Hamilton vence acidentado GP da Toscana e Albon é pódio na corrida 1.000 da Ferrari
O GP da Toscana teve todos os requintes de dramaticidade. Na corrida que representou marca histórica para a Ferrari, Lewis Hamilton fez a festa e comemorou sua vitória 90 na F1. Valtteri Bottas teve de se contentar com o segundo lugar, enquanto Alexander Albon superou Daniel Ricciardo e debutou no pódio
Se o GP da Itália da semana passada foi insano, o GP da Toscana deste domingo (13) foi ainda mais louco. Confusão na primeira volta, batida múltipla em relargada estranha, duas bandeiras vermelhas e oito abandonos marcaram a corrida que representou a estreia de Mugello como circuito do Mundial de Fórmula 1 e o 1.000º GP da história da Ferrari na principal categoria do esporte a motor. Em uma corrida carregada de dramaticidade, Lewis Hamilton alcançou outra marca histórica na categoria e fez a festa na casa da principal rival da Mercedes ao conquistar sua vitória 90ª na F1.
Valtteri Bottas teve de se contentar com o segundo lugar depois de tomar a ponta de Hamilton antes da primeira bandeira vermelha da corrida. O finlandês buscou apertar o ritmo, mas não conseguiu superar o hexacampeão, a apenas um triunfo de igualar o recorde de Michael Schumacher. De quebra, Lewis ainda faturou um ponto extra com a volta mais rápida da corrida.
Neste domingo, a Fórmula 1 ganhou também um debutante no pódio: Alexander Albon. Na melhor corrida da sua ainda curta carreira no Mundial, o anglo-tailandês superou a Renault de Daniel Ricciardo nas voltas finais para concluir a disputa na Toscana em terceiro.
O australiano passou em quarto, enquanto Sergio Pérez foi o quinto com a Racing Point. Lando Norris finalizou em sexto com a McLaren, seguido pela AlphaTauri de Daniil Kvyat. Kimi Räikkönen cruzou a linha de chegada em oitavo, mas perdeu uma posição porque foi punido por entrar no pit-lane ainda fechado em uma das intervenções do safety-car.
Na sua corrida festiva, a Ferrari foi bastante discreta. Charles Leclerc foi o oitavo colocado, enquanto Sebastian Vettel abocanhou um pontinho para finalizar em décimo.
A décima etapa desta atípica temporada 2020 está marcada para dentro de duas semanas, o GP da Rússia, realizado em circuito cravado no Parque Olímpico de Sóchi.
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Saiba como foi o GP da Toscana de Fórmula 1
Minutos antes da largada, na volta de saída dos boxes, Max Verstappen reportou problemas no motor Honda que empurra na Red Bull. Os instantes que antecederam o início da prova foram de muito trabalho para a equipe taurina, que conseguiu deixar o carro do holandês pronto para a partida.
A primeira volta da mais nova corrida da Fórmula 1 foi marcada por uma verdadeira bagunça. Antes, na largada, Valtteri Bottas tracionou melhor que Lewis Hamilton e assumiu a liderança. Verstappen, logo no começo, despencou no pelotão e foi um dos pilotos envolvidos na grande confusão ocorrida na curva 2: Pierre Gasly teve seu carro prensado entre a Alfa Romeo de Kimi Räikkönen e a Haas de Romain Grosjean.
Envolvido no incidente, Verstappen foi acertado e parou na caixa de brita, onde não conseguiu sair. O francês, vencedor do último GP da Itália, também abandonou. Sebastian Vettel também teve o carro acertado após uma rodada de Carlos Sainz, que se chocou com a Racing Point de Lance Stroll. O tetracampeão teve de parar nos boxes para trocar a asa dianteira, enquanto o safety-car foi acionado para a retirada dos detritos da pista.
A bandeira amarela vigorou até a sexta volta e tinha Bottas na frente, seguido por Hamilton, Charles Leclerc, Alexander Albon e Stroll em quinto.
Quando os pilotos receberam a determinação para a relargada, Bottas, que puxava o pelotão, vinha muito lento e ziguezagueando para abrir a volta depois que a luz verde foi acionada. O que aconteceu em seguida foi outra grande confusão. Quem vinha atrás foi envolvido em uma batida que, por muito pouco, não trouxe maiores consequências.
Antonio Giovinazzi chegou a sair do chão com sua Alfa Romeo, e o bate-bate ali no meio fez com que Kevin Magnussen, Sainz e Nicholas Latifi batessem forte uns nos outros e de maneira determinante para abandonos. Outros também se envolveram de forma mais leve. No rádio, Romain Grosjean soltou os cachorros para cima de Bottas por ter segurado a fila. “Foi estúpido o que fez seja quem esteja à frente. Querem nos matar?”, bradou.
A direção de prova preferiu chamar a bandeira vermelha para limpar o traçado e, enfim, tentar começar a corrida. Depois que a Renault confirmou que Esteban Ocon também estava fora da corrida por superaquecimento dos freios, o francês se unia a Latifi, Magnussen, Giovinazzi, Sainz, Verstappen e Gasly. A corrida passava a ter somente 13 carros.
Com a bandeira vermelha, as equipes aproveitaram o ensejo para fazer a troca de pneus. Assim, por exemplo, Bottas e Hamilton foram para a sequência da prova com os compostos médios. A relargada, parada, conforme diz o regulamento, foi dada na volta 10 da corrida. Valtteri saiu na frente, mas Hamilton tracionou melhor , emparelhou lado a lado na curva 1, a San Donato, e conseguiu fazer a ultrapassagem. Leclerc aparecia em terceiro, seguido por Stroll, Sergio Pérez, Daniel Ricciardo e Alexander Albon.
Hamilton tinha uma vantagem controlada de 1s5 para Bottas na volta 15, enquanto Leclerc sofria para segurar a ‘Mercedes rosa’ de Stroll. Já o outro carro da Racing Point, o de Pérez, era ultrapassado pela Renault de Ricciardo, que vinha forte para a sequência da corrida.
Leclerc realmente não conseguiu fazer frente aos carros que vinham atrás. Stroll tirou proveito da melhor performance da Racing Point e fez a ultrapassagem para subir para terceiro depois de boas voltas seguindo a Ferrari. Ricciardo, ao contrário, não perdeu tempo e logo superou o monegasco. Por sua vez, Pérez, em má fase, era batido por Albon, que era outro a superar o carro #16 de Charles.
Leclerc era o sétimo, depois de ter sido ultrapassado por Pérez, quando parou para fazer o pit-stop. O chamado plano C consistia em uma troca de pneus e a sequência da corrida com pneus duros. O piloto de 22 anos caiu para 13º e último dentre os que estavam na pista, enquanto um apagado Vettel vinha só em décimo.
Confiante em poder dar o ‘pulo do gato’ contra Hamilton, Bottas pediu à Mercedes o tipo de pneu contrário ao que o britânico escolhesse para o último stint da corrida. Stroll tinha algum alívio depois que Ricciardo fez seu pit-stop. O pit-lane tinha boa movimentação com as paradas também de Pérez, Vettel e Grosjean. Quem se deu mal foi Räikkönen, com problemas no trabalho feito pela Alfa Romeo.
Logo depois de pedir uma estratégia diferente, Bottas perdeu tempo na pista e viu a diferença para Hamilton subir para 6s8 na volta 31. O finlandês reclamava de desgaste excessivo do pneu dianteiro esquerdo antes de partir para a troca. A Mercedes colocou compostos duros para Valtteri ir até o fim da corrida sem nova parada. Na volta seguinte, foi Hamilton quem fez o pit-stop e seguiu na corrida também com pneus duros.
Enquanto Bottas reclamava dos pneus, Ricciardo fazia o chamado ‘undercut’ e superava Stroll depois do pit-stop do canadense. O australiano estava cada vez mais perto de levar a Renault ao pódio pela primeira vez desde Nick Heidfeld no GP da Malásia de 2011.
Hamilton controlava uma vantagem de cerca de 6s para Bottas, que torcia por um safety-car, Ricciardo era o terceiro e vinha seguido por Stroll e Albon. Leclerc lutava por posição com a AlphaTauri de Daniil Kvyat quando a Ferrari o chamou para um novo pit-stop. O monegasco fez seu último stint com pneus médios.
Se a corrida foi incrivelmente agitada e acidentada nas primeiras voltas, o terço final da disputa caminhava de forma bem mais tranquila, até monótona. Até que, na volta 43, Stroll enfrentou um furo no pneu enquanto percorria a segunda ‘perna’ da curva Arrabbiata e bateu forte na barreira de pneus. Com o novo acionamento do safety-car, Bottas logo de imediato foi o primeiro a fazer novo pit-stop e arriscar tudo ao trocar os pneus duros pelos macios. Hamilton também fez a parada e se manteve na frente com a bandeira amarela.
Mas com 45 voltas, a direção de prova acionou pela segunda vez a bandeira vermelha na corrida. A alegação foi que era preciso arrumar a barreira de pneus avariada após a batida de Stroll. Durante o processo de remoção, o carro do canadense pegou e ficou praticamente destruído.
Durante a interrupção, a direção de prova anunciou uma determinação incomum e pediu para Grosjean e Räikkönen, 11º e 12º, respectivamente, passarem a fila de carros e descontassem a volta que tinham de desvantagem. Ao mesmo tempo, o finlandês era investigado por ter entrado no pit-lane sem ainda ter permissão para tal, do mesmo jeito que aconteceu com Hamilton e Giovinazzi em Monza semana passada.
Os pilotos partiram para uma nova largada todos usando pneus macios para as voltas finais da corrida. Hamilton alinhou novamente na posição de pole, lado a lado com Bottas, enquanto Ricciardo era o terceiro e Albon completava a segunda fila.
Hamilton largou muito bem e não deu chances a Bottas, que partiu mal e foi superado por Ricciardo. Albon manteve o quarto posto, à frente de Pérez, Lando Norris, Kvyat, Leclerc e Räikkönen. Só que o finlandês teve de pagar punição pela infração cometida antes de nova entrada do safety-car. Russell, que mostrava até ter chances de pontuar, despencou para a última posição na pista com a Williams.
Ricciardo não teve como segurar Bottas, que fez a ultrapassagem na volta seguinte. O australiano passou a ser atacado por Albon, que buscava seu primeiro pódio na Fórmula 1.
Valente, Albon emparelhou com Ricciardo na curva San Donato e fez a ultrapassagem para subir ao terceiro lugar na corrida na volta 51. Em seguida, o anglo-tailandês apertou o ritmo e até se aproximou de Bottas. Mas o dono do carro #77 não apenas respondeu, como encostou em Hamilton. Só que o hexacampeão controlou a vantagem e conseguiu manter a diferença na casa de 1s5, abriu bem mais no fim e chegou a outra vitória histórica na Fórmula 1.
Fórmula 1 2020, GP da Toscana, Mugello, Resultado Final:
1 | L HAMILTON | Mercedes | 59 voltas | ||
2 | V BOTTAS | Mercedes | +4.880 | ||
3 | A ALBON | Red Bull Honda | +8.064 | ||
4 | D RICCIARDO | Renault | +10.417 | ||
5 | S PÉREZ | Racing Point Mercedes | +15.650 | ||
6 | L NORRIS | McLaren Renault | +18.883 | ||
7 | D KVYAT | AlphaTauri Honda | +21.756 | ||
8 | C LECLERC | Ferrari | +28.345 | ||
9 | K RÄIKKÖNEN | Alfa Romeo Ferrari | +29.770 | +5s | |
10 | S VETTEL | Ferrari | +29.983 | ||
11 | G RUSSELL | Williams Mercedes | +32.404 | ||
12 | R GROSJEAN | Haas Ferrari | +42.036 | ||
13 | L STROLL | Racing Point Mercedes | +15 voltas | NC | |
14 | E OCON | Renault | +50 voltas | NC | |
15 | N LATIFI | Williams Mercedes | +52 voltas | NC | |
16 | K MAGNUSSEN | Haas Ferrari | +52 voltas | NC | |
17 | A GIOVINAZZI | Alfa Romeo Ferrari | +52 voltas | NC | |
18 | C SAINZ JR | McLaren Renault | +52 voltas | NC | |
19 | M VERSTAPPEN | Red Bull Honda | +58 voltas | NC | |
20 | P GASLY | AlphaTauri Honda | +58 voltas | NC | |
VMR | L HAMILTON | Mercedes | 1:18.833 | volta 59 |