FIA mostra cautela sobre motor V10 após contra da Audi: “Não queremos que desistam”

Diretor de monopostos da FIA, Nikolas Tombazis enfatizou que a pauta sobre os motores V10 ainda está em discussão, mas disse que não é desejo ver uma montadora como a Audi desistir da Fórmula 1

A Federação Internacional de Automobilismo (FIA) resolveu adotar um discurso mais cautelo ao falar sobre a possibilidade da volta dos motores V10 à Fórmula 1 em um futuro não muito distante. A postura é uma resposta à reação da Audi, que vai entrar na categoria a partir do ano que vem e se posicionou contra a mudança.

O diretor de monopostos da FIA, Nikolas Tombazis, enfatizou que a pauta referente ao retorno dos propulsores V10, que ganhou as manchetes nas últimas semanas, ainda está em fase de discussão, mas admitiu que a negação da marca alemã é um adendo importante. A Audi defendeu “avanços tecnológicos” e afirmou que a mudança de regulamento foi decisiva para a entrada na F1.

Tombazis, portanto, afirmou que não é desejo da entidade que a montadora volte atrás. “Não quero pré-julgar isso, porque ainda estamos em discussões”, disse o diretor em coletiva de imprensa. “Ainda estamos em discussões com as fabricantes de unidades de potência nas próximas semanas, portanto não gostaria de pré-julgar. Não devemos tirar conclusões precipitadas”, salientou.

“Estamos muito orgulhosos por termos trazido a Audi para o esporte, respeitamos isso totalmente e não queremos que eles revertam essa decisão”, enfatizou Tombazis. “Também estamos orgulhosos pela Honda ter reconsiderado deixar o esporte e voltar, então tudo o que fazemos é um complexo equilíbrio entre esses fatores”, continuou.

A Fórmula 1 se prepara para mudança de regulamento em 2026 (Foto: AFP)

“A questão é que não há um único ponto que responda a todas as perguntas da mesma forma entre ser justo, proteger o esporte, cortar custos, proteger os fabricantes de unidades de potência e proteger o investimento deles. Não há um único lugar que seja perfeito para tudo, então estamos tentando encontrar esse ponto ideal”, completou.

Tombazis ainda ressaltou que, no momento, “não há nenhuma proposta na mesa, mas uma discussão” e seguiu dizendo que “qualquer mudança deve ter amplo consenso, não mudamos coisas unilateralmente e não impomos uma posição”.

Em 2026, as unidades de potência terão a parte elétrica ampliada em 50/50 e serão produzidas para trabalharem com combustível 100% sustentável. A atividade, aliás, já está bastante avançada, uma vez que este é o último ano sob o atual regulamento técnico, e Tombazis acredita que a eletrificação da F1 é o que abriu caminho para montadoras como a Audi e também a Ford, que atua em conjunto com a Red Bull.

“As coisas mudaram, acho que um fator significativo é a percepção, mesmo entre as OEMs [fabricantes de equipamentos originais], sobre a velocidade com que a eletrificação acontecerá. É um fator significativo, não podemos negar, e entre 2020 e 2021, quando essas discussões aconteceram, a tendência era bem clara em direção à eletrificação”, seguiu.

Nikolas Tombazis se mostrou cauteloso depois do contra da Audi à volta dos V10 (Foto: Reprodução)

“Não estou dizendo que isso não está acontecendo, mas certamente as opiniões dos participantes mudaram, e mesmo que a Fórmula 1 esteja em ótima saúde financeira, tornou-se importante protegê-la contra as flutuações da economia mundial”, pontuou.

“Precisamos tomar essas medidas de proteção enquanto o sol está brilhando, e não quando começar a chover, e o esforço para cortar custos é importante. Mas não sonharíamos em fazer isso unilateralmente sem respeitar todos os participantes”, encerrou Tombazis.

Na semana do GP da Austrália, a revista alemã Auto Motor und Sport informou que a FIA havia criado um grupo de trabalho para estudar a reintrodução dos motores V10 já em 2028 ou, no máximo, em 2029, esticando, portanto, o regulamento atual. Uma das razões, segundo a publicação, seria o temor da entidade que regula o esporte a motor e também de Stefano Domenicali, CEO da F1, com a possibilidade de a mudança nas regras no próximo ano acabar com a competitividade que existe atualmente no grid.

O debate sobre o assuntou ganhou força após o F175, evento no qual as equipes apresentaram os carros para a temporada 2025, em fevereiro. Na ocasião, Mohammed Ben Sulayem, presidente da FIA, usou as redes sociais para dizer que o órgão dirigente “deve liderar novas tendências tecnológicas, incluindo o som dos motores V10 movidos a combustível sustentável”. Alguns dias depois, figuras importantes do paddock, como Toto Wolff, chefe da MercedesChristian Horner, representante da Red BullMax Verstappen e Lewis Hamilton, por exemplo, foram questionados sobre a ideia e aprovaram a iniciativa.

Fórmula 1 volta de 4 a 6 de abril em Suzuka, palco do GP do Japão, terceira etapa da temporada 2025.

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