In loco: Red Bull é surpresa com gestão de pneus no México. Mercedes evita riscos e Ferrari quer respostas

O primeiro dia de treinos livres da F1 no Hermanos Rodríguez viu um raro domínio da Red Bull. Max Verstappen puxou a dobradinha dos touros e deixou a impressão de que tinha razão, quando falou ainda na quinta-feira, que a equipe era também favorita. E os segredos dos austríacos estão na aderência mecânica e na gestão dos pneus

A etapa mexicana da F1 é um sempre um desafio único para equipes e pilotos. A altitude elevada da Cidade do México – 2.235 m acima do nível do mar – já provoca mudanças nas configurações dos motores, que perdem performance, e no carro, além do desempenho dos pneus. Aliado a isso tudo, houve ainda as altas temperaturas registradas durante as atividades, provocaram enorme desgaste dos compostos hipemacios. O Hermanos Rodríguez também possui um traçado único, misturando um pouco, em termos de acerto, ao que se vê em Monza, com pouquíssima pressão aerodinâmica, com o que acontece em Mônaco, em seus trechos mais lentos. Por isso, a aderência mecânica é algo importantíssimo nesta pista. Diante desse cenário, portanto, não é surpresa ver a Red Bull comandar a tabela de tempos. O surpreendente mesmo foi a forma como liderou. 
 
Na primeira sessão do dia, Max Verstappen se impôs com 1min16s656, 0s483 mais rápido que Daniel Ricciardo. Os melhores tempos foram conquistados com os pneus hipermacios. A Renault se mostrou forte já pela manhã e colocou seus dois pilotos à frente de Mercedes e Ferrari, com Carlos Sainz melhor que Nico Hülkenberg. Ainda que a performance tenha impressionado, ficou a sensação de que as duas melhores equipes do grid ainda não tinham dado seu melhor, uma vez que Lewis Hamilton teve alguma dificuldade de encontrar pista limpa, enquanto os italianos optaram por testar um novo assoalho (no carro de Kimi Räikkönen).
 
Chamou a atenção nesta fase a enorme degradação dos pneus hipermacios – a versão mais rápida do fim de semana. Todos, com exceção da dupla rubro-taurina, se queixaram do extremo desgaste dos compostos rosas, que foram pela primeira vez utilizados aqui e representam dois estágios mais suaves do que os usados em 2017. 
Max Verstappen teve problemas em seu Red Bull no final do segundo treino livre no México (Foto: Reprodução)

Mas foi à tarde, então, que a imagem ficou mais nítida. A alta temperatura da pista, alcançando os 45ºC, fez equipes como a Mercedes e a Ferrari testarem os pneus supermacios e ultramacios, enquanto a Red Bull seguia em sua toada de velocidade com os hipermacios, especialmente. A gestão de pneus feita nos carros austríacos foi impressionante. Tanto em uma única volta rápida quanto em ritmo de corrida. Talvez a esquadra dos energéticos seja a única a tentar uma estratégia mais arriscada para o domingo. E quem melhor explicou a performance foi Verstappen.

 
"Nós temos um bom carro, uma boa pressão aerodinâmica e uma boa aderência mecânica", disse o holandês, que teve a opinião compartilhada pelo chefão da equipe, Christian Horner: "Ambos os carros foram rápidos nas duas sessões, o que é bastante encorajador."
 
Talvez a aderência mecânica, mais do que administração dos pneus, seja o grande diferencial da Red Bull aqui. É claro que também há a questão da potência do motor. Com a altitude, os motores sofrem uma queda de desempenho de cerca de 22%, mas isso é relativo. As unidades com menos potência acabam perdem menos na comparação com aqueles motores que têm mais performance, daí certo equilíbrio de forças e a redução das distâncias. Aqui pode estar a justificativa para o ótimo resultado da equipe Renault nesta sexta. 
 
Só que há uma nuvem negra pairando sob as garagens da Red Bull. A confiabilidade segue sendo uma preocupação. Verstappen deixou o TL2 nos minutos finais por conta de uma suspeita de falha hidráulica e Ricciardo também registrou episódios de perda de potência. Agora se tudo sair como nesta sexta-feira, a Red Bull não só é favorita à pole, como também à vitória.
Lewis Hamilton viveu um raro dia complicado (Foto: AFP)
Isso porque as adversárias viveram um dia estranho e confuso. A Mercedes encontrou dificuldades com os pneus, como todo mundo, mas também teve de lidar com a ameaça de um superaquecimento de motor. Por isso, optou por um mapeamento menos agressivo para impedir a perda de uma unidade de potência. "De todos os stints que fizemos hoje, nós temos de concluir que ainda não encontramos o melhor acerto para atender às incomuns exigências e ter uma boa performance, tanto em uma única volta quanto no ritmo de corrida", explicou o direito-técnico da Mercedes, James Allison.
 
"Nós tivemos de enfrentar um superaquecimento no motor em várias áreas hoje, isso quer dizer que tivemos de nos precaver."
 
Já a Ferrari aproveitou o dia para testar novas peças e um assoalho redesenhado. Mas, no fim das contas, decidiu voltar atrás e vai correr o GP mexicano com as especificações mais antigas. O grande problema dos vermelhos hoje ficou mesmo com a falta de aderência. "Eu teria ficado mais feliz se tivesse mais aderência. Essa é uma pista menos sensível à potência. Mas era esperado ver a Red Bull muito forte. Não acho que nós tivemos uma volta perfeita. Nós deveríamos ter foi na frente dos Renault. Mas todo mundo está no limite com pneus e tentando fazê-los funcionar, com exceção talvez da Red Bull”, explicou o alemão, resumindo bem o cenário dentro dos boxes de Maranello.
 
Para sábado, durante o dia, não há previsão de chuva, só para a noite, o que deve mudar um pouco a questão do desgaste e aderência. De qualquer forma, a classificação vai ver uma disputa real entre as três principais equipes e talvez uma Renault intrusa. Para a corrida, a Pirelli prevê, apesar da degradação, uma prova de uma única parada. 
GRANDE PRÊMIO cobre ‘in loco’ o GP do México de F1 neste fim de semana com a repórter Evelyn Guimarães.
 
E o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 acontece este ano nos dias 9, 10 e 11 de novembro, no autódromo de Interlagos. Os ingressos para a corrida estão disponíveis no único site oficial do evento: www.gpbrasil.com.br.
 
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