GUIA 2019: Chegada de prodígios britânicos e talento tailandês consolida F2 como formadora de pilotos para F1

Lando Norris, George Russell e Alexander Albon vão deixar a média de idade do grid da F1 em 2019 um tanto mais baixa. Os três jovens talentos chegam depois de um ano de sucesso na F2, mas por vias bem diferentes. Enquanto os britânicos são apoiados por equipes que buscam o ‘novo Lewis Hamilton’, Albon deu a volta por cima depois de ter sido dispensado pela própria Red Bull. Antonio Giovinazzi também vai fazer sua primeira temporada completa na F1

GUIA 2019

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OS TRÊS PRIMEIROS colocados da temporada passada na Fórmula 2 têm a chance de dar o passo definitivo rumo ao Mundial de F1 em 2019. George Russell, campeão, além de Lando Norris e Alexander Albon, segundo e terceiro colocados, respectivamente, vão disputar pela primeira vez uma corrida no grid da principal categoria do automobilismo. 


Em um grid cada vez mais jovem com a presença de nomes como Max Verstappen e Lando Norris, o trio oriundo da F2 chega para derrubar ainda mais a média de idade da Fórmula 1 (25,5 anos em 2019) com um trabalho de base notável. E mostra toda o caráter da F2, cada vez mais, como uma sólida categoria de acesso ao Mundial.

Se for considerar também os pilotos que vão fazer a temporada completa pela primeira vez, aos três jovens vindos da F2 soma-se outro nome, que não é tão novo assim para os padrões atuais do esporte: Antonio Giovinazzi, de 25 anos, italiano contratado pela Alfa Romeo com a bênção da Ferrari.
 
De campeão em 2018 a candidato à rabeira em 2019

Dentre o trio de jovens que chega à F1 em 2019, Russell tem como maior credencial o título da F2, mas também é quem vai contar com o pior carro neste começo de temporada. Nascido em Norfolk, o sorridente britânico de 21 anos foi campeão europeu de kart em 2012, campeão da F4 Inglesa dois anos depois e alçou voos mais altos a partir de 2015, quando passou a integrar o grid da F3 Europeia. 

Depois de dois anos na categoria de base, onde foi o terceiro colocado na sua melhor temporada, 2016 — na qual teve Lance Stroll como campeão —, Russell fez a conhecida escadinha e disputou a GP3 no ano seguinte como piloto da vitoriosa ART Grand Prix. A campanha do britânico foi arrebatadora, com direito a quatro vitórias, sete pódios e o título. A performance ao longo daquele ano lhe valeu o convite que mudaria sua vida nas pistas. George passou a integrar o cobiçado programa de jovens pilotos da Mercedes.
George Russell brilhou em 2018 com o título da Fórmula 2 (Foto: FIA F2)

Não demorou muito para o piloto ter sua primeira chance na F1. Primeiro, pela própria Mercedes, nos testes de meio de temporada em Hungaroring. Depois, também com o apoio de Toto Wolff, na Force India, parceira dos alemães. A primeira vez de Russell em um carro de F1 num treino oficial foi no fim de semana do GP do Brasil, onde participou do primeiro treino livre em Interlagos.


Estava claro, desde o fim daquele 2017, que Russell seria uma aposta da Mercedes para o futuro, assim como Esteban Ocon, enquanto, por outro lado, Pascal Wehrlein era descartado pela fábrica alemã.
 

Mas antes de estar pronto para a F1, Russell escalou mais um degrau na escada rumo ao Mundial ao disputar a F2 no ano passado. Desde o início, o britânico mostrou que a luta pelo título ficaria entre ele e outro prodígio britânico, Lando Norris, protegido da McLaren. Na disputa entre os pilotos da ART Grand Prix e Carlin, melhor para Russell, que assegurou o título com sete vitórias, 11 pódios e cinco poles, sendo bem mais regular que Norris, como mostra o placar final, de 287 pontos, contra 219 de Lando.

George Russell foi emprestado pela Mercedes para lapidar seu talento na Williams (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)

A Mercedes viu em Russell potencial para estar no grid da F1 já neste ano e deu preferência ao jovem piloto em relação a Esteban Ocon. Enquanto o francês, que perdeu sua vaga na antiga Force India, hoje Racing Point, ocupa a suplência de Lewis Hamilton e Valtteri Bottas, Russell contou novamente com a força de Toto Wolff para assegurar um lugar como titular da tradicional Williams.

 
Com toda a fase crítica da equipe de Grove dentro e fora das pistas, Russell já sabe de antemão que vai ter um difícil ano de aprendizado na sua estreia na F1. Com um carro muito mais lento que os das equipes intermediárias, George vai ter de tirar leite de pedra para se destacar. Algo como fez, por exemplo, Charles Leclerc quando teve a chance de estrear correndo pela Sauber e sobressaiu levando a equipe suíça várias vezes ao Q3 e à zona de pontuação no ano passado.
 
Mas é inegável o talento de Russell, que vai precisar amadurecer no fogo do fim do grid para mostrar seu valor.
 
Títulos, talento de sobra e blindagem na McLaren
 
Lando Norris tem uma trajetória semelhante ao do compatriota britânico. Dois anos mais novo, o piloto nascido em Glastonbury — cidade conhecida pelo famoso festival de música — desembarca no Mundial como o mais jovem membro do grid da F1. 
 
Norris também chega credenciado por um currículo de muito respeito e muitos títulos: campeão europeu e bicampeão mundial de kart entre 2013 e 2014, campeão da F4 Inglesa — superando nomes como Colton Herta e Matheus Leist — em 2015, dono dos títulos da F-Renault Europeia e Norte Europeia, da Toyota Racing Series em 2016 e, já como piloto membro do programa de jovens pilotos da McLaren, campeão da F3 Europeia em 2017.
George Russel superou Lando Norris na disputa do título da F2 em 2018 (Foto: FIA F2)

Foram incríveis cinco anos seguidos de Norris comemorando títulos nas pistas. A série só foi interrompida no ano passado, quando Russell o superou e faturou a taça na Fórmula 2. Mas antes da definição do título, Lando já tinha seu destino traçado quando a McLaren o colocou para andar no MCL33 para ganhar quilometragem e aproveitar a experiência do bicampeão Fernando Alonso nos boxes da equipe de Woking. Era a preparação para o que estava por vir.

 
Promovido a titular da McLaren, Norris aterrissa no seu primeiro ano como piloto de F1 cercado de proteção pela própria equipe, que já prometeu blindá-lo de qualquer tipo de pressão por resultados de imediato. A ideia do time britânico é evitar o que aconteceu recentemente com Stoffel Vandoorne, que deixou a F1 ‘queimado’ por não conseguir mostrar seu real potencial depois de grandes anos nas categorias de base, fruto de uma combinação entre insegurança e carros ruins construídos em Woking.
 
Com Norris, Zak Brown tem uma abordagem diferente com o objetivo claro de preservá-lo e ir aos poucos destravando seu potencial. Claro que o objetivo, tanto da McLaren com Norris como da Mercedes com Russell, está em encontrar um ‘novo Lewis Hamilton’, algo que só o tempo vai dizer se vai acontecer.
McLaren quer blindar Lando Norris de pressão por resultados (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)
Enquanto Russell vai dividir os boxes da Williams com o veterano Robert Kubica, que volta à F1 como titular depois de oito anos afastado por conta de um acidente que quase lhe tirou a vida, na McLaren Norris vai formar dupla com outro jovem piloto, ainda que este com um pouco mais de experiência. Caberá a Carlos Sainz, de 24 anos, a tarefa de suceder Fernando Alonso, suportar a inevitável pressão por ser um piloto da McLaren e ser a referência para o novato no seu primeiro ano na F1.
 
 
A grande volta por cima
 
O Red Bull Junior Team já revelou talentos do quilate de Sebastian Vettel e Daniel Ricciardo, mas também mostrou sua faceta mais cruel ao queimar carreiras de outros tantos pilotos nos últimos anos, como António Félix da Costa, Jaime Alguersuari e o próprio Daniil Kvyat. No fim de 2012, um jovem de apenas 16 anos tinha seu sonho interrompido ao ser dispensado do projeto liderado por Helmut Marko: Alexander Albon.
 
Nascido em Londres, o filho do piloto britânico Nigel Albon e da tailandesa Kankamol Albon optou por defender a nacionalidade da mãe nas competições pela Europa. Diz o piloto que era preciso escolher uma bandeira, mas o fato de defender o país asiático também o ajudou a angariar patrocínios tailandeses para apoiar sua carreira nas pistas.
Alexander Albon foi um dos destaques do ano passado na Fórmula 2 correndo pela Dams (Foto: Reprodução)
É verdade que a trajetória do anglo-tailandês não foi tão arrebatadora quanto a de Norris, mas o piloto de origem asiática passou a ser acompanhado de perto por outra equipe da F1, a Lotus — antecessora da Renault, que o nomeou como um dos membros do seu programa de jovens a partir de 2013. No ano seguinte, Alex foi terceiro colocado na F-Renault Europeia, campanha que o ajudou a dar o próximo passo com destino à F3 europeia. 
 
Em 2015, ainda vinculado à Lotus, Albon não fez feio e finalizou em sétimo lugar em meio a um grid forte composto por nomes como Felix Rosenqvist, Antonio Giovinazzi, Charles Leclerc, Lance Stroll, George Russell e Sergio Sette Câmara, que fez algumas provas naquele ano.
 
A boa campanha de Albon na F3 Euro lhe valeu mais uma promoção na carreira, com o piloto defendendo a ART Grand Prix no grid da GP3 em 2016. Foi uma temporada bastante forte, com quatro vitórias, sete pódios e o vice-campeonato, ficando só atrás de Leclerc. Alex continuou defendendo a equipe francesa no seu primeiro ano na F2, em 2017, mas foi apenas razoável ao terminar aquela temporada em décimo. 
Alexander Albon volta a representar a marca da Red Bull seis anos depois de ter sido dispensado (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)
Mas Albon mostrou amadurecimento no ano passado, com exibições que mostraram todo seu potencial. Correndo pela Dams, o piloto ficou a sete pontos do vice-campeonato e terminou em terceiro com quatro vitórias e um total de oito pódios.
 
O trabalho feito por Albon na F2 lhe valeu o convite para assinar pela Nissan, substituta da Renault e parceira da Dams na Fórmula E, para substituir Nicolas Prost. Parecia tudo certo para o tailandês estrear pela ascendente categoria dos carros elétricos, até que começaram a pipocar rumores sobre um eventual convite da Toro Rosso para ocupar a vaga deixada por Brendon Hartley.
 
Foi aí que o destino reservou uma grande surpresa a Albon. De renegado pelo programa de jovens da Red Bull, Alex foi visto como a principal alternativa dos taurinos para fechar a dupla de pilotos da Toro Rosso, que já havia promovido o retorno de Kvyat para ocupar a vaga de Pierre Gasly, que partiu para a equipe-matriz. Na esteira da negociação entre Red Bull e Nissan, Albon foi liberado do seu contrato com os japoneses para ter a chance de ouro na carreira. Uma chance que representa, definitivamente, sua volta por cima na carreira.
 
Fã declarado de Valentino Rossi e Michael Schumacher, Albon vai ser o segundo piloto da história a colocar a bandeira da Tailândia na F1, 65 anos depois da presença de Birabongse Bhanudej Bhanubandh, o lendário Príncipe Bira, que fez parte da primeira corrida da história do Mundial, em 13 de maio de 1950.
 
Ao mesmo tempo em que tem a chance da vida, Albon sabe que vai ter de conviver com a fritura constante que os jovens da Red Bull e da Toro Rosso são submetidos. Diferente de Norris e do próprio Russell, o anglo-tailandês é quem começa 2019 como o novato mais pressionado na F1.
 
 
Estreante, mas nem tanto
 
Quando se trata de novatos, há que se ressaltar também a presença de Antonio Giovinazzi do grid. O italiano não é necessariamente um estreante, ou quase isso. Na verdade, o novo piloto da Alfa Romeo já disputou duas etapas no início da temporada 2017, os GPs da Austrália e da China, pela Sauber, na condição de substituto de Pascal Wehrlein, então lesionado por conta de um acidente na Corrida dos Campeões, em Miami.
Antonio Giovinazzi vai ter a sonhada chance de disputar uma temporada completa na F1 (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)
Antonio foi o responsável por quebrar uma sequência de cinco anos sem um piloto italiano no grid da F1, ainda que por pouco tempo. Em Melbourne, Giovinazzi apresentou uma performance bem razoável para um estreante e não comprometeu, ainda que não tivesse somado pontos. Na sua estreia, terminou em 12º lugar com a Sauber.
 
Mas se a impressão deixada em terras australianas havia sido positiva, Giovinazzi foi muito mal e saiu de cena com uma jornada muito negativa em Xangai. Antonio conseguiu a proeza de rodar e bater no mesmo ponto tanto nos treinos como na corrida: no muro em plena reta dos boxes. Na prova seguinte, Wehrlein reassumiu o posto de titular e Giovinazzi não voltou mais ao grid da F1. 
 
No entanto, graças à sua ligação com a Ferrari, o piloto seguiu como reserva da Haas em 2017 e, no ano seguinte, ocupou a mesma função na Sauber até assumir de vez como titular neste ano. Aos 25 anos, Antonio chega como o piloto mais velho dentre os que ainda não fizeram uma temporada completa na F1 com uma certa desconfiança a respeito do seu potencial, mas sem carregar tanta pressão. Caberá ao italiano aprender com seu novo companheiro de equipe, Kimi Räikkönen, coincidentemente um dos donos da Double R, equipe com a qual Giovinazzi debutou na F3 Europeia em 2013.

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