GUIA 2021: Alpine ousa com carro arrojado e mira top-3 no retorno de Alonso

A Alpine mudou bastante para 2021, e não só no nome. Tem chefia nova, tem piloto novo, tem cores novas. O que não muda é o objetivo: mostrar a que veio no pelotão médio, sonhando com sucesso no embate contra Aston Martin e McLaren

Como foi o terceiro e último da F1 em Sakhir (Vídeo: GRANDE PRÊMIO)

Um fã mais assíduo da Fórmula 1 há de lembrar: até não muito tempo atrás, a Renault era um projeto sem pé nem cabeça. A equipe investia mundos e fundos, mas parecia incapaz de alterar o status de integrante do pelotão médio. O tempo passou e, em 2020, três pódios vieram numa tacada só. Mais um ano e, competindo como Alpine em 2021, os franceses completaram pré-temporada empolgante no Bahrein. A pergunta não é exagero: a nova encarnação da equipe de Enstone finalmente tem as condições de mostrar a que veio na principal categoria do automobilismo?

Essa pergunta começa a ser respondida com o que de mais óbvio há aos olhos do público: a dupla de pilotos. É inegável que a Alpine se deu mal com a saída de Daniel Ricciardo para uma rival direta, a McLaren. A equipe pensou fora da caixa e trouxe Fernando Alonso, que faz um revival na F1 ainda cercado de incertezas. O espanhol é talentoso, mas já tem 39 anos; conhece bem a equipe, mas sofreu um acidente feio de bicicleta; traz experiência, mas passou dois anos longe da categoria. Todos esses fatos são relevantes e podem fazer a balança pender para um lado ou para o outro. Posto isso, é inegável que há alguma estranheza em ver um projeto de longo prazo ligado a um cara que dificilmente terá vida útil no grid, dada a idade avançada.

Esteban Ocon guiando o A521 na manhã do último dia da pré-temporada em Sakhir (Foto: Alpine)

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Para a sorte da Alpine, o outro piloto é alguém de menos extremos: Esteban Ocon evoluiu ao longo de 2020 e, com contrato renovado, tem um ambiente favorável ao seu redor. É inegável que o francês foi ofuscado por Ricciardo ano passado, sem apresentar a consistência necessária para levar a melhor em uma disputa interna. Dito isso, o ano acabou de forma positiva, com o pódio no GP de Sakhir. Isso tudo seria promissor, não fosse um detalhe importante: ninguém tem vida muito fácil com Alonso como companheiro de equipe. Mesmo em anos mais recentes, sem brigar por vitórias, o espanhol conseguiu feitos como derrotar Stoffel Vandoorne em todas as classificações de 2018. Aqueles que conseguiram desafiar o espanhol tenderam a lidar com um clima progressivamente tóxico, comprometendo a performance dos dois. De certa forma, será um desafio decisivo para um francês que não pode se dar ao luxo de ter um novo ano difícil, sob o risco de repetir 2018 e ver a carreira sair dos trilhos.

As mudanças na dupla de pilotos acompanham outras fundamentais quando o assunto é estrutura interna. A mais óbvia está na chefia: Cyril Abiteboul deixou o Grupo Renault como um todo e, logicamente, não seguiu como chefe da Alpine na F1. A mudança foi chave para reformular a alta cúpula da esquadra, que não tem mais o tradicional posto de chefe de equipe. São agora três dirigentes com responsabilidades distintas: Laurent Rossi, Marcin Budkowski e Davide Brivio são os manda-chuvas, mas quem realmente merece destaque é o terceiro. Brivio era chefe da Suzuki na MotoGP até o fim de 2020, agora optando por um desafio diferente. Não que Abiteboul fosse a raiz de todos os problemas da equipe francesa, mas é inegável que a chegada de alguém recém campeão no mundo da motovelocidade traz um know-how que a turma de Enstone, sem saber o que é sequer vencer corrida desde 2013, já não parece ter mais.

O carro, ou pelo menos uma boa parte dele, também tem atualizações importantes. A equipe falou abertamente em ter um carro “meio novo” para acelerar a busca por posições de destaque. No embalo de mudanças forçadas por regulamento na região do assoalho, a equipe desenvolveu mudanças evidentes em toda a tampa do motor. O A521 é mais ‘gordinho’ na entrada de ar acima da cabeça do piloto, indicando uma filosofia diferente. A unidade de potência, que ainda se chama Renault e agora não serve a nenhuma equipe cliente, também traz novidades significativas.

FERNANDO ALONSO; FÓRMULA 1; ALPINE; F1 2021;
Fernando Alonso embarcou em um projeto ambicioso (Foto: Alpine F1 Team)

A pré-temporada se encerrou de forma positiva para a Alpine. Não que o carro tenha sido um foguete, mas deu sinais de evolução. Para começo de conversa, os problemas mecânicos que atormentaram Ocon em 2020 parecem ser coisa do passado, com a equipe surgindo em quarto no ranking de quilometragem. Tanto o francês quanto Alonso praticamente não sofreram com problemas mecânicos no Bahrein. A velocidade não foi particularmente chocante, já que a melhor marca do A521, com o espanhol, foi o décimo melhor tempo na lista de 21 pilotos participantes. Entretanto, com o detalhe de que os azulados não usaram o pneu mais aderente de todos, o C5. 

Para uma equipe do porte da Alpine, o objetivo de 2021 segue o mesmo de anos anteriores, na gestão Renault: repetir 2018 e ser a melhor equipe do pelotão médio. Em 2020, McLaren e Racing Point, agora Aston Martin, acabaram na frente. São duas equipes peso-pesado, com motor Mercedes, e não será fácil. Só que é possível. Basta que o ano de mudanças surta os efeitos desejados ao longo dos próximos meses.

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