GUIA 2025: Ferrari assume risco de ir do céu ao inferno em nome do título na Fórmula 1

Absolutamente ninguém espera outra coisa que não seja Lewis Hamilton e Charles Leclerc brigando ponto a ponto contra Max Verstappen, Lando Norris e companhia na Fórmula 1 2025. Mas é preciso ter pés no chão para entender que essa Ferrari 99% nova vai precisar de tempo até engrenar no campeonato

Em 75 anos de Fórmula 1, nenhuma equipe na história se equiparou — e há de se equiparar — à Ferrari, e isso não é uma constatação baseada puramente nos títulos conquistados entre os construtores que a colocam no topo do ranking (e com boa margem para as segundas colocadas). A aura mítica, quase sobrenatural, que a escuderia do Cavallino Rampante possui arrebata fãs por todo o mundo, mas o que Maranello está prestes a viver em 2025 é algo de uma grandeza que talvez nem mesmo uma equipe com o currículo da Ferrari fosse capaz de prever.

Mas antes de falar do maior plot twist da história recente da F1, uma breve retrospectiva. Primeiro, os fatos confirmam que os italianos souberam contornar os problemas da SF-24 ainda com a temporada passada em andamento a ponto de chegar à última corrida do ano com chances reais de bater o fortíssimo MCL38 da McLaren. Foi, portanto, um vice-campeonato maiúsculo, sólido, coerente com o que o time demonstrou ao longo das 24 corridas realizadas.

Mais, até: a Ferrari conseguiu em 2024 deixar um pouco em segundo plano as patacoadas estratégicas que marcaram 2022 e 2023. Foram ao menos duas vitórias de Charles Leclerc que se desenharam nos boxes, em Monza (ao pegar todos no contrapé com uma única parada) e em Mônaco (por mais que a graça de quase todos andando em ritmo de F2 para não gastar pneu tenha irritado a FIA). Some-se a isso outros três passeios (Austrália e Cidade do México, com Carlos Sainz, e Estados Unidos, com Charles) que, sem dúvida, deixaram o mais pessimista tifosi (se é que ele existe!) certo de que os italianos estavam de volta ao páreo.

LEIA MAIS
+ GUIA 2025: Red Bull tenta esquecer tormenta e tem Verstappen como norte rumo à calmaria
+ GUIA 2025: Lawson chega à Red Bull sob pressão e liga ‘modo sobrevivência’

GUIA 2025: Verstappen busca penta da F1 em tempos de desconfiança na Red Bull
GUIA 2025: F1 chega aos 75 em ano que promete com Hamilton-Ferrari e Brasil no grid

Hamilton em ação com a Ferrari SF-25 (Vídeo: Ferrari)

Esse renascimento da Ferrari, aliás, se deve muito à atual liderança de Frédéric Vasseur, que conseguiu corrigir as falhas de operação evidenciadas na gestão de Mattia Binotto. Foi preciso também mexer em algumas peças no corpo técnico que surtiram efeito, ainda que a médio prazo, mas que mostraram que havia um caminho a seguir. E era urgente toda essa mudança de postura para que a esquadra estivesse pronta para receber o maior piloto de todos os tempos.

A Ferrari sabe que tem absolutamente todos os holofotes voltados para si desde que se tornou de conhecimento público que Lewis Hamilton formaria dupla com Leclerc em 2025. De repente, Maranello foi inundada por um sentimento de orgulho nacional que parecia perdido num passado laureado, quando quem regia Fratelli d’Italia era Michael Schumacher. E tudo isso antes mesmo dos testes da pré-temporada.

A aposta em Lewis, inclusive, é das mais altas, tanto que a Ferrari se preparou com o devido esmero para oferecer a ele (e a Leclerc, claro) o melhor equipamento possível para ir ao combate contra Max Verstappen, Lando Norris e companhia. Até o tom de vermelho da SF-25 foi alterado para simbolizar a vida nova, mas o que realmente chama a atenção é a ousadia das mudanças mecânicas e aerodinâmicas que o modelo traz para a temporada que começa neste fim de semana, na Austrália.

Desde dezembro do ano passado, no tradicional almoço de Natal que a Ferrari oferece à imprensa, Vasseur assegurou que não haveria nem ao menos 1% do carro de 2024 no novo projeto. Aqui e ali, a atenta imprensa italiana revelou o plano de levar o conceito pull-rod, já usado na suspensão traseira, também para a dianteira, nadando na contramão da maioria do grid, que utiliza o push-rod na parte frontal. A diferença do novo para o antigo está na forma como o braço de suspensão se conecta à parte superior da roda, colocando amortecedores e molas em locais inferiores no carro — algo que pode ajudar no centro de gravidade.

Lewis Hamilton e Charles Leclerc vão dividir a Ferrari em 2025 (Foto: Ferrari)

Nas palavras da Ferrari, todas as mudanças, incluindo distância entre-eixos e sidepods, foram projetadas com um único foco: extrair mais desempenho, além de criar novos caminhos em termos de desenvolvimento. É o tipo de resposta óbvia, já que todo mundo vai exatamente em busca disso quando altera algum elemento no carro, mas dá para identificar exatamente sobre o que a Ferrari diz. Primeiro, melhorar a performance nas classificações, já que encontrar a janela certa de temperatura dos pneus em volta única foi uma dor de cabeça no ano passado, e a expectativa é que a suspensão pull-rod poupe mais a borracha em tais condições.

Só que já diz o ditado, ‘quanto mais alto, maior a queda’, e não, isso não é um prognóstico de que o ano da Ferrari será desastroso, de forma alguma. A questão é que há uma inegável onda de esperança de que 2025 será a temporada mais acirrada de todos os tempos, e muito disso está na conta do conjunto Hamilton/Ferrari. Os testes coletivos realizados no Bahrein, contudo, mostraram que a estrada será mais sinuosa do que o sonhado. No último dia, Lewis encerrou as atividades mais cedo após a Ferrari “detectar uma anomalia na telemetria”.

A explicação não demorou a surgir: uma falha na transmissão, ou seja, um problema de confiabilidade. Além disso, a suspensão pull-rod, a grande aposta da Ferrari, exigirá tempo até ser totalmente acertada, tanto que Leclerc destacou problemas de equilíbrio no Bahrein. “Estamos vendo os números que esperávamos, mesmo que tenhamos tido um pouco mais de dificuldade para gerenciar o equilíbrio, então ainda há um pouco a fazer. No momento, estamos trabalhando duro para tentar melhorar o equilíbrio”, explicou à Sky Sports Itália, em Sakhir.

Absolutamente ninguém espera outra coisa que não seja a Ferrari brigando ponto a ponto contra McLaren e Red Bull, portanto qualquer coisa diferente disso será uma enorme quebra de expectativa, e ela é a mãe da decepção. Dificilmente chegará a esse ponto, pois estamos falando de uma equipe que deixou o campeonato passado com uma ótima base nas mãos, mas não fará mal um pouquinho de racionalidade a todos que contam os minutos para acompanhar a nova era da mais tradicional equipe do grid da F1.

Fórmula 1 abre a temporada 2025 entre os dias 13 e 16 de março, no GP da Austrália, em Melbourne. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades AO VIVO E EM TEMPO REAL. O TL1 está marcado para a noite ainda da quinta-feira (13), a partir das 22h30. O TL2 começa já depois da 0h e, portanto, na madrugada da sexta-feira (14), às 2h. Depois, a situação se repete com o TL3 realizado às 22h30 da sexta-feira, enquanto a classificação define o grid de largada começando às 2h do sábado (15). Por fim, a largada está marcada para a 1h do domingo (16). Tanto classificação quanto corrida terão transmissão do GP em SEGUNDA TELA no YouTube, em parceria com a Voz do Esporte. O Briefing chega para comentar na GPTV após o fim de cada dia de atividades.

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
▶️ LEIA TAMBÉM: GPTV alcança 2 milhões de espectadores e prepara novos formatos de exibição

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.