Hamilton reitera que “apenas não ser racista não é suficiente: você tem de ser antirracista”

Lewis Hamilton é hoje uma das principais vozes ao redor do mundo na luta contra o racismo, a violência policial e todo tipo de preconceito. Em trecho de entrevista a Lázaro Ramos veiculado no ‘Fantástico’, da Globo, o heptacampeão mundial falou sobre a sua luta por inclusão e dos esforços para que o planeta seja um pouco menos desigual e injusto

Muito mais do que a trajetória ímpar na Fórmula 1 com os sete títulos mundiais, 94 vitórias e 97 poles em uma carreira de 264 GPs disputados, Lewis Hamilton tem um legado que vai muito além das pistas. A voz do britânico de 35 anos ecoa para falar não apenas das suas glórias no esporte a motor, mas também brada contra o racismo e toda forma de preconceito, contra a violação dos direitos humanos e contra a violência policial neste ano em que o piloto viu que era fundamental não ficar em silêncio.

Lewis, que foi para as ruas de Londres para protestar contra o assassinato brutal de George Floyd pelo joelho de um policial branco norte-americano em Minneapolis, levou o protesto contra a morte, igualmente brutal, de Breonna Taylor, para o pódio do GP da Toscana, e no último fim de semana se pronunciou sobre o assassinato do brasileiro João Alberto Silveira Freitas por seguranças brancos em uma loja do hipermercado Carrefour, em Porto Alegre, sabe que sua voz é ouvida por todo o mundo. Por isso, decidiu que não iria mais se calar.

O novo heptacampeão do mundo foi entrevistado pelo ator, diretor, produtor e apresentador Lázaro Ramos. Um trecho da entrevista foi veiculado na noite do último domingo no ‘Fantástico’, da Globo, e será exibida na íntegra no programa ‘Espelho’, do Canal Brasil, às 23h30 desta segunda-feira (23). Lewis foi perguntado sobre o preço que paga por falar sobre racismo no esporte e lembrou, novamente, que não basta se dizer contra o preconceito, mas é preciso ir além.

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Lewis Hamilton ressaltou a importância de ser antirracista (Foto: AFP)

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“Sim. Acho que, provavelmente até nesse ano, você viu pessoas nervosas por compartilharem suas experiências e o abuso que possam ter sofrido, e o preço, a repercussão. Tem pessoas que acham que não existe problema pelo mundo afora, tem pessoas que não entendem o que é racismo porque não viveram isso ou não cresceram perto disso”, ressaltou.

“No mundo de hoje, apenas não ser racista não é suficiente, você tem de ser antirracista. Se você ver acontecendo, tem de falar, tem de contar, tem de não deixar acontecer”, bradou Hamilton.

Questionado por Lázaro se no futuro vamos todos ver outros pilotos pretos em ação na Fórmula 1, Lewis ressaltou as dificuldades que envolvem o acesso a um esporte tão caro, mas fez menção à Comissão Hamilton, projeto liderado pelo piloto que busca uma maior inclusão de profissionais em outras áreas da indústria do esporte a motor.

“Não tenho muito mais tempo de corrida, mas não tem ninguém vindo atrás de mim. O que é muito importante é que o esporte tem tanto a oferecer, não é só pilotar: tem marketing, engenharia, e tem tanto emprego no esporte que não são nada diversos. O que sei que posso ajudar a mudar é particularmente isso”, disse.

“Sempre será um esporte caro, infelizmente, então é complicado para as crianças ou famílias negras que tentam entrar no esporte e gastar tanto dinheiro nisso. E é claro que eu espero que um dia a gente veja uma jovem, uma moça, pilotar na Fórmula 1”, comentou o piloto.

Hamilton, que na entrevista teve sua voz dublada pelo ator Ícaro Silva, falou que a sua luta por mudança e por um mundo menos injusto e desigual é uma forma de dar voz àqueles que não são ouvidos pela sociedade.

Lewis Hamilton, Mercedes, Fórmula 1
Em junho, Hamilton participou de manifestações em Londres em apoio ao movimento Black Lives Matter (Foto: Reprodução)

“Não sou do jeito que um piloto faz as coisas. Gosto de fazer outras coisas fora do esporte. Tem gente que fala que isso é distração, mas para mim isso me dá energia. E acho que nesse ano tive esse foco de pressionar por mudança, pressionar pela conscientização sobre a discriminação que acontece por aí, pelas pessoas que sentem que não têm voz”, comentou.

Lewis se mostrou feliz por saber que tem uma boa base dos seus milhões de seguidores e fãs no Brasil.

“Sou tão grato. Nunca pensei que fosse ter uma reação assim. Uma grande parte dos seguidores é do Brasil. Obrigado. Eu amo muito o Brasil, tenho muito amor pelas pessoas daí. Qualquer coisa que possa encorajar as crianças daí, as pessoas que estão enfrentando dificuldades neste ano… Realmente espero que as palavras que eu uso, as coisas que eu posto, que isso ajude, mesmo que só um pouco”, disse.

O heptacampeão também falou sobre ter chegado à condição de maior vencedor e campeão da Fórmula 1 e reiterou sua admiração por Ayrton Senna. “É uma coisa muito estranha até de pensar. Cresci vendo Fórmula 1 e amava o Ayrton, e através do Ayrton ganhei esse amor pelo Brasil. Sempre quis ser piloto como ele, e acho que hoje gostaria de pensar que ele se orgulharia do jeito que eu piloto”, concluiu.

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