel odiou tudo. Mas Vettel não pode reclamar muito. Porque não tem entregue, há tempos, o que se espera dele. Injusta ou não, a punição em Montreal mascarou mais um erro que cometeu. E no Q3 d’hoje, foi outro. Largar em sétimo, atrás das McLaren, dá voz a todos que consideram seus atos e palavras como ‘mimimi’.

 
Do outro lado da garagem, Charles Leclerc, prejudicado tantas vezes, faz o que lhe é possível. Muito mais do que faria Kimi Räikkönen, por exemplo. Sua preocupação é com o futuro: é possível ser campeão em uma equipe assim mesmo quando resolverem dar-lhe preferência? Ele e todos nós sabemos a resposta.
Sebastian Vettel (Foto: Ferrari)

A Red Bull não pode se queixar da Honda. Machucada ao longo de anos pela McLaren, a montadora tem se esforçado para se recuperar e encontra no grupo energético um ar de tranquilidade. A evolução é notória, mas ainda insuficiente para lidar com a potência de Ferrari e Mercedes. Mas o carro em si também não é uma prima donna. Só com um piloto talentosíssimo, Max Verstappen, que faz sua melhor temporada na categoria, consegue algum destaque. Porque se depender do outro, vai sucumbir e deixar o patamar da ‘F1 A’.

 
Pierre Gasly não deu certo na Red Bull. Não há paciência que elimine esta impressão. Neste sábado, Gasly precisou usar no Q2 os pneus vermelhos, mais macios, para beliscar o décimo lugar e se salvar da masmorra da eliminação, e isso vai comprometer a estratégia de amanhã. Todos os nove primeiros fizeram seus tempos com os médios/amarelos. Na parte final da classificação, tomou de Verstappen o que tem tomado o fim de semana inteiro: longos 0s8. Ficou mais perto da Toro Rosso. Talvez porque a Toro Rosso ainda não tenha saído dele. Helmut Marko não é um cara condescendente. Claro que já teve muito tempo ao longo do ano para ver que Gasly tem sérias limitações e, se for seguir à risca seu perfil, já está indicando o caminho do RH ao pobre rapaz. O ponto é: a quem recorrer, já que Daniil Kvyat não é confiável e Alexander Albon está cru?
 
A Mercedes ri à toa: o sexto título de Lewis Hamilton está encaminhado; Valtteri Bottas não é o mesmo de 2017, mas sabe que não tem como repetir o que fez na Austrália, de modo que o vice lhe cai bem. Melhor, impossível.
Lewis Hamilton e Valtteri Bottas (Foto: Mercedes)

Notório, mesmo, é o salto que a McLaren deu. Maldosos dirão que é a ausência de Fernando Alonso, mas o fato é que o time de Zak Brown começa a reencontrar um rumo. A jovial dupla, Lando Norris-Carlos Sainz, se completa e ajuda na evolução. Aos poucos, os papaias vão tentando comandar essa sortida ‘F1 B’ que outrora tem como destaque a Haas – mal no fim de semana – e a Renault – que aposta em Daniel Ricciardo. Quinto e sexto lugares no grid permitem uma comemoração regada a champanhe antes da corrida.

 
"A gente não esperava bater uma Red Bull e uma Ferrari. Isso significa que estamos fazendo nossa lição de casa e trazendo coisas que ajudam o carro, mas acho também que é a pista. A pista nos ajuda, e eu não sei por quê", admitiu o surpreso Sainz.

O GP da França acontece às 10h10. E o GRANDE PRÊMIO acompanha tudo AO VIVO e em TEMPO REAL.

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