Zhou sofre com adaptação à F1 e passa maior parte da temporada de estreia sumido

Com alguns lampejos mas sem experiência suficiente para manter regularidade, principal marco de Guanyu Zhou na Fórmula 1 até agora foi o acidente assustador sofrido na Inglaterra

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A primeira temporada de um piloto novato na Fórmula 1 é sempre muito complicada. Trata-se de uma categoria que oferece desafios completamente inéditos, como uma enorme exposição, cobranças, sem contar a adaptação aos carros, que demandam habilidade e não toleram erros. É nesse cenário que vive Guanyu Zhou em sua primeira temporada no maior campeonato do esporte a motor.

O primeiro chinês a ser titular de uma equipe de Fórmula 1 indicou ao longo do ano alguns dos motivos que fizeram a Alfa Romeo optar por seu nome, mas claramente ainda carece de experiência para se tornar um piloto mais regular. Com dois top-10 conquistados em 13 corridas até aqui, o resultado pode ser considerado aquém do esperado quando se observa o outro lado da garagem.

Valtteri Bottas representa até uma comparação injusta com Zhou, sendo o oposto do chinês: é sua décima temporada na F1, em uma caminhada que começou modesta na Williams, se tornou destaque ainda na equipe inglesa e alcançou o ápice com cinco títulos mundiais de Construtores pela Mercedes. Com tanta bagagem, o conhecimento falou mais alto, e o finlandês superou o colega em todas as corridas, exceto em uma — na Hungria, última antes das férias.

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Zhou ainda sofre com falta de experiência e é constantemente superado pelo companheiro Bottas (Foto: Alfa Romeo)

Ao mesmo tempo em que demonstra ser um piloto rápido e sem medo de partir para cima dos rivais para buscar posições, Zhou comete erros primários, de alguém que dá seus primeiros passos em um nível tão alto, o que o fez desperdiçar alguns resultados ao longo do caminho.

A melhor corrida, sem dúvidas, aconteceu no Canadá. Saindo da décima posição — uma à frente de Bottas —, o chinês se manteve longe de incidentes até o fim para galgar duas posições e terminar em oitavo. Ainda assim, viu Valtteri alcançar novo rendimento superior e finalizar em sétimo. O ritmo de corrida, ainda que tenha sido o melhor do ano para o chinês, mais uma vez deixou a desejar e causou uma perda de posição para o próprio companheiro de equipe.

Mais rápido em classificação do que nas corridas, Zhou também precisou encarar um problema de largada no carro da Alfa Romeo no início da temporada, o que pode ter lhe custado alguns preciosos pontos. O monoposto do time de Hinwil pilotado pelo novato ativou o sistema anti-parada nas largadas de Bahrein e Arábia Saudita logo após o piloto ser tocado, o que o deixou sem conseguir se mover.

Acidente sofrido na Inglaterra ainda é único momento de destaque de Zhou na F1 (Vídeo: F1 TV)

Considerando que o chinês ainda conseguiu um décimo lugar no Bahrein — em sua estreia como piloto de F1 — e a 11ª colocação em Jedá, é possível imaginar que os pontos estavam sob alcance, não fosse pelo problema do carro. O ritmo foi caindo ao longo do ano, é verdade, e já são quatro abandonos em 2022 — nem sempre por sua culpa.

A falta de experiência ficou explícita no GP de Mônaco, sétima etapa da temporada. Na pista mais estreita do calendário e marcante pelo alto grau de dificuldade, Zhou simplesmente não conseguiu acompanhar o ritmo dos outros pilotos e foi o único do grid a ficar acima da casa de 1min15s na classificação: marcou 1min15s606, mais de 1s atrás do penúltimo colocado Nicholas Latifi — que anotou 1min14s403.

Na corrida, a história se repetiu: Zhou não teve capacidade de suportar o ritmo do pelotão, ficando cada vez mais para trás. Só não terminou em último porque Yuki Tsunoda precisou fazer uma última parada na volta 56 e despencou para o fundo do grid.

Até aqui, o que mais marcou o ano do dono do carro #24 foi o acidente na Inglaterra: passageiro do caos, o chinês não teve o que fazer quando foi arremessado de cabeça para baixo na pista, até parar no alambrado em cena assustadora. Saiu intacto do acidente, comprovando a segurança dos carros atuais, mas já serviu para indicar à FIA que o regulamento precisa de mudanças em relação à segurança.

O carro do chinês ficou preso no alambrado e causou muita preocupação sobre seu estado de saúde (Foto: Ben Stansall/AFP)

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O chinês está longe de fazer um início ruim de temporada. Já deu vislumbres do que pode fazer e da velocidade que consegue alcançar apenas em seu primeiro ano, mas ainda precisa trabalhar a afobação — absolutamente normal para um piloto novato. Ao contrário do que fez Tsunoda em 2021, não entrar em rota de colisão com o próprio time pelo rádio já é um ótimo primeiro passo.

Seu companheiro de equipe, por outro lado, é um daqueles que mais podem ajudar na trajetória do chinês. Bottas chegou para comandar o projeto da Alfa Romeo do alto de sua experiência, e auxiliar Zhou na aclimatação da categoria é uma de suas responsabilidades.

Vítima de xenofobia e preconceito no momento de seu anúncio devido ao dinheiro que traz à Alfa Romeo, Zhou ainda teve pouco tempo para se ajustar e a tendência é de que cresça ao longo do ano. Porém, precisa trabalhar seu ritmo aos domingos se quiser ajudar sua equipe com pontos ainda em 2022.

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