Guia F1 2015: Continuidade é chave para Williams manter rota do sucesso em 2015

Em 2014, a Williams conquistou nove pódios e uma pole-position com uma equipe recém-montada. Em 2015, com a equipe mais entrosada e melhor preparada, a expectativa é crescer. A expectativa é que a continuidade, a maturidade e a mudança de pensamento façam a diferença

A WILLIAMS NÃO VENCEU NENHUMA CORRIDA em 2014, mas não deixou de ser vitoriosa. Mais do que a pole-position de Felipe Massa no GP da Áustria ou o pódio duplo no GP de Abu Dhabi, o grande êxito do time de Frank Williams no ano passado foi dar a volta por cima e se restabelecer como uma equipe de ponta na F1. Para 2015, o objetivo é dar o tão comentado “passo à frente” e levar para casa um troféu de primeiro lugar.
 
A continuidade é a chave. Os pilares são os mesmos que permitiram a conquista do terceiro lugar no Mundial de Construtores, mas a preparação e a confiança são muito maiores. E largar no GP da Austrália do próximo domingo como uma das principais candidatas a se aproximar da Mercedes — senão a principal — representará uma grande responsabilidade para todos os envolvidos.
 
Até mesmo o carro se enquadra nesta continuidade. O FW37 não é um modelo revolucionário. É uma evolução do FW36, com o projeto ficando focado em aprimorar aqueles que foram os pontos fracos no ano passado.
 
De acordo com os depoimentos dos principais personagens do time, esse trabalho teve os resultados comprovados nos testes de pré-temporada.
 
A continuidade também passa pelos aspectos operacionais. Muitos erros foram cometidos no último campeonato, especialmente em pit-stops e em estratégias. Problemas que, provavelmente, custaram vitórias — como no GP do Canadá, em que Massa estava à frente das Red Bull, mas perdeu a posição nos boxes. Daniel Ricciardo acabou com a vitória.
 
Em outras palavras, a Williams de 2015 teria vencido em 2014. Mas olha para a frente e com atenção para colocar todos os pingos nos is e assim voltar ao topo do pódio. “Se conseguirmos começar a temporada no mesmo nível que terminamos, vamos vencer corridas se tivermos um carro rápido. Estamos prontos”, afirma Valtteri Bottas.
Valtteri Bottas (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)
“O time melhorou muito”, diz o diretor técnico Pat Symonds. “Atingimos um nível muito alto no fim de 2014 e é bom ter essa continuidade entrando em 2015, sem grandes mudanças. As poucas mudanças que fizemos são apenas para reforçar a organização. Todos estes lados estão bem promissores no momento.”
 
Symonds confia plenamente na capacidade de sua dupla de pilotos para entregar os resultados que se espera.
 
“Felipe está ficando cada vez mais confortável com o que tem ao redor e com o ambiente em que está. Ele está curtindo correr outra vez, e assim está achando mais velocidade”, elogia o britânico.
 
“E Valtteri teve um ano muito bom no ano passado, aprendeu muito. 2013 foi um ano muito difícil para ele. O carro era difícil, a equipe não estava no nível em que está hoje. Ele aprendeu muito no ano passado, continua aprendendo, e acho que temos uma ótima dupla. Mas outra coisa que temos é a continuidade”, acrescenta.
 
Massa e Bottas também elogiam um ao outro.
 
O brasileiro foi o responsável pelos dois momentos de maior brilho da Williams em 2014: ao largar na pole na Áustria e ao quase derrotar Lewis Hamilton na última corrida do ano. Mas Bottas, mais regular ao longo do campeonato, foi quem encheu o bolso de pontos: 186 e o quarto lugar no Mundial de Pilotos.
 
“Temos um bom relacionamento, fizemos um trabalho bom juntos já. Valtteri tem mais experiência do que tinha no ano passado, trabalhando em um carro melhor. Então tenho certeza que ele é mais completo agora do que quando começou. Não só ele, mas também a equipe”, fala Massa ao GRANDE PRÊMIO.
Felipe Massa (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)
Ele também quer aprender com o colega em 2015: “Sempre tem o que aprender com o outro piloto. Isso faz parte do nosso mundo. Não é porque você tem mais experiência que sabe mais. De jeito nenhum. Olhando o que ele faz, ele olhando o que eu faço e a gente tentando sugar o máximo possível em todas as áreas para fazer o carro evoluir”.
 
Bottas tem um discurso bem parecido, que começa com as mesmas palavras, inclusive: “Temos um bom relacionamento. Sempre tentamos ajudar o time a fazer o carro melhor. E queremos ser melhores que o outro, o que é importante, pois nos faz querer atacar mais”, comenta ao ser questionado pelo GP. “Estou aprendendo mais, é claro. Sei que vou ser um piloto melhor neste ano do que fui no ano passado.”
 
Mentalidade diferente
 
No ano passado, assim como neste ano, a Williams teve os dois carros no top-4 dos tempos da pré-temporada e despontou como a segunda força. Entretanto, demorou muito para realmente começar a se portar desta forma nas corridas. A sequência inicial do campeonato foi fraca, com uma média de pontos baixa e nenhum pódio: o primeiro foi apenas na oitava corrida, na Áustria.
 
Engenheiro-chefe de testes, Rod Nelson tem uma teoria para isso e promete uma postura diferente em 2015.
Williams (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)
“Poderíamos ter tido um grande resultado na Austrália, mas um dos pilotos foi tirado na largada e o outro acabou raspando no muro. Isso fez as primeiras corridas serem tratadas de uma forma um pouco diferente”, consentiu o britânico ao responder ao GP. “Depois de 2013, estávamos focando em pontos. Precisávamos marcar uma boa quantidade de pontos antes que pudéssemos avançar. Então começamos a mirar pódios; depois, se tudo desse certo, talvez até alguma vitória. Neste ano, temos um nível mais alto de performance que nos deixa razoavelmente confiantes de que vamos brigar por bons pontos em um número maior de corridas.”
 
A experiência de enfrentar com maior frequência a Mercedes e a Red Bull no ano passado contribuiu para essa mudança. Agora a esperança é que essa maturidade renda dividendos. “A competição é tão mais apertada na frente e cada erro que cometemos, ou que eu cometi, custa muito mais. Em 2013, se fizéssemos uma estratégia ruim ou se o piloto cometesse um erro, teria menos impacto. Então foi bom passar por isso, pois nos deu a confiança de que somos um time que pode brigar na frente”, relata Bottas.
Felipe Massa (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)
Massa descreve a Williams como uma equipe “diferente, muito melhor, muito mais preparada e muito mais experiente”.
 
Difícil dizer se o FW37 realmente será vencedor até que a verdadeira divisão de forças seja notada na vista na pista. Contudo, vencer é o objetivo e, na mesma medida em que se diz melhor, a Williams também pode ser mais cobrada em 2015.
 
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