Haas expõe objeção de equipes à compensação salarial para Audi: “Por que FIA insiste?”
Chefe da Haas, Ayao Komatsu disse que a única equipe favorável à compensação financeira para a Audi no teto de gastos da temporada 2026 da F1 foi a Sauber — o time que será adquirido pelos alemães e tem sede na Suíça, país de altíssimo custo de vida na Europa
As equipes da Fórmula 1 não ficaram nada satisfeitas com a atitude da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) em garantir uma compensação financeira para a Audi com relação ao teto de gastos na temporada 2026, quando a montadora enfim chegará à categoria. O chefe da Haas, Ayao Komatsu, expôs que apenas a Sauber — time que será adquirido pelos alemães — concordou com a proposta na reunião da Comissão de F1 e alertou que tal retribuição pode ser “perigosa”.
A decisão da entidade se deu por conta dos salários mais altos da Sauber na Suíça, país que possui um dos custos de vida mais elevados da Europa. A equipe há tempos argumenta que o orçamento dos funcionários é uma grande desvantagem competitiva em relação às equipes rivais sediadas no Reino Unido e na Itália, que possuem um custo de vida menor.
Para se ter uma ideia da diferença, números da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que promove o desenvolvimento econômico e o bem-estar social, mostram que o salário médio na Suíça em 2022 era de US$ 80 mil (R$ 462 mil), enquanto que no Reino Unido, onde ficam a maioria dos times, a média foi de US$ 54 mil (R$ 311 mil).
Por conta disso, a FIA passou a ser pressionada para incluir no próximo regulamento da F1 uma compensação financeira para os times que operam em nações com níveis salariais mais altos. Em 2026, também por conta das mudanças técnicas, o teto de gastos passará de US$ 135 milhões (R$ 779 milhões, na cotação mais recente) para US$ 215 milhões (R$ 1,24 bilhão) após a inclusão de uma séries de itens sob as regulamentações financeiras, com o acréscimo de subsídios antes isentos, levando em consideração os ajustes de inflação, além das mudanças na taxa de câmbio do dólar americano.
A mudança, no entanto, esteve longe do consenso entre as outras nove equipes do grid, conforme afirmou Komatsu ao portal The Race. O dirigente da Haas disse que os detalhes da mudança “não foram finalizados, ainda estamos debatendo”, mas deixou a posição contrária bem clara.
“Por que uma equipe sediada na Suíça tem isenção? Todos escolhem onde montar sua equipe”, começou Komatsu. “Entre Londres e Oxford e a diferença de preços no norte da Inglaterra, onde você fica? Onde estabelece o limite? Se analisar essas coisas, terá de analisar todos os benefícios”, continuou.
“Para as pessoas que querem morar na Suíça, o raciocínio pode ser diferente. Lembro-me de que, há muito tempo, tentei contratar alguém da Sauber que adorava esquiar e amava as montanhas, por isso não queria vir para a Inglaterra”, argumentou.
“Acho que é muito perigoso olhar nessa dimensão e dizer ‘certo, aqui é mais caro’. Simplesmente olhar para o preço da cerveja ou algo do tipo e dizer ‘ok, é mais caro, portanto, devemos aplicar uma compensação’. Você é livre para se estabelecer onde quiser”, completou Komatsu, explicando que a FIA não deveria levar em conta apenas uma variável para definir concessões.
“Não sei se interessante é a palavra certa, mas na reunião da Comissão de F1, exceto a Sauber, curiosamente, todos foram contra. Portanto, não sei por que a FIA está insistindo totalmente nisso. Mais uma vez, é preciso dizer: e quanto ao pessoal da Ferrari na Itália, a RB, que tem algumas instalações por lá, nós também temos instalações meio italianas, meio britânicas, onde vamos parar?”, indagou.
“Um engenheiro que se muda do Reino Unido para a Itália tem muitos benefícios financeiros por lá, portanto isso está sendo compensado? Claro que não. Onde vamos parar, então? A menos que cada uma das dimensões sejam analisadas, é muito difícil fazer com que seja totalmente justo”, seguiu.
“É possível analisar todas as dimensões? Acho que não. Portanto, acho que é muito perigoso fazer isso, sendo honesto”. Por fim, ao ser perguntado se a proposta seria mesmo aprovada com 90% das equipes contrárias, respondeu: “É você quem diz isso, não?”
Na ocasião do GP dos Estados Unidos, em Austin, o diretor de monopostos da FIA, Nikolas Tombazis, defendeu a mudança e usou o próprio exemplo. “Eu mesmo sei disso, moro em Genebra [na Suíça]. Sempre que vou ao supermercado, penso nisso.”
“Achamos isso injusto e decidimos que poderíamos tentar obter algumas proteções no regulamento ou, eventualmente, significaria que as equipes não poderiam operar e um time como a Sauber teria de fechar e se mudar, o que não achamos ser a maneira certa”, alegou Tombazis.
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