Russell domina e dá vitória do GP de São Paulo à Mercedes. Hamilton e Verstappen batem

O dia chegou. Se a impressão em dado momento foi de que a Mercedes precisaria de um pacto com a sorte para vencer uma corrida na temporada 2022 de Fórmula 1, o que aconteceu no GP de São Paulo deste domingo (13) foi um pouco disso, sim. Mas também foi uma obra de competência e evolução. Finalmente, assim, a Mercedes tem uma vitória na temporada. George Russell é o mais novo vencedor de corridas no Mundial de F1.

Russell largou bem e relargou melhor ainda sempre que necessário. Jamais foi ameaçado por Lewis Hamilton, Sergio Pérez ou ninguém mais. Uma vitória categórica de um piloto dos mais talentosos da F1 e de uma equipe que comeu o pão que o diabo amassou pelo carro malnascido no ano. A Mercedes se recupera e vence.

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As primeiras voltas de bandeira verde foram repletas de eventualidades. Na largada, Daniel Ricciardo tentou ultrapassagem impossível e tocou Kevin Magnussen, que rodou e acertou o próprio Ricciardo. Fim de corrida para ambos e safety-car.

Depois, na relargada, uma reedição de 2021: Max Verstappen atacou Hamilton e não quis negociar, mas o piloto da Mercedes estava na frente e fechou a porta. Toque e ambos para fora da pista, mas apenas Max com danos graves. Lando Norris também fechou a porta para o ataque de Charles Leclerc, e os dois colidiram. Leclerc rodou e bateu com a traseira no muro, mas seguiu e teve de ir aos boxes. Norris ficou com a barra de direção bastante dura. Norris causaria um segundo safety-car mais tarde quando o carro perdeu potência e parou na pista.

O segundo SC empacotou o pelotão e tirou a vantagem que Russell construíra, mas ninguém tinha condições de chegar até ele. Pérez perdeu velocidade e foi ultrapassado por meio mundo. Hamilton, assim, ficou em segundo, uma dobradinha da Mercedes. Carlos Sainz completou o pódio, seguido por Leclerc, Fernando Alonso num dia mágico, Verstappen, Pérez, Esteban Ocon, Valtteri Bottas e Lance Stroll nos pontos. Russell também teve a volta mais rápida.

O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades AO VIVO e EM TEMPO REAL e cobre o GP de São Paulo de Fórmula 1 ‘in loco’ com Ana Paula Cerveira, André Netto, Evelyn Guimarães, Felipe Leite, Gabriel Curty, João Pedro Nascimento, Luana Marino, Rodrigo Berton, Pedro Henrique Marum e Victor Martins. A F1 encerra a temporada com o GP de Abu Dhabi já na semana que vem, entre os dias 18 e 20 de novembro.

Confira como foi o GP de São Paulo:

Se a sexta-feira adiantou a chuva e a previsão do tempo falava na possibilidade cair água no domingo do GP de São Paulo de Fórmula 1, o que aconteceu foi o oposto exato: um calor de matar. No momento da largada, a temperatura ambiente passava dos 25°C, sensação perto dos 30°C, muito sol e 50°C no asfalto. Era um dia quente para, às 15h [de Brasília], começar a penúltima etapa da temporada 2022.

A corrida sprint definiu o grid de largada para a corrida brasileira. George Russell e Lewis Hamilton fechavam a primeira fila para uma Mercedes animada com as chances de vencer, enquanto Max Verstappen e Sergio Pérez punham a Red Bull logo atrás. Charles Leclerc, Lando Norris, Carlos Sainz, Kevin Magnussen, Sebastian Vettel e Pierre Gasly completavam o top-10.

A segunda parte do pelotão tinha Daniel Ricciardo, Mick Schumacher, Guanyu Zhou, Valtteri Bottas, Lance Stroll, Esteban Ocon, Fernando Alonso, Nicholas Latifi e, por fim, Yuki Tsunoda, que largava dos boxes após troca tardia de asa por parte da AlphaTauri. Drama da Alpine, que tinha os dois carros lá para trás.

A infelicidade pré-largada ficou por conta dos problemas de som para a execução do hino nacional brasileiro cantado por IZA. Interlagos vivia um público máximo histórico: 236 mil pessoas, segundo informações oficiais do evento.

De qualquer maneira, era uma largada com claríssimas diferenças estratégicas no que dizia respeito à estratégia de pneus. Mercedes, Red Bull, Norris, Vettel, Gasly, Ricciardo, Zhou, Bottas e Ocon estavam de pneus macios; Albon, de duros; o restante, de médios.

A largada contou com a Mercedes partindo bem. Russell segurou a ponta, seguido por Hamilton e os rivais rubro-taurinos paradinhos atrás. Não foi uma largada com grandes movimentos, mas teve confusão. Na disputa pelas últimas posições de pontos, Ricciardo tocou a traseira de Magnussen, que perdeu o controle, rodou e acertou o próprio Ricciardo. Fim de corrida para os dois, parados na grama. Safety-car chamado na primeira de 71 giros.

Entre os primeiros colocados, Norris foi quem teve partida de destaque: ultrapassou Leclerc e tomou o quinto posto. Começo desastroso para uma das McLaren e excelente para a outra. Aliás, as repetições da TV tornaram o incidente ainda pior o que aconteceu com Ricciardo. O australiano tentou entrar num espaço que não existia, tocou Kevin e ainda fugiu por uma parte impraticável do traçado, onde um carro rodado certamente iria parar. Para coroar o ano tenebroso. No caso de Magnussen, um fim triste dum fim de semana que começou lindo.

Albon aproveitou a interrupção da corrida e entrou nos boxes para trocar os pneus duros, nos quais só ele apostou, para colocar médios. “Há algo estranho com os pneus na curva três”, foi a mensagem de Leclerc para a Ferrari, mas a equipe garantiu que não era nada.

A relargada viria na abertura da sétima volta. Russell abriu, mas as duas Red Bull se misturaram e abriram atrás para atacar Hamilton, que resistiu. Verstappen colocou por dentro e tentou encontrar espaço, mas estava óbvio o que aconteceria no local de um dos duelos mais duros dos dois no ano passado: tocaram. Ambos saíram da pista, mas Lewis contornou e saiu na frente, ainda que com perda de posições.

Verstappen tentou passar Hamilton no S do Senna, mas não havia espaço. Lewis fechou a porta, e Max forçou assim mesmo. “Não foi um incidente de corrida”, disse o heptacampeão. Verstappen ficou com danos na asa dianteira e foi chamado aos boxes.

Outro incidente da relargada foi logo atrás. Leclerc mergulhou para fora de Norris, mas a McLaren não deu abertura. A colisão fez Charles rodar e bater com a traseira na barreira de pneus, mas manteve o carro ligado e seguiu em frente. Teve de parar nos boxes, ao passo que Lando reclamou do fato do volante ter ficado mais pesado.

Após tudo isso, Russell tinha Pérez em segundo, Sainz, Norris, Vettel, Hamilton, Gasly, Schumacher, Bottas e Stroll no top-10. Verstappen e Leclerc eram os dois últimos colocados entre os que seguiam na pista, em 17º e 18º. Aproveitaram o pit-stop para colocar pneus médios.

A direção de prova agiu rápido. Apenas alguns instantes após as batidas, definiu punições de 5s para Verstappen e Norris, considerando responsáveis pelos acidentes. Hamilton, por outro lado, não queria perder tempo com um bom carro. Passou Vettel e imediatamente começou a apontar na dianteira da McLaren. Logo passou, como estava na cara que aconteceria.

A janela oficial de pit-stops foi aberta na volta 15, quando Alonso trocou um jogo de pneus médios por outro.

Vettel foi na rebarba de Hamilton e também ultrapassou Norris. Além de uma suspeita de intoxicação alimentar que o tirou de combate para atividades não-essenciais do fim de semana, agora Norris tinha uma barra de direção bem dura após o acidente. Sebastian se aproveitou.

Entre os primeiros colocados, Sainz parou na 18ª volta. A parada foi um tanto quanto lenta e jogou um monte de fumaça para o alto no traseiro direito. É recorrente a Ferrari parecer a esquadrilha da fumaça em pit-stops. E Carlos saiu dos boxes ainda assim, mas o tempo perdido faria falta. Logo que voltou à pista, ultrapassou Ocon e mostrou que o carro estava capaz.

Enquanto Sainz atacava os outros e recuperava espaço sem precisar novos pit-stops, avisou que alguma coisa tinha ficado presa no duto de freio e, por isso, fumaça.

Russell estava satisfeito e, na 20ª volta, afirmava que os pneus macios ainda estavam em boas condições e que a Mercedes devia ficar adiar o pit-stop. Pérez parou na 24, colocou pneus macios e, conforme voltava atrás e tentava ultrapassar Bottas, Russell entrou para fazer a parada dele. Ainda conseguiu voltar em segundo, na frente de Pérez. Hamilton liderava, mas tinha de parar.

Verstappen não conseguia se recuperar de pneus médios e também parava, desta feita junto com um grupo formado por Norris, Bottas e Ocon, para botar outro jogo de pneus macios. Leclerc também já efetuara o segundo pit-stop. Hamilton parou na volta 30, colocou pneus médios e voltou no quarto lugar.

Com um pit-stop para todos, Russell, Pérez e Sainz eram os três primeiros. Hamilton, Alonso, Bottas, Vettel, Ocon, Gasly e Norris completavam os dez postos que valiam pontos. Destes, somente Sainz estava de macios. Leclerc e Verstappen eram, respectivamente, 13º e 16º colocados.

Um incidente curioso no pit-lane ficou para a investigação após a corrida. A suspeita era que mecânicos da Alfa Romeo não tiraram as pistolas de troca de pneus do caminho quando Schumacher passava. Tanto é que a Alfa Romeo, como equipe, seria a investigada.

Após uma ultrapassagem de Verstappen contra Albon, o campeão mundial enfileirou Tsunoda. Ao menos deixava alguém para trás e chegava ao 15º posto. Na Alpine, o pneu traseiro esquerdo de Alonso ficou preso e fez a segunda parada demorar um tempão. Mesmo assim, o espanhol acompanhava Verstappen na fileira de ultrapassagens e ia limpando caminho para tentar voltar aos pontos.

Sainz fez uma segunda parada para colocar pneus médios, mas perdeu espaço só para Hamilton. O ferrarista voava na pista e voltava já com a volta mais veloz. Um pouco depois, na volta 40, um reencontro. Leclerc encostava em Norris, desta feita na briga pelo oitavo posto.

Com 8s de frente para Pérez, Russell recebia a mensagem da Mercedes de que o plano era colocar pneus macios na segunda parada e se preferia os médios. “Não, os macios”.

Antes de pensar nisso, a Mercedes podia vibrar com a boa ultrapassagem de Hamilton para cima da Red Bull mais lenta com Pérez. O mexicano defendeu inicialmente, mas, na Junção, não tinha o que fazer. Segundo lugar com ele.

Russell entrou nos boxes na 50º volta para colocar pneus médios. Estava a 21 voltas da primeira vitória na Fórmula 1, mas faltava os pneus sustentarem. Sainz ficava no segundo posto após as paradas de Hamilton e Pérez, mas estes, nesta ordem, eram os quatro primeiros. Russell e Hamilton, de macios; Sainz e Pérez, de médios.

A vida de Russell ficara um pouco mais fácil quando, duas voltas depois, Norris perdeu potência e teve de parar o carro na lateral da pista. Safety-car virtual e Ferrari formada para ver se dava para trazer Sainz novamente aos boxes. Foi o que fez, assim como a Alpine para Alonso.

Verstappen também tinha feito um último pit-stop planejado antes do problema de Lando e colocado os macios para ficar na beirada da zona de pontos, em décimo.

O safety-car virtual não foi suficiente. Duas voltas depois, o bom e velho safety-car físico foi chamado à pista. Hamilton ficou preocupado por ter gente de pneus mais novos atrás, ao passo que Russell recebeu o aviso de que a briga pela vitória também incluía Hamilton. Era possível brigar, mas precisava apenas haver respeito.

Falando em respeito, a Alpine chamou Ocon no rádio e avisou: “Fernando está atrás de você com pneus mais novos. Não foque nele, deixe que passe tranquilo”. Ocon pediu que fosse deixado correr, mas, depois dos acidentes do sábado, a ordem foi clara: “não queremos você lutando com Fernando”.

A retomada da corrida veio na abertura da volta 60. Russell se comportou bem, preparou para estilingar a partir da bandeira verde e manteve a ponta. Hamilton seguiu em segundo, enquanto Sainz partiu para cima de Pérez. Inicialmente, Sergio evitou o movimento para reclamação de Carlos, que achou não ter recebido espaço algum. Em seguida, porém, tomou o terceiro lugar.

Ocon sobreviveu um pouco mais antes de deixar Alonso passar e tomou o posto de Vettel, assim como Fernando. O espanhol, de pneus novos, logo tirou o companheiro da frente e ultrapassou também Bottas, assumindo o sexto lugar. Leclerc deixou Pérez, com rendimento baixo, para trás logo na primeira curva de Interlagos.

O próximo a passar Checo foi Alonso, numa recuperação impressionante. Aí, então, a Red Bull entrou em ação e ordenou a troca de posições: Verstappen passou Pérez para tentar atacar Fernando, mas não conseguiu. Na última volta, o pedido foi no caminho inverso: se não desse para passar, que Max devolvesse a posição para o companheiro. Verstappen disse que não faria isso que era para a equipe “não perguntar de novo” porque “já tinha dado os motivos”.

A vitória de Russell chegou! “É a primeira de muitas, pessoal. Esse foi só o começo”, disse George no rádio. Hamilton ficou em segundo, completando a dobradinha. Sainz fechou o pódio em mais uma corrida de alto nível em Interlagos.

F1 2022, 21ª etapa, GP de São Paulo, Autódromo de Interlagos, Resultado final:

1	G RUSSELL	Mercedes	71 voltas
2	L HAMILTON	Mercedes	+ 1.529
3	C SAINZ	Ferrari	+ 4.051
4	C LECLERC	Ferrari	+ 8.441
5	F ALONSO	Alpine	+ 9.561
6	M VERSTAPPEN	Red Bull RBPT	+ 10.056
7	S PÉREZ	Red Bull RBPT	+ 14.080
8	E OCON	Alpine	+ 18.690
9	V BOTTAS	Alfa Romeo Ferrari	+ 22.552
10	L STROLL	Aston Martin Mercedes	+ 23.552
11	S VETTEL	Aston Martin Mercedes	+ 26.183
12	G ZHOU	Alfa Romeo Ferrari	+ 29.325
13	M SCHUMACHER	Haas Ferrari	+ 29.899
14	P GASLY	AlphaTauri RBPT	+ 26.867	+5s
15	A ALBON	Williams Mercedes	+ 36.016
16	N LATIFI	Williams Mercedes	+ 37.038
17	Y TSUNODA	AlphaTauri RBPT	+ 1 Volta
18	L NORRIS	McLaren Mercedes		NC
19	K MAGNUSSEN	Haas Ferrari		NC
20	D RICCIARDO	McLaren Mercedes		NC

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