Ferrari se impõe e coloca pressão na Red Bull em Mônaco. Mercedes retoma calvário

Em uma pista tão travada quanto Mônaco, uma boa classificação é fundamental. E foi nisso que a Ferrari concentrou seu trabalho. A F1-75 gosta de voltas únicas, e Charles Leclerc traduziu muito bem o poder do carro vermelho. A Red Bull tem ajustes a fazer, enquanto a Mercedes ainda sofre com os quiques

Se existe um lugar onde uma boa classificação é essencial, esse lugar é Mônaco. As estreitas ruas do Principado se tornaram um desafio para os enormes carros da F1 atual e qualquer tipo de escalada no pelotão necessita não só de um carro equilibrado, mas de uma boa dose de risco. Basicamente, há dois pontos apenas de ultrapassagem nos 3,3 km do traçado banhado pelo mar Mediterrâneo. Assim, a primeira fila é um passo fundamental para a vitória no domingo. E quem melhor traduziu essa premissa foi a Ferrari. A equipe italiana usou os treinos livres desta sexta-feira (27) para ajustar a F1-75 para o sábado de classificação. Charles Leclerc voou nas duas sessões e exibiu uma performance consistente, o que já coloca pressão sob a Red Bull.

O monegasco virou 1min12s656 na melhor de suas 30 voltas no segundo treino livre. A marca veio em um giro limpo, sem tráfego, usando tudo que foi possível de um jogo novo de pneus macios. O registro foi apenas 0s044 melhor que o de Carlos Sainz, o que comprova a boa forma dos ferraristas. Mas é preciso analisar além: a diferença para o líder do campeonato, Max Verstappen, foi de impressionantes 0s447. O carro vermelho mostrou qualidades importantes ao longo do dia.

Ao contrário das últimas provas, a F1-75 não perdeu em velocidade de reta. Tanto que a Ferrari domina o primeiro e o terceiro setores da pista de Monte Carlo. Ou seja, o modelo de Maranello também vai muito bem nas curvas de média. Tem tração e tratou bem os pneus, especialmente os vermelhos macios. “Tivemos um ritmo consistente e completamos um bom número de voltas. Ainda temos de achar o ajuste fino do acerto do carro, mas, em geral, não foi tão ruim, é só dar o salto normal de sexta-feira para sábado”, comentou Leclerc.

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
McLaren põe nome de Senna no carro e anuncia homenagem permanente na F1

Mas nem tudo são flores. A Ferrari começa o fim de semana em vantagem, mas tem lá suas preocupações e uma delas é a confiabilidade da unidade de potência, devido ao que houve não só na Espanha, na semana passada, mas também em Mônaco: Mick Schumacher (Haas) e Valtteri Bottas (Alfa Romeo) já enfrentaram problemas.

De toda a forma, a Ferrari se prepara para garantir a primeira fila. O ajuste fino que falou Leclerc deve acontecer na terceira sessão de amanhã. Por enquanto, é possível dizer que os italianos comandam o ritmo de corrida com os pneus vermelhos – a diferença para os taurinos ficou na casa de 0s3. A escuderia não usou compostos médios na segunda sessão do dia.

É nisso que a Red Bull aposta – também. Os taurinos dividiram as tarefas nesta sexta-feira. Enquanto Verstappen procurou o ritmo de corrida, abusando dos compostos médios, Sergio Pérez foi o responsável por encontrar a performance de classificação. Pela manhã, o mexicano ficou a 0s039 de Leclerc, mas à tarde essa distância foi maior: 0s379. Há um caminho a percorrer nas garagens austríacas, sem dúvida.

Isso porque o RB18 gosta de velocidade, mas nem tanto de curvas. Há um déficit significativo de desempenho no primeiro setor na comparação com a Ferrari. “Na primeira curva, sofremos porque o carro saía de frente, mas depois voltou a sair de traseira. Após o TL1, o equilíbrio se deteriorou. As mudanças que fizemos claramente não melhoraram”, disse o conselheiro Helmut Marko, que completou: “É principalmente no primeiro setor, mas acreditamos que sabemos a causa”.

LEIA TAMBÉM
+Leclerc visa ‘ajuste fino’ no acerto em Mônaco e vê Ferrari ‘consistente’
+2º, Sainz vê ‘dia encorajador’ para a Ferrari e busca ‘pequenos detalhes’
+Verstappen foca em equilíbrio e diz que ‘dá para sentir peso dos carros’

As curvas de baixa velocidade são os trechos em que a Red Bull se dá melhor – daí as melhores parciais no setor intermediário. São 0s2 de diferença para a Ferrari. Além disso, o trabalho em cima dos pneus médios mostrou que o ritmo é forte. Pérez andou em média na casa de 1min16s9, enquanto Max virou 1min17s1. Quem mais perto ficou dos taurinos foi Lewis Hamilton, com 1min17s5.

“Na comparação com a Ferrari, temos de achar mais tempo, mas agora o trabalho é mesmo ajustar o equilíbrio. As simulações de corrida estão bem ok, mas hoje foi possível ganhar mais em termos de compreensão deste carro por aqui. Dá para sentir o peso dos carros, estão mais lentos e quicam. A visibilidade também ficou um pouco mais complicada”, disse o campeão do mundo.

O consultor dos taurinos compartilha da opinião de Verstappen e vai além. “Estamos muito atrás de Leclerc em uma única volta. Em ritmo de corrida, fomos claramente melhores com os pneus médios, mas agora temos que lidar com o equilíbrio. Com Max, tentamos deliberadamente algo com a configuração, mas isso não foi na direção desejada”, reconheceu.

Daniel Ricciardo cravou o carro da McLaren no muro da Piscina (Vídeo: Reprodução/F1 TV)

Assim, o terceiro treino livre deste sábado será dos mais movimentados para ambos os lados.

Um pouco mais longe, a Mercedes também se viu às voltas com os problemas de quiques e terminou o dia atrás de uma McLaren bem acertada para Monte Carlo. George Russell fechou o dia na sexta posição, 0s759 mais lento que Leclerc. Tendo de lidar mais problemas, Hamilton foi o 12º, mais de 1s atrás. O heptacampeão perdeu um jogo de pneus macios no tráfego e ainda cometeu um erro que o fez escapar do traçado na Mirabeau.   

Acontece que o drama tem de novo a ver com o porpoising. O carro segue saltando, mas agora apenas nas curvas de baixa velocidade. As atualizações da semana passada, em Barcelona, foram promissoras, mas resolveram apenas uma parte dos problemas. Mônaco, por sua vez, é um circuito mais singular, travado e que não se adapta ao W13. Os trechos lentos são uma dificuldade para os prateados, que se encontraram na mesma situação da semana passada: o desempenho em corrida é melhor que em classificação. Engenheiro de pista da esquadra alemã, Andrew Shovlin explicou que o carro não respondeu bem com pouca carga de combustível.

“Nós estamos sofrendo com o traçado, isso está nos impedindo de tirar mais nas voltas, especialmente com tanque vazio. Melhoramos entre os treinos livres, mas ainda precisamos de mais informações para ver onde melhorar ainda mais. Os pneus estão se comportando bem, o calor ajuda a aquecer ali”, falou o britânico.

George Russell foi o sexto mais rápido na sexta-feira em Mônaco (Foto: Mercedes)

“Não conseguimos extrair tudo dos macios, muito tráfego e o Lewis foi bloqueado também, então, acho que amanhã nos sairemos melhor com eles. O ritmo de corrida foi mais encorajador, fomos consistentes e com menos degradação de pneus que outros. Mas é Mônaco, isso nem conta muito se você ficar preso no tráfego. Muito trabalho pela frente para entrarmos no ritmo para classificação”, completou.

De fato, Hamilton mostrou que, em performance de prova, está 0s4 atrás da Red Bull com os médios, enquanto Russell ficou a 0s3 das marcas de Verstappen com os pneus macios. A questão aqui é: a Mercedes vai precisar acertar a classificação para ter chance de tentar sonhar mais alto no domingo.

Fórmula 1 continua com o GP de Mônaco a partir das 8h [de Brasília] do sábado, horário para o qual está marcado o terceiro e último treino livre. Mais tarde, às 11h, começa a classificação. O GRANDE PRÊMIO acompanha tudo AO VIVO e EM TEMPO REAL.

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.