Inábil para gerir imprevistos, F1 erra feio ao tentar levar adiante início da temporada
A Fórmula 1 viveu uma prova de fogo na Austrália e falhou miseravelmente. Ainda que a decisão de cancelar um GP, às vésperas dos primeiros treinos, seja complexa, a direção do Mundial demorou demais para responder diante da desistência da McLaren e revelou uma inabilidade que preocupa
É claro que a Fórmula 1 – e o mundo, diga-se – jamais esteve diante de um cenário de crise como o que o novo coronavírus impõe. A doença, que teve início na China no fim de dezembro passado e tomou o planeta de assalto nas últimas semanas, exige reações rápidas, dada a velocidade com que o vírus se espalha. Atualmente, há doentes em todos os continentes e diversos países passaram a decretar estado de emergência e a restringir viagens. Mas tudo isso não aconteceu do dia para noite. A situação vem sendo acompanhada com enorme apreensão ao redor do mundo e é impossível pensar que a F1 e a FIA (Federação Internacional Automobilismo) não estiveram realmente monitorando – como disseram algumas vezes – todos os aspectos desse novo ambiente. Portanto, a crítica começa na decisão de correr na Austrália, de expor todos os envolvidos à possibilidade real de contrair a doença e, eventualmente, ampliar o contágio naquele país. Responsabilidade é parte inerente ao trabalho dos líderes – tanto é assim que muitos pilotos, equipes e até jornalistas disseram que a viagem para Melbourne veio pela confiança nas autoridades esportivas.
Manter a etapa, portanto, foi o primeiro grande erro da chefia do Mundial, embalada na insistência também dos promotores locais. Só que, uma vez instalado o paddock, as vozes críticas dos principais astros do espetáculo começaram a ecoar pelo Albert Park. O hexacampeão Lewis Hamilton se disse chocado e lançou a carta da força do dinheiro versus decisões sensatas e sensíveis. O veterano Kimi Räikkönen disse que “provavelmente” a F1 não deveria estar em Melbourne, enquanto o tetracampeão Sebastian Vettel afirmou que era justo que os pilotos questionassem o comando do Mundial. Não adiantava, o ambiente estava dominado por mais perguntas que respostas sobre a presença da F1 ali.
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A imagem da F1 como um todo está manchada e só o tempo será capaz de dizer como, de fato, a chefia será julgada e sairá desse episódio. Mas um dos sinais claros de que o comando sentiu a pancada foi o adiamento imediato dos dois próximos GPs. Agora é esperar.
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