FIA joga para equipes proposta de comissários fixos na F1: “Se querem, que paguem”

Presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem não se opõe a ideia de comissários fixos na F1, mas pede que conta seja paga por equipes da categoria

A temporada 2024 da Fórmula 1 foi mais uma em que os participantes reclamaram das inconsistências nas decisões da direção de prova, principalmente na parte final do campeonato, quando Rui Marques assumiu o cargo no lugar de Niels Wittich. Um pedido antigo dos pilotos é que hajam comissários fixos em todas as corridas, assim, as mesmas pessoas tomariam as decisões ao longo da temporada. Presidente da Federação Internacional de Automobilismo [FIA], Mohammed Ben Sulayem, não se opõe à ideia, mas sugeriu que as equipes paguem por isso.

Ben Sulayem tem entrado em confronto com os pilotos da F1 nos últimos tempos. O mandatário foi alvo de questionamentos por parte dos competidores da categoria via uma nota oficial da Associação de Pilotos de Grandes Prêmios (GPDA), que pediu maior transparência sobre o destino do dinheiro das multas cobradas pela FIA. Além disso, foi exigido no comunicado que os atletas passassem a ser tratados como adultos.

No entanto, o presidente da FIA não recebeu bem os pedidos e teceu duras críticas aos pilotos e à imprensa, afirmando que foi escolhido para o cargo para consertar questões da federação e que não deve nada a ninguém. Na ocasião, no início do mês, disse que “não era da conta deles” como gerencia a entidade. Ben Sulayem, novamente, usou o mesmo termo, mas o assunto era sobre o dinheiro da organização.

“Esse é um papo muito interessante. Todos querem que seja algo profissional, mas não pagam por isso”, disse o presidente da FIA à revista britânica Autosport.

Mohammed Ben Sulayem (Foto: Red Bull Content Pool)

“Eles dizem ‘onde estão colocando o dinheiro? Por que não fazemos isso?’, mas eu digo ‘me desculpe, e quanto a você?’. Os pilotos ganham mais de US$ 100 milhões (cerca de R$ 600 milhões). Pergunto onde eles gastam? Mas isso é com eles, direto deles”, continuou.

“Na verdade, não sou só eu quem fala que isso não é da conta deles. Fazemos o que bem entendemos com o nosso dinheiro. É algo que só nos diz respeito. O que não entendo é que sempre é sobre a FIA. Questionam os motivos de fazermos isso ou aquilo, mas já falaram com a FOM [Formula One Management, grupo que opera os direitos comerciais da F1]?”, completou.

Recentemente, George Russell falou que era momento da FIA repensar a estrutura atual, que possui comissários rotativos e voluntários — a pessoa se coloca à disposição para participar de uma determinada corrida. Nas últimas etapas, sob tutela de Rui Marques, vimos algumas punições mais pesadas, como o stop & go de 10s de Lando Norris por não diminuir a velocidade durante bandeira amarela no Catar, o que foi visto como uma mudança de parâmetro durante o campeonato. Ben Sulayem explicou que existe um processo para aprimorar os comissários, mas voltou a destacar que não há orçamento para que estes sejam profissionais e fixos.

“Comissários não nascem em árvores — já disse isso e repito. Leva tempo até treiná-los. Assim é o desenvolvimento, nós temos um programa. Entendo sobre reproduzir a Premier League [principal campeonato de futebol da Inglaterra], onde [os árbitros] são pagos, mas não temos dinheiro para isso”, declarou o presidente da FIA.

Lando Norris durante GP do Catar deste ano, onde tomou dura sanção (Foto: AFP)

“Temos de tomar cuidado com a forma em que as coisas estão seguindo. Desde que eles sejam comprometidos, justos e treinados de maneira adequada, teremos comissários que vem e vão”, continuou.

Na parte final da declaração, o mandatário da FIA foi ainda mais enfático na questão financeira, alegando que a entidade não recebe o suficiente da FOM para implementar os comissários fixo. Então, sugeriu que as equipes, que desejam mudar o sistema da direção de prova, que arquem com os valores.

“Em última instância, a responsabilidade é da FIA. É um escopo do trabalho entre FOM e FIA. Mas se a FOM faz um cheque para a FIA, como tem feito, mas lá consta ‘comissários de meio período’ e a F1 quer algo diferente, então precisa de um novo preço”, disse.

“Isso significa que a F1, ou seja, as equipes, devem pagar por isso. Se é isso que querem mudar, precisam pagar por isso”, finalizou o presidente da FIA.

Fórmula 1 agora entra oficialmente de férias e dá adeus a 2024. A próxima atividade é exatamente a sessão única de testes coletivos de pré-temporada, marcada para os dias 26, 27 e 28 de fevereiro, no Bahrein. A temporada 2025 começa com o GP da Austrália, nos dias 14-16 de março.

Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
LEIA TAMBÉM: Leclerc encerra F1 2024 com liderança dos testes coletivos de Abu Dhabi. Bortoleto é 18º

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.