Russell apimenta disputa com pole e vira aliado que Ferrari buscava para combater Red Bull

Pode parecer estranho, mas a pole de George Russell é uma boa notícia para a Ferrari – que não foi capaz de colocar seus pilotos na primeira fila. Ainda assim, a Mercedes é um inimigo menos letal que a Red Bull, que terá de remar bem no difícil Hungaroring: Max Verstappen sai apenas em décimo, uma posição à frente de Sergio Pérez. É a chance dos italianos

A Hungria sequer precisou – como não precisa – da chuva para proporcionar uma das mais equilibradas e surpreendentes sessões de classificação da Fórmula 1 em 2022. A pole-position de George Russell fala por si só, mas basta uma olhada simples ao grid formado neste sábado (30) para concordar com a sentença acima e entender a alta expectativa que sempre se faz pelo GP da Hungria. Desta vez, o cenário é o seguinte: o inglês da Mercedes surgiu à frente da favorita Ferrari, que terá Carlos Sainz na primeira fila. Charles Leclerc vai dividir a segunda com um majestoso Lando Norris e sua McLaren. Uma cada vez mais veloz Alpine cravou as posições seguintes e só aí aparece Lewis Hamilton, o sétimo. Max Verstappen? Larga apenas em décimo em um dia errático. Ou seja, tudo junto e misturado. E mais que isso: uma oportunidade providencial para que os italianos de Maranello possam se redimir do papelão da semana passada.

Tudo começa com a chuva que desabou durante o TL3 e limpou o circuito de Hungaroring. A intempérie também forçou uma queda de temperatura – em mais ou menos uns 20 graus na comparação com a sexta-feira. Diante disso, teve início a complexa equação das equipes em busca de encontrar a janela correta de funcionamento dos pneus, além do próprio acerto dos carros para atender também a demanda das 70 voltas do domingo. De começo, parecia que Ferrari e Red Bull haviam achado o compromisso certo para cada setor da pista e que a disputa resumiria, uma vez mais, às duas postulantes. Só que o Q3 mostrou um enredo bem diferente.

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ANÁLISE DA CLASSIFICAÇÃO DO GP DA HUNGRIA

Embora não tenha conseguido explicar a performance que exibiu na fase derradeira da classificaçãoespecialmente depois de uma sexta-feira muito complicada –, a Mercedes foi quem melhor compreendeu a questão dos pneus. Ambos os carros foram capazes de gerar temperatura e aderência. Essa foi uma das razões, mas não só isso, certamente. O fato é que Russell soube como tirar tudo do W13 nessas condições, para superar os dois carros da Ferrari na parte final. Foi uma volta espetacular – a melhor da temporada, dada as particularidades da classificação em Budapeste. Além disso, é importante pontuar que o carro prata não aprecia traçados travados e que exigem mais do downforce como esse da Hungria. Tem sido, como George mesmo falou ontem, um grande teste.

Por isso, a primeira pole da carreira do inglês #63 é tão surpreendente quanto sensacional. “Flutuamos entre o entusiasmo e a tristeza. O que aconteceu hoje não era esperado. Normalmente, o sábado é nosso problema. E é aí que mostramos nosso potencial. Agora, se a corrida for a melhor parte do fim de semana, como de costume, talvez tenhamos virado esse jogo”, afirmou Toto Wolff, antes de brincar: “Precisamos escrever tudo o que fizemos esta manhã, incluindo o que comemos e bebemos, a fim de repetir tudo isso para que possamos vencer.”

“A verdade é que vimos desde o início da classificação que nossos pneus estavam na janela certa e o carro estava equilibrado. Eles pilotaram muito bem e estão ganhando confiança corrida a corrida. Esse foi o resultado”, completou.

George Russell festejou a primeira pole de sua carreira na Fórmula 1 (Foto: AFP)

Talvez o resultado fosse melhor até. Hamilton chegou a dizer que a “primeira fila era alcançável hoje”. O heptacampeão, no entanto, enfrentou um problema com o DRS e sequer terminou a volta final, tendo de se contentar com o sétimo posto. “Francamente, não sabemos de onde veio nosso desempenho, mas hoje devemos parabenizar George, é uma sensação incrível conseguir a primeira pole. Também é ótimo para nós como equipe. Agora temos de entender as razões disso, porque esse ritmo surgiu do nada, mas amanhã vou fazer todo o possível para apoiar George”, acrescentou Hamilton.

Melhor também para a Ferrari – McLaren e Alpine, por tabela. Mas o foco aqui é mesmo a escuderia. Depois de dominar os dois primeiros treinos livres, ficou clara a superioridade técnica da F1-75 no Hungaroring. A pista casa bem com os pontos mais fortes do carro vermelho – tração e downforce – e o desempenho em ritmo de corrida foi assombroso na sexta-feira, principalmente com os pneus médios: quase 0s7 melhor que a Red Bull. Havia, sim, uma dúvida sobre a classificação, por conta dos pneus macios. E aparentemente, a queda mais brusca de temperatura acabou pegando a equipe no contrapé. “Hoje não foi um bom dia, tive muitos problemas com os pneus. Muita inconsistência para ajustar a janela de desempenho dos pneus nessas condições climáticas. Tive dificuldades de acertar uma volta”, reconheceu o monegasco.

A opinião de Leclerc foi confirmada pelo diretor-técnico Laurent Mekies: “Foi uma classificação incomum, porque depois da chuva que caiu pela manhã, nos deparamos com uma pista que não estava mais emborrachada e com temperaturas mais baixas que ontem, então foi recomeçar do zero.”

Ainda que a meta fosse a primeira fila, dado o início promissor, a Ferrari não pode reclamar do que aconteceu nesse sábado. Mesmo com um Russell forte na pole, a Mercedes apresentou um ritmo de corrida consideravelmente menor que o do time de Maranello, então um trabalho inteligente no pit-wall e um desempenho consistente da dupla ferrarista podem se tornar o caminho para a dobradinha sonhada dias atrás por Mattia Binotto. Que dizer, mesmo inesperado, a Ferrari ganhou um aliado dos mais interessantes – que, seguindo tudo em ordem, deve ajudar a roubar pontos importantes da Red Bull, uma vez que os taurinos tem lá seus problemas para resolver.

“No geral, podemos ficar contentes com a performance, pois conseguimos um bom resultado para a equipe, que nos coloca numa posição a partir da qual podemos trazer para casa o melhor resultado possível amanhã”, falou Mekies.

Como dito, é uma grande oportunidade que a Ferrari vê se abrir, principalmente porque seus rivais diretos enfrentaram problemas ao longo da classificação. Sergio Pérez sequer foi ao Q3, enquanto Verstappen percorreu uma rara volta desastrosa na primeira tentativa na fase final – errou na curva 2 e escapou. Instantes depois, no giro decisivo, encarou uma perda de potência, que lhe tirou qualquer chance de brigar pela pole. Larga mesmo da décima colocação.

Max Verstappen enfrentou problemas e ficou longe da disputa da pole na Hungria (Foto: Red Bull Content Pool)

“É lamentável. Acho que não foi um grande problema, mas não era algo que podíamos resolver na pista”, disse o holandês. “De qualquer forma, esse foi o ponto positivo de hoje, entendemos o que deu errado, e o carro estava muito melhor hoje para guiar numa pista que realmente não nos convém”, acrescentou.

O fato é que os taurinos partem neste domingo para uma prova de recuperação em um circuito que não lhes é muito favorável e em uma pista em que a ultrapassagem não é tão simples. Além disso, o ritmo de corrida não pareceu tão especial. Certamente, será uma prova de controle de prejuízo para os energéticos. “É frustrante e será uma corrida difícil com a 10ª e a 11ª colocações. Parabéns a George, que fez uma volta muito boa. Max não teve uma volta representativa. Em teoria, poderia estar ao menos na quarta posição hoje, com chance de pole-position. Pelo menos, (problema) aconteceu hoje e não amanhã”, falou o chefe da Red Bull, Christian Horner.

GRANDE PRÊMIO acompanha AO VIVO e EM TEMPO REAL todas as atividades do fim de semana do GP da Hungria de Fórmula 1. No domingo, corrida tem a largada marcada para as 10h [de Brasília, GMT-3].

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