Gasly, Bottas e Grosjean abrem agosto com corda no pescoço. Mas como isso aconteceu?

A Silly Season ainda não pegou fogo para valer, mas três pilotos parecem destinados a ganhar protagonismo nela – pelos motivos errados. Pierre Gasly, Valtteri Bottas e Romain Grosjean decepcionam e ficam próximos da porta de saída

Pierre Gasly, Valtteri Bottas e Romain Grosjean não são pilotos ruins, nem mesmo para os padrões da Fórmula 1. O trio, de um jeito ou de outro, fez por merecer presença na principal categoria do automobilismo e já parece consolidado. Ou pareceu, já que o desenrolar do primeiro semestre de 2019 transformou um panorama estável em outro preocupante, com os três sem saber ao certo onde vão – ou se vão – correr em 2020. Daí surge a pergunta: como que três pilotos qualificados se meteram nesse buraco?
 
O caso de Gasly talvez seja o mais emblemático, além de ser o mais inesperado. Oito meses atrás, o francês ainda era um piloto em ascensão, com bons resultados na Toro Rosso e que poderia cobrir o buraco deixado por Daniel Ricciardo. A previsão não poderia ser mais errônea: Pierre começou a cometer erros já na pré-temporada, quando bateu duas vezes, e apresentou déficit enorme em relação ao ritmo do companheiro Max Verstappen, tanto em voltas rápidas quanto em ritmo de corrida.
Pierre Gasly vive um 2019 difícil (Foto: Reprodução)

Só que o problema parece estar em expansão. O que antes era uma pura questão de falta de ritmo nas corridas iniciais, com Pierre na rabeira do pelotão dianteiro, parece ter evoluído para a dificuldade de lidar com pressão, piorando ainda mais as performances. Os rumores sobre possível demissão ainda no meio do ano afloraram e, apesar de não parecerem concretos, deixaram claro que 2019 é um ano de sobrevivência. Entretanto, algumas das manchas no currículo já parecem muito difíceis de limpar. O que parece impedir o enforcamento do gaulês em Milton Keynes é a falta de opção melhor – Daniil Kvyat é filme repetido e Alexander Albon está cru demais.

 
Peguemos um carro para ir de Milton Keynes até Brackley, onde outro piloto vive o drama de um último ano de contrato combinado com queda acentuada de performance. Valtteri Bottas começou 2019 como estrela: venceu na Austrália com autoridade, repetiu a dose no Azerbaijão, mas sumiu desde então. É até difícil explicar, mas os primeiros seis meses de campeonato representaram uma ida drástica do céu ao inferno. O que alguns pilotos costumam experimentar em meses ou até mesmo anos aconteceu do dia para a noite com o nórdico.
 
A primeira explicação que vem à mente é de que Bottas não aguentou o calor de Lewis Hamilton na luta pelo título. O finlandês, além de não ser tão ameaçador quanto Nico Rosberg alguns anos atrás, está duelando contra um britânico ainda mais maduro e cirúrgico. Qualquer errinho poderia ser o começo de uma derrocada, e assim foi. O primeiro passo foi deixar de formar dobradinhas da Mercedes, ficando mais vezes em terceiro ou quarto. Depois, na fase atual, contratempos graves: a batida no TL2 da Áustria, a batida no GP da Alemanha, o azar com os dois toques na largada na Hungria. Esse combo bastou para transformar o sonho do título em algo muito, muito distante.
Valtteri Bottas despencou ao longo do ano (Foto: Mercedes)

A questão é que quem dera a briga pelo título fosse a única coisa que importa para Bottas no momento. Mais do que lutar por canecos, Valtteri precisa lutar por um novo contrato. A renovação que parecia certa com o bom começo de ano já virou uma grande interrogação. É possível que a renovação venha, mas muito mais por um desejo da equipe alemã de manter um ambiente agradável para Hamilton, o que não seria tão garantido com a outra opção, Esteban Ocon. O francês foi convincente ao longo dos dois anos de Force India e é, merecidamente, o homem por trás do grande risco de defenestração do #77.

 
O terceiro item na lista é um que não sofre pressão alguma de briga por pódios ou vitória, mas que segue em espiral negativa. Romain Grosjean está na Haas desde 2016 e tem como objetivo único consolidar os americanos como potência do pelotão intermediário. A missão parece à altura de um piloto que até fez bom serviço nos dias de Lotus. Só que Romain segue com um problema antigo: a inconstância e propensão ao erro.
 
2018 já havia sido um grande teste à paciência da Haas. O primeiro terço de campeonato foi tenebroso para Grosjean, com um acidente tosco atrás do outro. O ponto alto foi o GP da Espanha, causando um acidente completamente evitável na largada e levando dois outros carros de arrasto. 2019 ainda não reservou nenhum mega acidente, mas a lista de contratempos é longa.
Romain Grosjean vive em 2019 um ano ainda mais inconstante do que de costume (Foto: AFP)

Os GPs da Espanha, da Inglaterra e da Alemanha são exemplos claros disso. Romain bateu rodas com o companheiro Kevin Magnussen, que definitivamente tem alguma parcela de culpa em cada caso. O dinamarquês aliás, está longe de fazer um ano brilhante. O porém é que Kevin soma mais pontos – 18 – do que Romain – 8. Como é difícil acreditar em uma troca dupla da pilotos, ainda mais com um mercado estático até aqui, fica mais fácil acreditar que o francês seja executado em vias de formar uma dupla mais harmônica e, convenhamos, talentosa.

 
Do jeito que as cartas estão postas à mesa, o trio parece ser o que mais corre perigo no grid atual. Não necessariamente de saída completa da F1 – Gasly e Bottas ainda tem algum tipo de mercado –, mas sim de uma espécie de rebaixamento. Sorte que ainda temos um mês inteiro de especulação para ver o que de fato vai acontecer.

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