Haas ganha vida com Komatsu e reage. Agora precisa aprender a caminhar sem Hülkenberg
A chegada de Ayao Komatsu renovou os ares de uma Haas que parecia eternamente fadada ao fracasso. O time americano segue em um pelotão menos prestigiado da F1, mas vem pontuando com frequência, especialmente com Nico Hülkenberg, em grande fase. O grande problema é que o alemão não fica para 2025
A Haas é uma das boa surpresas da temporada 2024 da F1. Afogado em um mar de dúvidas, o time chegou para o campeonato como favorito a repetir a lanterna de 2023 e, sob nova direção, virou o jogo. Ainda está longe de ser realmente competitiva, é verdade, mas a Haas ganhou vida pelas mãos de Ayao Komatsu.
O considerável sucesso feito pelo time norte-americano tem duas figuras centrais, sendo uma delas justamente o japonês. Ayao deixou de ser engenheiro e assumiu a chefia da equipe em uma decisão que levantou uma série de questionamentos. E que parece ter sido muito acertada, no fim das contas.
Guenther Steiner, folclórico dirigente, não resistiu aos sucessivos resultados apáticos e deixou o cargo no fim do ano passado. A escolha por Komatsu é que foi a grande surpresa, especialmente pela falta de experiência em cargo de liderança, justamente tomando o controle da lanterna do ano passado.
É verdade que o carro deste ano ainda não tem muito do comando de Ayao, mas as atualizações estão funcionando e essas, sim, já vieram sob a batuta do japonês. Ainda, há um outro fator aqui: a Haas melhorou amplamente o trabalho de boxes, as estratégias, a operação como um todo. Boa parte dos 27 pontos até aqui anotados vieram da sagacidade dos comandados por Komatsu.
Elogios merecidos feitos ao dirigente que ainda desintoxicou o ambiente carregado pelas confusões que Steiner se metia, é hora de falar de Nico Hülkenberg, como não? O alemão é o segundo personagem central aqui e um dos melhores pilotos do grid em 2024. Sem qualquer exagero.
Nico é um dos destaques em classificação, mas isso não é nenhuma novidade pela carreira que teve. O que chama mais atenção é a forma como o alemão tem aproveitado as oportunidades nas corridas. A Haas parou de triturar os pneus como fazia em 2023, é verdade, mas Nico maximiza o que dá dos resultados e aqueles dois sextos lugares seguidos, na Áustria e na Inglaterra, provam isso.
Mas há algo na temporada da Haas que levanta uma preocupação grande ali: Nico tem 22 dos 27 pontos feitos pelo time, mas só esteve no top-10 em cinco oportunidades. Kevin Magnussen, o companheiro, em apenas duas. É uma incidência baixa, menor que as oito da capenguíssima Alpine, por exemplo.
E aí que está: imagina se Hülk não estivesse ali, fazendo o grande trabalho que está? É bom já pensar nisso mesmo, afinal, o alemão está de malas prontas para a Sauber/Audi em 2025. E a Haas vai precisar aprender a caminhar com as próprias pernas.
Magnussen também não fica para o ano que vem, mas por opção da própria equipe, que sentiu que o bom casamento com o dinamarquês saturou de vez. Assim, o time chega de dupla 100% nova, o que também não é a coisa mais indicada do mundo. Ao menos não são dois novatos, como aconteceu no fiasco que a Haas teve com Mick Schumacher e Nikita Mazepin, em 2021.
Chegam ao time o estreante promissor Oliver Bearman, com todo suporte da Ferrari que deve ajudar também na parte técnica do carro, mas também o experiente Esteban Ocon. A velocidade dos dois é indiscutível, só que há um alerta evidente para a adaptação dos dois e a química que essa dupla vai ter, afinal, Esteban tem longo histórico de problemas internos.
A Haas encontrou um horizonte e evoluiu sob comando de Komatsu, ainda sonha com o sexto lugar da RB nos Construtores, mas já precisa trabalhar de olho em 2025. A evolução precisa ser contínua e o trabalho interno tem de ser bem feito. Afinal, não vai ter mais Hülkenberg para operar milagre.
A Fórmula 1 está na tradicional pausa das férias de verão na Europa e volta de 23 a 25 de agosto em Zandvoort, para a disputa do GP dos Países Baixos.
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