Haas entra em colapso e só se salva com novos pilotos. Mas quais as opções?

A Haas parece ter atingido o limite. Sem um carro competitivo, a equipe americana também se vê às voltas de seguidos erros de seus pilotos, especialmente de Romain Grosjean, que hoje é uma incerteza, mesmo para a continuidade em 2019. No momento, uma mudança na dupla parece ser o caminho mais provável, mas quais são as opções da esquadra chefiada por Guenther Steiner?

“Não posso acreditar. Isso não é aceitável”. Assim Guenther Steiner reagiu ao choque (mais um) entre Romain Grosjean e Kevin Magnussen na primeira volta do GP da Inglaterra – os dois já tinham se tocado no GP da Espanha. Desta vez, entretanto, nenhum dos dois completou a corrida, sendo essa a quarta etapa consecutiva fora dos pontos. A Haas vive uma das fases mais bizarras de sua breve história na Fórmula 1. O carro não se parece nem de longe com o bom modelo do ano passado, que a fez concluir a temporada como a quinta força do grid. Hoje, a esquadra norte-americana está à frente apenas da sofrível Williams. Como se não bastasse, a dupla deixa muito a desejar, com um Grosjean cada vez mais errático. Neste momento, parece claro que a equipe de Gene Haas não pode mais sustentar as insanidades de seus pilotos e só uma mudança é capaz de salvá-la do vexame completo.
 
Logo após a corrida em Silverstone, o discurso de Steiner mesclava irritação, uma dose de raiva e até certa tristeza pela forma como a equipe está afundando. "Já havia dito a eles em Barcelona, tinha dito o que não era para fazer [bater um no outro]. Todo mundo trabalha duro como louco aqui. Então, quando nós temos uma chance, os caras batem um no outro. Não é aceitável."

"O melhor que nossos pilotos puderam trazer para a briga foi uma pá, para cavar ainda mais o buraco em que estamos", completou.

A Haas abandonou a corrida em Silverstone (Foto: Haas)

É bem verdade que o VF-19 não nasceu bem e enfrenta problemas para encontrar o melhor desempenho dos pneus Pirelli. Essa é uma queixa recorrente. O carro em si também tem suas falhas e defeitos, muito embora tenha no ritmo de classificação seu ponto mais forte – Magnussen foi cinco vezes ao Q3 em dez corridas até aqui. Só que isso não tem sido suficiente para manter o time na zona de pontos. Desde o sexto lugar de Kevin na Austrália, a equipe somou apenas mais oito pontos – sete na Espanha e apenas um em Mônaco. Daí para frente, a maionese desandou. Quer dizer, a inconsistência em performance de corrida, aliada aos erros da dupla, têm tornado o buraco cada vez mais fundo, de fato. 

 
Há pouco mais de um mês, Steiner repreendia Magnussen pelas insistentes reclamações via rádio ao fim do GP do Canadá, em que dizia que aquela "havia sido a pior experiência que tinha tido na F1". Depois, na França, o próprio chefe afirmou que aquele havia sido o "pior fim de semana de corrida" da equipe. Ainda não havia chegado à etapa inglesa, que serviu para escancarar o colapso.
 
E os problemas começaram ainda durante a semana, quando a controversa patrocinadora Rich Energy usou o Twitter para dizer que estava se desligando da equipe em razão do "mau desempenho". Mais tarde, a própria empresa voltou atrás e disse que a mensagem postada fora trabalho de um "indivíduo desonesto", reiterando o apoio à Haas. Ainda houve desdobramentos do caso, como a mudança, inclusive, do nome da marca, que agora passa a ser Lightning Volt. A ligação com o time ainda segue
Romain Grosjean rodou e bateu em pleno pit-lane (Foto: AFP)

Em meio a tudo isso, o primeiro treino livre em Silverstone viu Grosjean rodar sozinho na saída do pit-lane, bater e destruir a asa dianteira do carro, em um incidente dos mais primários. O episódio foi apenas mais um da extensa lista de erros do francês. Depois disso, ainda veio o acidente da largada e a consequente explosão de Steiner, que, ao ser questionado se não existia realmente uma química com os pilotos, falou: "Eu não sei. Preciso pensar sobre isso com a cabeça fria e descobrir o que faremos. Esse é o meu trabalho. Não tenho uma solução agora, mas tenho de descobrir como podemos avançar. Para mim, essa é uma questão de que a equipe está acima do indivíduo."

 
Diante dessas palavras, já se começa a especular uma eventual mudança na dupla de pilotos, que parece ser, sim, o caminho mais adequado para uma equipe que deseja crescer e que tem nas mãos parcerias técnicas importantes que possibilitam o salto de qualidade. Neste cenário e por tudo que já aconteceu até aqui, entende-se que Grosjean é quem está na berlinda. Mas quais são as opções que a Haas tem no mercado?
 
Um nome que é naturalmente cogitado é o de Sergio Pérez. O veloz e experiente mexicano vem também em um ano difícil com a Racing Point, mas dono do próprio passe. Algumas especulações na imprensa alemã falam que a Mercedes pretende fortalecer as relações com a Racing Point para tentar cavar um lugar para Esteban Ocon, o que tiraria Pérez do cockpit rosa, uma vez que Lance Stroll está totalmente assegurado. Pérez, então, teria a chance de negociar com os americanos – até em termos de patrocínio não seria difícil imaginar tal ligação e não seria também a primeira vez que o piloto procuraria o time chefiado por Steiner. Para Haas, ter alguém com a bagagem de Pérez seria mais do que valioso.
Sergio Pérez já é cogitado para uma eventual vaga na Haas (Foto: Racing Point)
Falando em experiência, também não tem como descartar Nico Hülkenberg. O alemão está em seu último ano de contrato com a Renault e as relações por lá já foram melhores. É claro que Hülk tem valor maior que Grosjean e Magnussen e não conta com um grande aporte financeiro, mas, certamente, é um piloto melhor, que erra menos e é mais combativo. E ele já mudou tantas vezes de equipe que não seria uma grande surpresa.
 
Além dos dois ex-companheiros de equipe, há um piloto dos mais interessante também. Pascal Wehrlein acabou deixando a Fórmula 1 por falta de espaço. A Mercedes não conseguiu realocá-lo após a passagem pela Sauber. O alemão ainda acabou se desligando da marca prateada e foi tentar a vida na Fórmula E. Neste tempo, o jovem se aliou à Ferrari, como piloto de desenvolvimento. Mesma Ferrari que tem parceria técnica com a Haas. Vale dizer que Pascal agora está livre dos compromissos com a categoria elétrica, uma vez que o campeonato se encerrou no último fim de semana.
 
Outro piloto que deixou recentemente a Fórmula 1 e que pode aparecer nesta lista é Stoffel Vandoorne. O jovem belga foi dispensado pela McLaren no ano passado, abraçou a chance na Fórmula E e, como Wehrlein, está livre no momento.
 
Como bônus nesta análise de opções, dá para colocar Ocon. Como os demais cenários acima citados, ainda não há nada de concreto, mas certamente o veloz francês faria um trabalho excepcional na Haas. Há aí, claro, a questão de Esteban estar ligado à Mercedes, mas o time prata já deixou claro que libera o jovem caso haja o interesse sólido em seus serviços.
Pietro Fittipaldi é piloto de testes da Haas (Foto: Haas F1 Team)

Por fim, o brasileiro Pietro Fittipaldi precisa estar entre as opções. O neto de Emerson já tem uma sólida ligação com o time norte-americano, é piloto reserva e tem um trabalhado muito no simulador, ajudando a desenvolver o carro. O problema está na superlicença. Pietro ainda não tem o documento por não somar os pontos necessários: são 36 dos 40 que estão garantidos até o fim desta temporada.

Uma hipótese que pode ser aventada: se a Mercedes quiser mesmo estreitar os laços com a Racing Point e colocar Ocon ao lado de Stroll, Pérez tem as cartas na mão para negociar na Haas, sobretudo levando o patrocínio da mexicana Claro para substituir a obscura empresa de bebidas energéticas. Pietro seria beneficiado porque também é apoiado pela companhia de telefonia. Aí, só restaria resolver a questão dos pontos que lhe faltam para poder correr na F1.

 
As apostas estão abertas a partir de agora — assim como no Sportingbet e no Bet365.  Quem há de vir para sentar no carro da Haas ainda parece um mistério. Mas quem quer que venha chega com a quase-certeza de que vai dar mais resultado — e menos dores de cabeça — para Steiner e Haas.
 

 
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