Fórmula 1 estuda banir Piquet do paddock para sempre após uso de termo racista
Após o vídeo em que usa uma linguagem racista para descrever Lewis Hamilton duas vezes, Nelson Piquet se tornou problema para Fórmula 1
A Fórmula 1 levou muito a sério o uso de um termo racista, por parte de Nelson Piquet, para descrever Lewis Hamilton em vídeo que discutia o incidente entre o heptacampeão e Max Verstappen, em Silverstone, no ano passado. Agora, há uma possibilidade real de Piquet ser banido do paddock da Fórmula 1 para sempre.
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A imprensa europeia tem noticiado em uníssona o fato da Fórmula 1 considerar não mais aceitar o tricampeão mundial no paddock. Mais que isso: é a decisão que a F1 está pendendo para tomar, de acordo com a rede de TV inglesa BBC e a revista inglesa Autosport.
Na última terça-feira, após a Fórmula 1, a FIA e a Mercedes iniciarem uma onda de comunicados que, apesar de não citarem Piquet, tratavam da situação e se colocavam em solidariedade a Lewis Hamilton, Damon Hill, campeão mundial de 1996 e atual comentarista da rede de TV inglesa Sky Sports, também tocou no assunto. E foi contundente ao lembrar também a demissão do ex-piloto da Academia da Red Bull, Jüri Vips, após utilizar linguagem racista.
“Isso já passou do limite. Mesmo com algum possível mal-entendido na diferença entre o inglês e o português, certamente é algo sobre o que tem de se desculpar, mas não sei que tipo de desculpas seria suficiente. É muito triste, na verdade. Sinto muito por Lewis por ter de lidar com isso constantemente. É algo que arruína a experiência de ser um piloto da F1 talvez mais do que seja possível da gente entender”, afirmou.
“Este caso é um que tem evidência fácil de confirmar de que algo foi dito e feito. Assim como aconteceu com Jüri Vips – e tomaram ação contra Jüri. Precisamos ter certeza de que o esporte não está apenas acenando para o que é politicamente correto. É preciso ser absolutamente claro”, decretou.
“Há muito tempo eu quero que o esporte seja abundantemente claro sobre defender certos valores, mas o argumento contra isso era que não podiam ser políticos. Essa era a resposta: não somos uma organização política, não podemos. Mas isso não é política: é decência de valores humanos. E o esporte também tem de ser sobre isso”, finalizou.
Hamilton também falou e disse que, após muito tempo para que todos aprendessem, agora é tempo de ações concretas para mudar mentalidades arcaicas.
Depois dos comunicados, da declaração de Hamilton e de Hill, outros pilotos da Fórmula 1 atual também se manifestaram em solidariedade. Foi o caso de George Russell, companheiro de Hamilton na Mercedes, bem como de Esteban Ocon e Charles Leclerc.
“Muito respeito a Lewis Hamilton. Ele fez mais pelo esporte que qualquer piloto em todos os tempos, não apenas na pista, mas fora. O fato de que ele e tantos outros ainda precisam lidar com esse tipo de comportamento é inaceitável. Precisamos nos juntar contra discriminação de todos os tipos”, falou Russell.
“Conheço Lewis desde que cheguei à F1. Ele sempre foi extremamente respeitoso comigo e com todos que encontra. Estes valores deveriam ser o padrão com qualquer um no mundo. Os comentários feitos com relação a Lewis não podem ser tolerados, e nós precisamos continuar empurrando o esporte para se tornar mais diverso e inclusivo. Precisamos remover o comportamento discriminatório e a linguagem racista de todas as formas não apenas do esporte, mas da nossa sociedade”, falou Leclerc.
“Toda linguagem racista ou discriminatória não tem qualquer lugar em nosso esporte e sociedade. Chega! Trabalhei e passei muito tempo com Lewis ao longo dos anos e sei que tipo de pessoa ele é: sempre genuíno e respeitoso com todos a seu redor. Já fez tanto pela F1 dentro e fora da pista, e estamos orgulhosos por tê-lo à frente de nossa luta por diversidade e inclusão no esporte a motor. Eu estou junto a Lewis em seus esforços de tornar o esporte um lugar melhor para todos”, completou Ocon.
Piquet, por sua parte, foi à imprensa internacional na manhã da quarta-feira para se manifestar. Pediu desculpas a Hamilton, mas afirmou que a compreensão mundial se deu por um erro de tradução. Na afirmação, porém, dá a entender que, em português, seria somente uma aplicação normal da expressão em questão ‘neguinho’. Quem é capaz de interpretar textos em português, sabe que não é o caso.
“Gostaria de esclarecer a história circulando na mídia em relação a um comentário que fiz durante uma entrevista no ano passado”, disse Piquet. “O que disse foi mal pensado, e não vou me defender disso, mas quero esclarecer que o termo usado é um termo amplamente e historicamente usado no português coloquial do Brasil como sinônimo de ‘cara’ ou ‘pessoa’ e nunca teve a intenção de ofender”, seguiu.
“Nunca usei a palavra que algumas traduções me acusaram de usar. Condeno fortemente qualquer insinuação de que usei a palavra com o propósito de menosprezar um piloto por causa da cor da pele dele”, frisou. “Peço sinceramente desculpas a todos que se sentiram afetados, inclusive Lewis, que é um piloto incrível, mas a tradução atualmente circulando nas redes sociais não está correta”, frisou.
“Discriminação não tem espaço na F1 e na sociedade e fico feliz em esclarecer o que penso neste sentido”, concluiu.
Assim, o futuro de Piquet como figura da F1 e seus eventos está seriamente a perigo.
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