Hamilton realiza sonho e iguala ‘mestre’ Senna com tri em segundo semestre sem graça e previsível na F1

Dominante ao longo de todo o ano, Lewis Hamilton superou Ayrton Senna em número de vitórias e igualou seu grande mestre ao se tornar tricampeão do mundo. Sebastian Vettel também superou as 41 vitórias do brasileiro ao triunfar de forma surpreendente em Cingapura. A segunda parte da temporada marcou também uma reação tardia por parte de Nico Rosberg e consolidou a Force India como a quinta melhor equipe de 2015

Nesta terça-feira (22), o GRANDE PRÊMIO traz a segunda parte da retrospectiva da temporada 2015 do Mundial de F1. Seguindo a ordem cronológica das corridas do calendário, seguimos em frente a partir do GP da Bélgica, que marcou a retomada do campeonato depois da providencial pausa para as férias no verão europeu, até à etapa derradeira, na nababesca Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.
 
Entre agosto e o fim de novembro, foram disputadas nove corridas, nos países a seguir: Bélgica, Itália, Cingapura, Japão, Rússia, Estados Unidos, México, Brasil e Emirados Árabes Unidos. Como se esperava, a Mercedes apenas sacramentou o domínio imposto na primeira fase da temporada e venceu oito das nove provas, com Lewis Hamilton fazendo o suficiente para igualar duas vezes seu herói e ídolo maior no esporte, Ayrton Senna. 
 
Depois de empatar com o brasileiro em número de vitórias na mítica Suzuka (e, duas semanas depois, superá-lo em Sóchi), o britânico finalmente coroou o tricampeonato mundial com três etapas de antecipação em Austin, no Texas, que foi atingida por uma grande tempestade na sexta-feira e no sábado. Daí em diante, só deu Nico Rosberg, numa reação tardia.
 
Sebastian Vettel também teve seu momento de brilho no segundo semestre de 2015 após vencer, com sobras, o GP de Cingapura. Na cidade-estado, a Mercedes foi surpreendentemente irreconhecível e sequer foi sombra daquela equipe que varreu a concorrência do mapa. Vettel chegou à sua terceira vitória no ano e deu mais um grande motivo de festa para os tifosi, além de muita esperança para a temporada que está por vir em 2016.
Definitivamente, a Force India foi a equipe que mais evoluiu em 2015 (Foto: AP)
Foi uma segunda parte da temporada em que alguns outros destaques devem ser abordados: um deles, sem sombra de dúvidas, é a Force India. Com exceção da suprema Mercedes, o time de Silverstone foi o único a pontuar em todas as etapas do GP da Bélgica até à etapa de Abu Dhabi. Sergio Pérez, de quebra, levou novamente a equipe de Vijay Mallya ao pódio, no GP da Rússia. 
 
Também não dá para se esquecer da grande polêmica envolvendo estouros dos pneus de Rosberg e Vettel no fim de semana do GP da Bélgica, o que acabou fazendo cair um pódio no colo de Romain Grosjean, de uma Lotus às voltas com muitos problemas financeiros que antecederam a sua venda definitiva para a Renault, oficializada no mês de dezembro.
 
Outro momento inesquecível em meio a um campeonato mais sem graça que dançar com a irmã foi o retorno do México à F1. Que momento para o esporte. Depois de 23 anos fora do grid, o país asteca colocou nada menos que 330 mil pessoas entre sexta-feira e domingo, lotando as arquibancadas do Autódromo Hermanos Rodríguez e trazendo à F1 um clima parecido com o de uma empolgante partida de futebol — ainda que a corrida em si não tenha sido lá muito empolgante. Mas o evento foi magnífico e digno de receber o galardão de ser o melhor de toda a temporada, empolgando também pilotos e dirigentes do esporte. Em meio a cenários suntuosos, faraônicos, porém sem alma, o retorno do México era tudo o que a F1 precisava
 
No fim das contas, o segundo semestre da F1 foi tão insosso que o primeiro: tingida de prateado, a categoria teve lá seus brilharecos, com Vettel se apresentando muito bem e Max Verstappen dando um show em Austin e Interlagos, mas só. Fernando Alonso, por exemplo, só apareceu quando reclamou do “motor de GP2” da Honda e da galhofa em Interlagos. Resultados, que são bons, só no ano que vem. 
Se Hamilton foi o grande campeão, não é exagero dizer que Verstappen foi a estrela de 2015 (Foto: Getty Images)
A rigor, as disputas nos bastidores foram bem mais impactantes do que as corridas em 2015. Eternas novelas, como a compra da Lotus pela Renault ou a definição da fornecedora de motor da Red Bull ganharam o noticiário. No final do ano, a Renault oficializou sua volta à F1 como equipe, mas não confirmou Pastor Maldonado e Jolyon Palmer para 2016
 
E no que tange à Red Bull, depois das recusas de Ferrari e Mercedes e do veto da McLaren ao motor Honda, o time ficou onde estava quanto aos motores, ou quase: a equipe de Milton Keynes vai continuar usando as unidades de potência da Renault no ano que vem, porém preparadas por Mario Illien, o mago dos motores, e rebatizando-os com a marca do novo patrocinador, a TAG Heuer.
 
 
A seguir, relembre, corrida após corrida, os fatos que marcaram a segunda metade da temporada 2015 do Mundial de F1.
 
 
Polêmica dos pneus marca GP da Bélgica; Grosjean fatura pódio improvável
 
GP da Bélgica, 23 de agosto
Pole-position: Lewis Hamilton
Vencedor: Lewis Hamilton
Segundo: Nico Rosberg
Terceiro: Romain Grosjean
 
O fim de semana do GP da Bélgica, que representou a retomada da temporada, foi marcado pela festa de aniversário de Felipe Nasr, que completava 23 anos e era homenageado pela Sauber e pela Williams, o time que lhe deu sua primeira experiência na F1. Mas a sexta-feira teve muita polêmica, com muitos pilotos reclamando dos furos dos pneus Pirelli nos trechos de alta de Spa-Francorchamps. Rosberg, que liderou os dois primeiros treinos livres, teve o pneu traseiro direito estourar quando contornava a curva Blanchimont, um dos setores de alta velocidade do traçado. Por muita sorte, nada aconteceu.
Estouro do pneu traseiro direito de Rosberg deu início à polêmica com a Pirelli em Spa (Foto: Reprodução/TV)
A falha no pneu de Nico foi atribuída pela Pirelli a fatores externos, como detritos na pista. Tal resposta não agradaria totalmente aos pilotos da F1, que dias depois elevaram o tom. Mas em termos de disputa, não houve lá surpresa alguma. Depois de dar o troco em Rosberg e liderar o terceiro treino, Lewis Hamilton voltou das férias com a pole-position em Spa-Francorchamps, então a sexta consecutiva. Destaques também para a boa colocação de Valtteri Bottas, terceiro colocado com a Williams, e Sergio Pérez, em quarto.
 
Muito se espera do GP da Bélgica pelo fato de Spa-Francorchamps ser uma pista desafiadora, não só pela Eau Rouge, mas por toda a variação do seu traçado, sem falar no clima incerto que vez ou outra dá as caras na pista. Mas naquele domingo, a chuva ficou bem longe da pista perto de Liège. Hamilton largou na frente, até chegou a ser ameaçado por Pérez, mas tomou de vez a dianteira na Les Combes para não ser mais superado. 
 
Foi um passeio, com vitória de ponta a ponta para Hamilton. A Rosberg, restou se contentar com o segundo lugar. E Sebastian Vettel, que largou em oitavo, arriscou com uma tática ousada: fazer apenas uma parada para troca de pneus, fazendo um stint de 29 voltas com pneus macios. Quase deu certo. Porque, na última volta, o traseiro direito estourou na saída da Eau Rouge, e aí o pódio caiu no colo de Romain Grosjean, levando a Lotus a seu melhor resultado em 2015. Vettel, claro, saiu cuspindo marimbondo e criticou duramente a Pirelli, que reuniu os pilotos no fim de semana do GP da Itália.
Williams comete erro histórico: colocou pneus diferentes no carro de Bottas (Foto: Reprodução TV)
Outro fato marcante do GP da Bélgica foi o erro grosseiro da Williams. No primeiro pit-stop de Valtteri Bottas, a equipe britânica se confundiu nos boxes e colocou três pneus macios e um médio, este na roda traseira direita do carro do finlandês. A trapalhada arruinou a corrida de Valtteri, que foi punido com um drive-through e terminou só em nono. Felipe Massa foi o sexto, enquanto Felipe Nasr ficou em 11º. 
 
 
Em Monza, Mercedes usa novo motor e assusta; Massa volta ao pódio
 
GP da Itália, 6 de setembro
Pole-position: Lewis Hamilton
Vencedor: Lewis Hamilton
Segundo: Sebastian Vettel
Terceiro: Felipe Massa
 
O mundo do esporte acompanhou de forma consternada os desdobramentos do bizarro acidente que culminou com a trágica morte de Justin Wilson, ex-piloto de Minardi e Jaguar, nas 500 Milhas de Pocono da Indy. A F1, que já havia chorado a morte de Jules Bianchi em julho, voltava a lamentar o adeus a um piloto que fez parte da categoria. Em debate, depois disso, estava a ideia de se fechar os cockpits
 
Foi nesse clima, de tristeza, que a F1 chegou a Monza para a 12ª etapa da temporada. A grande expectativa estava em torno da Mercedes. Não, ninguém esperava que os carros prateados seriam derrotados no lendário templo da velocidade, mas todos aguardavam o quanto a nova especificação do motor construída em Brixworth seria melhor que a anterior, já a mais potente e confiável do grid. Lewis Hamilton tratou de mostrar o grande trabalho realizado pela montadora alemã.
Em Monza, Massa comemora segundo pódio do ano (Foto: AP)
Lewis sobrou em Monza na sexta-feira e não deu chances nem para Rosberg. No sábado, o britânico, favoritaço, cravou a 11ª pole da temporada, a sétima consecutiva, igualando ninguém menos que Alain Prost e Michael Schumacher. Nico levou enorme desvantagem porque, no treino livre pela manhã, o propulsor novo apresentou problemas, tendo assim de usar a especificação antiga. Desta forma, Rosberg ficou em quarto, atrás até mesmo da dupla da Ferrari, com Kimi Räikkönen partindo em segundo e Vettel em terceiro.
 
O domingo foi a coroação de um fim de semana perfeito para Hamilton na mítica Monza. Sem ter Rosberg como grande adversário, o então bicampeão do mundo passeou e sobrou na pista italiana para alcançar uma grande marca: 40 vitórias na F1. Kimi Räikkönen cometeu um erro na largada e fez cair terra qualquer chance de pódio, que acabou ficando com Vettel, ovacionado pelos tifosi. O top-3 foi completado por Massa, que voltava a faturar um troféu depois de travar uma incrível e limpa batalha com Bottas pelo terceiro lugar. Superado por Marcus Ericsson, nono, Felipe Nasr seguia longe dos pontos ao cruzar a linha de chegada em 13º.
Performance arrasadora do 'loiro' Hamilton em Monza, palco da sua vitória 40 na F1 (Foto: AP)
A vitória de Hamilton chegou a ser posta em xeque em razão de uma determinação por parte da Pirelli não cumprida pela Mercedes no que dizia respeito à calibragem dos pneus — algo que veio na esteira de toda a polêmica dos estouros no fim de semana em Spa. Tanto que, ao fim da corrida, a equipe pediu para Hamilton acelerar e abrir a maior vantagem possível, porém sem justificar o por quê. Mas depois de algumas horas de indefinição, sua vitória em Monza foi confirmada.
 
Faltava, portanto, apenas uma corrida para Hamilton igualar Senna e chegar à mística marca de 41 vitórias na F1. Tinha tudo para ser em Cingapura, ao menos na teoria. Mas quando a prática e o improvável se levantam, a teoria se cala.
 
 
Em fim de semana irreconhecível da Mercedes, Vettel brilha na cidade-estado
 
GP de Cingapura, 20 de setembro
Pole-position: Sebastian Vettel
Vencedor: Sebastian Vettel
Segundo: Daniel Ricciardo
Terceiro: Kimi Räikkönen
 
Depois do domínio avassalador imposto por Hamilton duas semanas atrás, em Monza, a F1 esperava um cenário parecido em Cingapura, principalmente porque Rosberg voltaria a usar a especificação mais atualizada e potente da unidade de potência da Mercedes. Mas o que se viu no GP em Marina Bay foi algo inacreditável. Porque, em momento algum do fim de semana, os carros prateados não conseguiram mostrar a melhor performance. Definitivamente, foi uma jornada fora da curva.
 
O fim de semana em Cingapura começou normal e como os outros, com a Mercedes na frente com tranquilidade: Rosberg liderou o primeiro treino livre, seguido por Hamilton. Mas a segunda sessão mostrou uma Red Bull forte e bem adaptada às condições climáticas e do circuito de Marina Bay, com Daniil Kvyat liderando a sessão e Daniel Ricciardo em terceiro. Entre eles, Kimi Räikkönen. O melhor da Mercedes foi Hamilton, em quarto.
Lewis Hamilton esteve irreconhecível em Cingapura (Foto: AP)
Mas os treinos livres nem sempre refletem a força de determinada equipe ao longo do fim de semana, de modo que a expectativa geral era que a ordem natural fosse restabelecida no sábado, com a Mercedes à frente do resto. 
 
Só que no dia do treino classificatório, tudo mudou. Nada de domínio da Mercedes, pelo contrário. Depois de liderar o terceiro treino livre com autoridade, Vettel colocou a Ferrari na pole-position em Cingapura, quebrando uma sequência da Mercedes. O time prateado, em quase dois anos, só não havia largado na pole no GP da Áustria de 2014, graças a Felipe Massa. E depois de mais de três anos, desde Fernando Alonso em Hockenheim em 2012, a Ferrari não colocava seu carro na pole. 
 
As Mercedes? Ficaram na terceira fila do grid: Hamilton era o quinto, à frente de Rosberg.
A volta do 'fingerboy': Vettel impõe domínio surpreendente e vence em Cingapura (Foto: AP)
Com a Ferrari de Vettel largando na ponta, vindo logo atrás Ricciardo e Räikkönen, era esperado que a dupla da Mercedes viesse para cima desde o começo do GP de Cingapura. Foi uma prova um tanto confusa no seu início, com um toque de Nico Hülkenberg em Felipe Massa, proporcionado o safety-car virtual. No fim das contas, os dois abandonaram. Outro safety-car apareceu quando um cidadão britânico invadiu a pista e quebrou a monotonia da corrida.
 
Mas nem assim as Mercedes conseguiram fazer brilhar o prateado em Marina Bay. Em noite infeliz, Hamilton teve de abandonar por conta de uma falha no acelerador. Vettel foi soberano em uma corrida sem grandes emoções dentro da pista — marcada pela recusa do ótimo Max Verstappen em ceder lugar a Carlos Sainz, a pedido da Toro Rosso — e chegou antes de Lewis à marca de 42 vitórias na F1. 
 
Sem ameaçar a vitória do tetracampeão, Ricciardo terminou em segundo, com Räikkönen completando o pódio. Rosberg terminou em quarto, mas a 24s do líder. E, enfim, depois de um hiato que já vinha desde o GP de Mônaco, em maio, Nasr voltava a pontuar, chegando em décimo.
 
 
De volta à normalidade, F1 finalmente vê Hamilton igualar Senna
 
GP do Japão, 27 de setembro
Pole-position: Nico Rosberg
Vitória: Lewis Hamilton
Segundo: Nico Rosberg
Terceiro: Sebastian Vettel
 
Ainda em choque pela falta de competitividade da Mercedes em Cingapura, a F1 viajou para o Japão para disputar a 14ª etapa da temporada na semana seguinte. Algumas perguntas careciam de respostas: finalmente o império prateado estava prestes a ruir ou apenas fora um fim de semana atípico? A Ferrari já era capaz de igualar forças com a Mercedes? Hamilton chegaria à mística vitória 41?
 
Era inevitável, porém, que a F1 e o mundo do esporte voltasse a Suzuka com o pensamento em Jules Bianchi, que morreu em decorrência de um terrível acidente no GP do Japão de 2014. As lembranças do francês marcaram o fim de semana, com homenagens de muitas equipes, pilotos e dos fanáticos fãs japoneses.
No palco das maiores glórias de Senna, Hamilton igualou o brasileiro em número de vitórias na F1 (Foto: AP)
A abertura dos trabalhos em Suzuka foi marcada pela forte chuva na sexta-feira. De novo, veio o filme do acidente de Bianchi na mente de muitos, mas as atividades correram sem problemas, porém com surpresas: Carlos Sainz Jr. enfiou a Toro Rosso na frente do primeiro treino livre e, novamente debaixo de muita água, Daniil Kvyat fechou o dia como o mais rápido.
 
Mas o cenário era distinto de Cingapura porque Suzuka é uma pista que favorecia o conjunto carro-motor da Mercedes. Hamilton e Rosberg preferiram não se arriscar tanto na pista e pouparam o equipamento para o sábado, que tinha previsão de pista seca.
 
Tanto que, com as condições normais da pista, a F1 voltou à realidade e a Mercedes deu as cartas desde o terceiro treino livre, pela manhã. Nico Rosberg liderou o terceiro treino livre e, na parte da tarde, enfiou o carro prateado #6 na posição de honra do grid do GP do Japão, batendo Hamilton por 0s076. Felipe Massa fez uma grande classificação e obteve o quinto tempo, mas atrás de Valtteri Bottas, o terceiro, e Sebastian Vettel, quarto. Felipe Nasr ficou apenas em 18º.
 
Rosberg voltava à pole-position depois de largar na frente no GP da Espanha. Naquela oportunidade, o alemão dominou a prova em Barcelona. De modo que a expectativa era que o piloto pudesse vencer o duelo com Hamilton para acirrar um pouco mais a briga pelo título.
 
Mas logo na largada em Suzuka, Hamilton jogou duro contra Rosberg, tracionou melhor e dividiu a primeira curva com o alemão para assumir a ponta. Ambos chegaram quase a se tocar, e Nico disse depois que tirou o pé para evitar um incidente. A ‘pipocada’ fez o piloto cair para quarto lugar, superado por Bottas e Vettel, mas depois, com o ritmo do W06 Hybrid naturalmente melhor, conseguiu reagir e voltar ao segundo lugar. Mas não o bastante para brigar com Hamilton, que liderou de ponta a ponta e finalmente empatou com Senna ao chegar à sua 41ª vitória na F1.
Inconformado por ter sido ultrapassado por pilotos como Sainz, Alonso bradou contra o "motor de GP2" da Honda (Foto: Mark Thompson/Getty Images)
A corrida foi de infelicidade para os brasileiros. Nasr abandonou quando restavam quatro voltas para o fim, enquanto Felipe Massa, depois de um incidente com o amigo-irmão Ricciardo na largada, sofreu para encontrar o melhor ritmo da Williams e só terminou em 17º. A prova representou também a insatisfação pública de Alonso com a McLaren e, principalmente com a falta de potência do motor Honda. Na casa da fábrica japonesa, o espanhol bradou contra “o motor de GP2” e classificou a performance como “vergonhosa”.
 
Enquanto uns choravam, Lewis festejava e estava perto de um iminente tricampeonato.
 
 
Na terra de Putin, Hamilton passa Senna em vitórias, e Mercedes chega ao bi-mundial
 
GP da Rússia, 11 de outubro
Pole-position: Nico Rosberg
Vencedor: Lewis Hamilton
Segundo: Sebastian Vettel
Terceiro: Sergio Pérez
 
O fim de semana do segundo GP da Rússia da história iniciou com a grande possibilidade de a Mercedes sagrar-se bicampeã mundial de Construtores, precisando somar apenas três pontos a mais do que a Ferrari. A escuderia de Maranello, segunda colocada, dependia do improvável para continuar numa briga que já tinha vencedor virtual, só restava mesmo a matemática confirmar o título, que viria mesmo em Sóchi.
 
O circuito construído no entorno do Parque Olímpico foi novamente dominado pela Mercedes ao longo dos dias de atividades de pista, com Nico Rosberg garantindo mais uma pole, a segunda seguida e a terceira na temporada. Mas antes, no terceiro treino livre, Carlos Sainz viveu talvez o maior susto da sua carreira como piloto ao bater muito forte, assustando a todos e até mesmo ao pai, que naquele momento estava correndo pela Peugeot no Marrocos como preparação para o Dakar 2016.

Mas, por muita sorte, Carlos Jr. escapou sem qualquer grande ferimento e, corajoso e com a anuência da Toro Rosso, alinhou no grid do GP da Rússia um dia depois da fortíssima pancada.

Carlos Sainz é atendido em Sóchi após acidente que assustou ao mundo da F1 (Foto: AP)
A primeira fila foi formada por Nico Rosberg e Lewis Hamilton. De modo que muito se pensou sobre como os dois abordariam a largada, se Hamilton partiria para cima de Rosberg para tentar ganhar a ponta, enfim. Mas o alemão jogou duro e manteve a liderança.
 
Só que o sonho de Nico em vencer e tentar acirrar um pouco a luta pelo título durou pouco. A partir da sétima volta, o germânico começou a perder potência em virtude de uma falha no acelerador, que acabou jogando a vitória no colo de Hamilton. Rosberg abandonou pouco depois, e aí Sebastian Vettel assumiu o segundo lugar, posição que manteve até o fim.
 
Mais atrás, Valtteri Bottas e Kimi Räikkönen travaram uma boa disputa pelo terceiro lugar. Mas na última volta, o finlandês da Ferrari acertou a Williams do compatriota e os dois rodaram, com maior prejuízo para Bottas, que abandonou. Kimi acabou caindo para quinto, mas foi punido pela direção de prova com o acréscimo de 20s no seu tempo de corrida. Assim, a combinação de resultados envolvendo a vitória de Hamilton, Vettel, segundo, e Räikkönen, oitavo, deu o título de bicampeã do mundo à Mercedes.
Putin escapa do banho de champanhe de Hamilton em Sóchi (Foto: Getty Images)
Quem também teve motivos de sobra para sorrir em Sóchi foi Sergio Pérez. Para coroar uma grande segunda parte de temporada da Force India, o mexicano deu sorte e foi o maior beneficiado com a ‘treta’ finlandesa, vendo cair no colo um pódio que parecia perdido após ser superado por Bottas e Räikkönen por estar com pneus mais desgastados. No fim das contas, foi a premiação pelo belo trabalho da Force India.
 
O triunfo de Hamilton foi marcante porque o britânico havia finalmente superado o ídolo Ayrton Senna em número de vitórias, chegando a 42, batendo também Sebastian Vettel. Assim, dependendo da combinação de resultados, Lewis poderia até ser campeão no GP dos Estados Unidos, país que ele adotou para seus momentos de lazer ao lado das estrelas do showbiz.
 
 
 
Depois do dilúvio, a glória: a coroação do tricampeão Hamilton em Austin
 
GP dos Estados Unidos, 25 de outubro
Pole-position: Nico Rosberg
Vencedor: Lewis Hamilton
Segundo: Nico Rosberg
Terceiro: Sebastian Vettel
 
Depois do triunfo 42 de Lewis Hamilton, alcançado em Sóchi, o britânico tinha tudo para igualar Ayrton Senna e outras lendas como Nelson Piquet, Jackie Stewart, Niki Lauda e Jack Brabham e chegar ao sonhado tricampeonato. O palco da festa já estava montado. Austin, no Texas, receberia a 16ª etapa do Mundial. Só que um dilúvio durante a semana modificou boa parte do cronograma da prova.
 
Os efeitos do furacão Patrícia foram sentidos desde o México até os Estados Unidos. A tempestade teve seus efeitos no Texas, e a forte chuva acabou por levar a direção de prova a, depois de horas de adiamento, postergar o treino classificatório para domingo de manhã. Nesse meio tempo, durante a espera por um desfecho já esperado, muitos pilotos e membros de equipe, até para entreter o público, entraram na galhofa. A imagem de Daniel Ricciardo e Daniil Kvyat dançando na chuva em pleno pit-lane ficou marcada como uma das melhores da temporada.
Ricciardo e Kvyat se divertem debaixo do temporal no Texas (Foto: Red Bull/Getty Images)
No domingo pela manhã, já com a chuva mais amena, Austin já oferecia condições de realizar o treino classificatório. Deu a lógica, com a Mercedes na frente. Mantendo uma sequência vencedora, Rosberg cravou mais uma pole (sem precisar do Q3), a terceira consecutiva, mas Hamilton ficou em segundo. A combinação de resultados indicava que, se o resultado mais habitual ocorresse em Austin, com Lewis em primeiro, Rosberg em segundo e Vettel em terceiro, o britânico conquistaria o tri.
 
A prova começou com a pista ainda bastante úmida, o que levou os pilotos a usarem pneus intermediários no primeiro stint da prova. Rosberg resistiu ao ataque de Hamilton na primeira curva e manteve a liderança. Com a pista secando, muitas equipes optaram por estratégias distintas, o que tornou a prova muito atrativa e emocionante. Mas não para os brasileiros. Felipe Nasr e Marcus Ericsson. Os pilotos da Sauber se enroscaram no começo da prova e abandonaram, levando ambos um pito de Monisha Kaltenborn. E Felipe Massa, que teve uma jornada discreta nos Estados Unidos, abandonou com problemas no amortecedor.
Hamilton era apenas sorrisos depois de garantir o tricampeonato (Foto: Getty Images)
A corrida parecia controlada por Rosberg, que estava tendo um domingo soberbo, o melhor em muito tempo. Mas um erro clamoroso nas voltas finais colocou tudo a perder e permitiu não apenas a ultrapassagem de Hamilton, como também o sonho de adiar um pouco mais a definição do título. Lewis chegava à 43ª vitória na F1 e, de quebra, confirmou o tricampeonato, com direito a muita emoção e comemoração nos boxes da Mercedes.
 
Foi, sem dúvidas, a melhor corrida de todo o segundo semestre no Mundial de F1.
 
 
A F1 entra em catarse com clima de futebol no retorno ao México
 
GP do México, 1º de novembro
Pole-position: Nico Rosberg
Vitória: Nico Rosberg
Segundo: Lewis Hamilton
Terceiro: Valtteri Bottas
 
Uma semana depois de Hamilton confirmar o tricampeonato, pouca coisa estava ainda em disputa na F1: o vice-campeonato, entre Rosberg e Vettel; o quarto lugar entre Bottas e Räikkönen; e a Force India, muito perto de assegurar uma importante quinta colocação no Mundial de Construtores. Em meio a um clima quase que de fim de feira, a F1 desembarcou no México, onde não aportava havia 23 anos, para uma festa das mais incríveis que o esporte já presenciou.
 
A última vez que o México havia recebido a F1 tinha sido em 1992, com Nigel Mansell vencendo a prova derradeira no lendário Autódromo Hermanos Rodríguez. Desde então, muita coisa mudou para 2015. A curva Peraltada faz parte da história, mas o país asteca passava a se ver representado no grid pelo ídolo local Sergio ‘Checo’ Pérez.
Épico pódio do GP do México de F1 (Foto: LAT Photographic)
O que se viu nos dias que antecederam a corrida e o próprio fim de semana foi um povo muito empolgado com o retorno da F1 e os pilotos e equipes também. Impossível esquecer de Hamilton participando de uma luta livre com o astro local ‘Místico’, ou Daniel Ricciardo e Daniil Kvyat provando a incrível culinária mexicana e quase todos os pilotos usando os tradicionais ‘sombreros’ e as máscaras de ‘lucha libre’, inspiradas nas pinturas de capacete dos mesmos.
 
Foi diante desse clima que a F1 voltou a acelerar no remodelado Hermanos Rodríguez. No começo, as críticas ficaram em cima do asfalto, muito liso e, por ser bastante novo, não ser dotado de quase nenhuma aderência. Muitos pilotos reclamaram das dificuldades diante de um asfalto que era descrito como uma pista de gelo. Mas a empolgação diante do público local era muito maior.
 
A maior concentração de pessoas foi no antigo estádio de beisebol Foro del Sol, que ficou instalado justamente na entrada da antiga Peraltada. Só nesse trecho, eram mais de 40 mil os espectadores, que davam ao fim de semana no Hermanos Rodríguez um autêntico clima de jogo de futebol.
De 'sombrero', Rosberg inicia reação tardia no Mundial e começa a empreender sequência de vitórias (Foto: Getty Images)
O fim de semana da corrida em si reservou algumas coisas interessantes. Primeiro, a F1 voltava a correr com o ar rarefeito. Mas os efeitos da altitude, que prejudicaram os motores aspirados na década de 90, foram benéficos às unidades de potência turbinadas atuais. Assim, na grande reta dos boxes, chegou-se ao recorde de velocidade na temporada. Sebastian Vettel alcançou incríveis 366 km/h, mesmo usando um acerto buscando o máximo downforce, ou seja, com muita asa, situação inversa, por exemplo, à de Monza, a pista mais rápida do calendário.
 
A definição da pole não teve grandes surpresas. Com Rosberg impossível em classificações desde a Rússia, o alemão não teve dificuldades para garantir a posição de honra no México, seguido por Lewis Hamilton. E foi assim que, depois de o novo tricampeão chegar a ameaçar brigar pela liderança, Nico segurou no braço e partiu para voltar a vencer na temporada, empreendendo uma reação tardia e levando Hamilton a dar um chilique por ver a Mercedes não lhe permitir adotar uma estratégia diferente.
 
Vettel, por sua vez, fazia sua pior corrida em muito tempo. O tetracampeão esteve irreconhecível; errou na largada, ficou muito aquém do esperado em termos de ritmo de corrida e, para coroar uma jornada desastrosa, bateu na mureta de proteção, levando a direção de prova a acionar o safety-car. A Ferrari teve um domingo para ser esquecido, já que Räikkönen, na reedição do duelo finlandês com Bottas na Rússia, dessa vez levou a pior, enquanto o piloto a Williams foi ao pódio.
Casa totalmente cheia para ver o GP do México (Foto: Getty Images)
Com Rosberg, Hamilton e Bottas, a F1 viu uma cerimônia de premiação incrível, com milhares de fãs no setor do estádio vibrando com o retorno do GP do México. Um clima único para um fim de semana que reuniu mais de 330 mil pessoas. A F1 estava em catarse, e o México devolvia um pouco da alma que faltava ao esporte.
 
 
Em clima de fim de feira, Interlagos tem raro GP sem graça e galhofa de Alonso
 
GP do Brasil, 15 de novembro
Pole-position: Nico Rosberg
Vencedor: Nico Rosberg
Segundo: Lewis Hamilton
Terceiro: Sebastian Vettel
 
A abertura do fim de semana do GP do Brasil marcou a entrega de Interlagos após as primeiras voltas de renovação do paddock, outrora tão criticado pelo seu espaço diminuto às equipes. De fato, as obras foram apresentadas em seu estado bruto, ainda sem acabamento, mas cumpriram com seu propósito: o espaço do paddock foi aumentado e as equipes passaram a ter instalações maiores e mais confortáveis. Longe da ostentação de instalações das nababescas Xangai, Bahrein e Abu Dhabi, mas com um peculiar aconchego que só é sentido pela F1 no Brasil.
 
Interlagos costuma proporcionar boas corridas, até mesmo pelo fato do clima, sempre incerto. Mas desta vez, nem mesmo a chuva que vem da represa deu as caras no circuito, tornando a disputa bastante previsível. 
A galhofa de Alonso foi muito mais marcante do que o GP do Brasil em si (Foto: Reprodução/Twitter)
Mas o clima pesou no fim da sexta-feira em razão a um terrível acontecimento do outro lado do Atlântico. O atentado em Paris deixou a F1 em luto, com franceses como Romain Grosjean, Éric Boullier, Pierre Gasly e o próprio Jean Todt consternados com o terrível acontecimento ocorrido no fatídico 13 de novembro.
 
Na pista, não houve surpresas. A pole ficou com Rosberg, que manteve a boa fase e se colocava como favorito à vitória, assim como havia acontecido em 2014. Hamilton conseguiu o segundo lugar, com Vettel em terceiro e Massa onipresente em oitavo. Mas o destaque da classificação ficou com a dupla da McLaren, mas não necessariamente pelo desempenho. Alonso, depois de sofrer com um enésimo problema no motor Honda, tirou onda, ironizou e ‘tomou sol’ em Interlagos. Pouco depois, ao ver o parceiro Button também limado no Q1, subiu com o companheiro de equipe no pódio, para delírio dos fãs nas arquibancadas e irritação de Ron Dennis. Era a única vez da McLaren no pódio, ainda que de mentira.
 
A corrida foi mais sem graça do que dançar com a irmã: foi uma as provas mais sonolentas e sem emoção do Mundial. Rosberg largou na frente, evitou qualquer ataque de Hamilton, dominou e venceu sua segunda prova consecutiva, e ainda aproveitou para alfinetar o rival pela sua reação, ainda que tardia. Hamilton chegou em segundo e Vettel, terceiro. Em quarto, Kimi Räikkönen foi o último dentre os que terminaram na volta do líder.
Rosberg segura Hamilton para vencer novamente em Interlagos (Foto: Getty Images)
Felipe Nasr cruzou em 13º, enquanto Felipe Massa passou em oitavo, mas foi desclassificado pela direção de prova por conta de uma polêmica medição da temperatura do seu pneu traseiro. Quem deu um show de ultrapassagens, mais uma vez, foi Max Verstappen, o melhor estreante do ano, que fechou em nono lugar.
 
 
GP ‘sem sal’ de Abu Dhabi fecha cortinas de temporada previsível em 2015
 
GP de Abu Dhabi, 29 de novembro
Pole-position: Nico Rosberg
Vencedor: Nico Rosberg
Segundo: Lewis Hamilton
Terceiro: Kimi Räikkönen
 
A previsibilidade foi uma das marcas da F1 em 2015. De modo que uma pista que jamais deu grandes corridas não dava ao público a menor esperança em ver um desfecho interessante de temporada. Assim foi o GP de Abu Dhabi, outra prova dominada pela Mercedes, que coroou um ano incrível com direito a 12ª dobradinha e 32 pódios em um único ano. Dois recordes para o time prateado.
 
Rosberg confirmou o grande momento e garantiu a pole, a quinta seguida, e adiou para 2016 a 50ª pole da carreira de Hamilton, que partiu em segundo lugar. Nenhuma surpresa, portanto.
O último vencedor na F1: Rosberg triunfa na etapa derraideira de 2015, em Abu Dhabi (Foto: Getty Images)
A corrida foi bastante sem graça, assim como a do Brasil. Na primeira volta, Pastor Maldonado e Fernando Alonso se engalfinharam, num reflexo do que foi a paupérrima temporada de ambos. Rosberg largou na frente e não permitiu que Hamilton sonhasse com a emblemática vitória 44, que também ficou para o ano que vem.
 
Destaque para Räikkönen, de volta ao pódio para confirmar o quarto lugar no Mundial de Pilotos em um grande ano da Ferrari, que teve Vettel em quarto em Abu Dhabi. E na corrida 150ª da Force India na F1, Sergio Pérez terminou em quinto e consolidou uma temporada dos sonhos para o time de Silverstone, que alcançou, com o quinto lugar no Mundial de Construtores, sua melhor colocação desde que fez sua estreia na F1, na temporada de 2008.

Mesmo a F1 vivendo um ano previsível e permeado pelo domínio da Mercedes, o fato é que 2015 reservou momentos impagáveis e que ficarão por muito tempo na mente do verdadeiro fã do esporte.

google_ad_client = “ca-pub-6830925722933424”;
google_ad_slot = “8352893793”;
google_ad_width = 300;
google_ad_height = 250;

fechar

function crt(t){for(var e=document.getElementById(“crt_ftr”).children,n=0;n80?c:void 0}function rs(t){t++,450>t&&setTimeout(function(){var e=crt(“cto_ifr”);if(e){var n=e.width?e.width:e;n=n.toString().indexOf(“px”)

var zoneid = (parent.window.top.innerWidth document.MAX_ct0 = '';
var m3_u = (location.protocol == 'https:' ? 'https://cas.criteo.com/delivery/ajs.php?' : 'http://cas.criteo.com/delivery/ajs.php?');
var m3_r = Math.floor(Math.random() * 99999999999);
document.write("”);

PADDOCK GP EDIÇÃO #11: ASSISTA JÁ

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular!Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra, Escanteio SP e Teleguiado.