GP dos 70 Anos vem com perspectiva de briga por vitória e táticas que nem Pirelli pensou

A corrida deste domingo terá um toque interessante: a possibilidade de uma variação de estratégias, graças a uma escolha pouco comum da Pirelli, às condições de Silverstone e da ousadia de algumas equipes. A Mercedes até larga favorita, mas o GP dos 70 Anos promete mais

O que fazer quando se tem de correr duas vezes seguidas numa das pistas mais exigentes e, ao mesmo tempo, conhecidas de todo mundo que está no grid? A proposta da Fórmula 1 foi tentar jogar com a estratégia, claro. Para isso, a Pirelli mudou as escolhas de pneus e, ao invés de compostos mais resistentes, decidiu levar a Silverstone um conjunto de pneus um estágio mais macio do que aquele usado há sete dias. A opção da semana passada era óbvia, mas acabou temperada pelo uso excessivo da borracha em uma prova de um pit-stop e que fora ainda antecipado. Agora, o sábado (8) trouxe um elemento ainda mais apimentado: compostos de performance semelhante (macios e médios) e um pneu duro que pode virar a chave da prova.

Essa dúvida sobre o desempenho dos compostos vermelhos e amarelos vem desse a sexta-feira de treinos livres, quando Lewis Hamilton comandou o dia com um tempo feito em cima dos médios. Depois da sessão vespertina, o hexacampeão chegou a dizer que não havia muita diferença entre eles, a não ser o desgaste mais acentuado do pneu macio – supostamente o mais rápido. Mas aí veio a classificação, e isso se tornou claro. Muita gente preferiu os médios mesmo, incluindo os dois carros da Mercedes e uma surpreendentemente Renault com Daniel Ricciardo. Mas teve quem precisou do macio, caso de Nico Hülkenberg e Max Verstappen, que vão dividir a segunda fila. Estamos falando aqui da fase final, aquela que coroou Bottas.

Valtteri Bottas vai largar na frente no GP dos 70 Anos da F1 (Foto: Mercedes)

“Nós vimos que os dois tempos mais rápidos do Q3 foram registrados com pneus médios em vez de macios. Este fato por si só indica como a nomeação desta semana para a segunda corrida em Silverstone foi interessante, com o pneu macio proporcionando alta velocidade inicial e depois tendo uma queda de rendimento, enquanto o padrão é o oposto para o médio”, confirmou Mario Isola, o chefe da Pirelli na F1.

Então, com os amarelos mais estáveis, o finlandês derrotou Hamilton para ficar com a pole-position – um curioso desempenho após a renovação do contrato. O inglês teve de aceitar a segunda colocação, com os mesmos pneus e apenas uma variação na configuração aerodinâmica para driblar os ventos em Silverstone. A diferença entre os dois foi de apenas 0s063. Que, claro, não foram incomodados por ninguém, mas a história pode ser diferente na corrida, o que nos faz voltar para a fase intermediária da sessão que definiu o grid.

Como se sabe, é no Q2 que a estratégia de corrida começa a ser desenhada, pois a escolha do pneu para a melhor volta determina o composto para o primeiro stint. Neste cenário, também deu para notar, pelas escolhas de pneus, quem pode surpreender e quem está a perigo. Destaque positivo para Renault, especialmente nas mãos de Ricciardo – que abusou dos pneus amarelos e vai largar com eles neste domingo, comprovando o ótimo rendimento desde a semana passada na pista inglesa.

Pontos também para Pierre Gasly (AlphaTauri), Charles Leclerc (Ferrari), Alex Albon (Red Bull) e Lando Norris (McLaren), que conseguiram minimizar as deficiências de seus carros para alcançar o Q3 com os pneus médios, o que pode se transformar em uma vantagem interessante. O mesmo não pode ser dito de Sebastian Vettel, que seguiu no calvário com a SF1000. Nem os compostos macios foram capazes de ajudar o tetracampeão a entrar na fase derradeira da sessão oficial. Ao menos, terá a chance de escolher melhor os pneus para iniciar a corrida, desde a 11ª posição.

Originalmente, a Pirelli não havia previso um primeiro sint com pneus duros (Foto: Pirelli)

Agora, ninguém se destacou mais que Max Verstappen.

O holandês foi capaz de colocar a Red Bull na parte decisiva da classificação, usando o pneu duro. Apenas ele optou por esse caminho, que pode render frutos dos mais importantes. Foi tão inusitada a escolha que nem a Pirelli tinha previsto a tática em um primeiro momento, quando publicou o quadro com as possíveis estratégias da corrida. Para a fabricante, pareceu uma surpresa e que forçou a atualização mais tarde. “Esta foi uma classificação muito incomum, com Max começando amanhã com pneus duros. Ele os usou para passar ao Q3, o que é provavelmente a primeira vez na história da Fórmula 1”, reconheceu Isola.

A preferência do time austríaco abre uma variedade de táticas, que pode, inclusive, pegar a Mercedes. A ideia basicamente é tirar proveito da maior durabilidade destes pneus para uma primeira perna de corrida mais longa, fazendo uso também do fato de que os carros estão mais pesados no início da prova, o que pode ajudar a equilibrar o ritmo na frente. Assim, Verstappen tem a chance de ficar mais tempo na pista e trabalhar com outras opções, como lançar mão de dois stints de pneus médios ou até um trecho mais curtinho, com os pneus macios, já com o RB16 mais leve, no fim da corrida. A fabricante italiana acha que os compostos vermelhos podem durar até 8 voltas.

É claro que tudo isso vai depender também de eventuais intervenções do safety-car – que aí podem até atrapalhar a vida dos energéticos.

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A Pirelli precisou atualizar as previsões dada a escolha da Red Bull (Foto: Pirelli)

“Amanhã será interessante, pois existem diferentes opções de estratégia disponíveis. No último fim de semana, nós mostramos que temos um bom carro em rimo de corrida, não importa o que aconteça, então o plano é aproveitar ao máximo esse desempenho. Max deu uma volta impressionante no Q2 com o pneu duro e é, portanto, o único piloto entre os dez primeiros a começar a corrida com esse composto, o que deve nos dar mais flexibilidade para a corrida”, disse Christian Horner, o chefe dos taurinos.

De qualquer forma, a decisão da Red Bull confrontou até a Pirelli, e isso é uma boa notícia. Ao que parece, a F1 e a marca de Milão acertaram precisamente ao ir na contramão do que se viu na semana passada.

A largada do GP dos 70 Anos da Fórmula 1 está marcada para 10h10 (de Brasília) deste domingo. O GRANDE PRÊMIO acompanha AO VIVO e em TEMPO REAL.

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