Norris chuta ‘maldição da largada’ e vence em Singapura de ponta a ponta. Verstappen é 2º
Lando Norris se livrou da 'zica' e dominou o GP de Singapura deste domingo (22). Max Verstappen e Oscar Piastri completaram o pódio
Se havia alguma espécie de maldição sobre Lando Norris por não conseguir completar a primeira volta de uma corrida na liderança partindo da pole-position, ela foi quebrada neste domingo (22), no GP de Singapura. Com uma atuação dominante, o piloto da McLaren venceu o duelo particular contra Max Verstappen na largada e recebeu a bandeirada em primeiro nas ruas de Marina Bay. Oscar Piastri completou o pódio.
Norris começou a corrida em Singapura da mesma forma como todas as sete anteriores que não viram o tricampeão no degrau mais alto do pódio: favorito à vitória. Só que ele passou consistentemente a ampliar a triste sina de não fechar nem sequer a curva 1 na liderança, além de sucumbir vez ou outra às atrapalhadas da McLaren nos boxes.
No GP da Itália, todavia, a escrita começou a mudar, ainda que a liderança tenha sido perdida na metade do giro inicial. Mas em Marina Bay, após sábado impecável, não haveria mais espaço para erros com Verstappen ao lado, e por uma razão muito óbvia: se ainda queria manter vivas as chances de título, teria de ser perfeito até o fim.
E Norris foi quase, isso por conta de dois toques no muro que certamente causaram frio na espinha nos boxes papaias, mas nada sério o bastante para impedir o atropelo de quase 30s de distância para Verstappen. E só não foi Grand Chelem porque o time B da Red Bull, a RB, calçou Daniel Ricciardo com os macios e tirou de Lando a volta mais rápida.
George Russell levou a melhor sobre Lewis Hamilton, que reclamou demais do desgaste de pneus, e ficou em quarto. Charles Leclerc descontou o prejuízo da posição ruim de largada com um stint final muito forte e ficou em quinto, à frente do heptacampeão.
Carlos Sainz terminou em sétimo, com Fernando Alonso, Nico Hülkenberg e Sergio Pérez fechando a zona de pontos.
A Fórmula 1 agora faz longa pausa e retorna de 18 a 20 de outubro em Austin, Estados Unidos, início da perna americana da temporada 2024.
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Confira como foi a corrida da F1 em Marina Bay:
O céu de Singapura trouxe algumas nuvens, porém sem previsão de chuva para a corrida noturna nas ruas de Marina Bay. Nos termômetros, 31°C de temperatura ambiente, com 37°C de asfalto e umidade relativa do ar alta, em 76%. Com estratégia convencional de uma parada, a Pirelli ofereceu aos pilotos três possíveis cenários bastante variáveis, porém apenas um com os pneus macios em jogo.
Foi, no entanto, a opção escolhida por Hamilton, alinhado em terceiro, enquanto todos os demais do top-10 partiram com os médios para o stint inicial, a mais indicada pela fornecedora italiana. A decisão, na verdade, foi um meio encontrado para compensar a diferença de performance em ritmo de corrida principalmente contra os McLaren.
Ricciardo também escolheu a borracha mais macia, ao passo que Kevin Magnussen, Lance Stroll, Valtteri Bottas e Guanyu Zhou já foram com duros para esticar ao máximo a primeira perna e se valer de possíveis confusões comuns em pistas urbanas.
Quando as luzes se apagaram, Norris pôs fim a uma escrita que durava desde a primeira pole-position conquistada ainda em 2021 e finalmente fechou uma primeira volta na liderança. Hamilton é quem partiu com muito mais ação que Verstappen e por pouco não surpreendeu na curva 1, mas recolheu na freada, enquanto Russell se sustentava em quarto, com Piastri em seguida depois de recuperar posição inicialmente perdida para Hülkenberg.
Largada ruim para Sainz, que escapou na curva 1 e caiu para 12º. Já Franco Colapinto surpreendeu Alexander Albon pela linha de dentro e saltou para nono, com o tailandês sendo outro a dar um passeio pela área de escape. No replay, aliás, Alex não gostou do ataque, reclamando de um possível movimento de qualquer forma do argentino.
Pérez também se valeu da miniconfusão na curva 1 entrou na zona de pontos, em décimo. Volta 3, e Norris já colocava 1s7 sobre Verstappen, neutralizando qualquer tentativa de ataque inicial logo nas primeiras voltas. E Hamilton, com uma borracha mais sensível, não conseguia acompanhar o ritmo do neerlandês, a distantes 3s5.
Na volta 9, o mexicano começou a fazer valer a boa performance já conhecida em circuitos de rua e pôs Colapinto na alça de mira, ficando a 0s5 enquanto estudava o melhor ponto para buscar a ultrapassagem. Na frente, com sequências de voltas mais rápidas, Norris levava 4s5 para Verstappen.
No giro 11, Ricciardo abriu a janela de paradas, porém calçando os médios, ao contrário dos duros previstos, indicando dois pit-stops. E a razão possivelmente seria um desgaste mais acentuado, já que Magnussen avisava pelo rádio que a performance dos pneus de faixa branca havia caído bastante em poucas voltas.
Albon veio na sequência, bem antes do previsto já que partira com os médios, e resolveu colocar os duros, retornando no fundo do pelotão Volta 14, e foi a vez de Sainz também realizar a troca obrigatória e voltar disputando posição justamente com o #23 da Williams.
A título de comparação, Hamilton, de macios, ainda mantinha um ritmo em 1min38s baixo, segurando de forma tranquila a terceira colocação. Assombro mesmo era o desempenho de Norris, 1s mais rápido por volta que Verstappen e fechando a volta 15 com mais de 9s de vantagem.
Enquanto Pérez chiava pelo rádio da dificuldade “muito grande” de ultrapassar Colapinto, Albon recolhia o carro de vez por superaquecimento na volta 17. No giro subsequente, foi a vez de Hamilton realizar o pit-stop, seguindo à risca a cartilha da Pirelli ao trocar para os duros. No retorno à pista, 13ª colocação para o #44.
Volta 19 de 62, Norris levava 13s6 para Verstappen, que mantinha mais de 11s para Russell, com Piastri um pouco mais próximo, a 1s4. Hülkenberg, em excelente performance, Alonso, Leclerc, Colapinto, Pérez e Yuki Tsunoda fechavam o top-10 momentâneo, todos ainda sem trocas realizadas.
“Acho que bati no muro interno na entrada do pit-lane, chequem a roda esquerda”, pediu Hamilton à equipe — e, de fato, o replay mostrou o instante em que o pequeno incidente aconteceu. Depois, veio novo rádio, agora com Lewis indagando se mais alguém do pelotão da frente havia parado antes. “Fomos os primeiros a parar”, ouviu de Peter Bonnington, respondendo que a Mercedes “iria sofrer com os pneus” — o que não demorou para acontecer, na verdade, já que o piloto veio novamente no rádio, na volta 23, avisar que já estava perdendo rendimento com o jogo atual.
Volta 25, Piastri novamente ficou a menos de 1s de Russell, forçando-o a uma pilotagem defensiva, mas era, de fato, um milagre negociar a manobra mesmo com quatro zonas de DRS. Hamilton também sentiu na pele ao alinhar lado a lado com Tsunoda em briga válida pelo décimo lugar, mas escapar e ter de devolver posição.
Na volta 26, Alonso realizou a parada obrigatória e retornou em 15º com os duros. Enquanto isso, mais um rádio azedo de Hamilton reclamando de “algo errado com o carro”.
Volta 28, foi a vez de Russell parar, já eliminando uma possível tentativa de undercut com a aproximação perigosa de Piastri. Com um trabalho de box de 2s2, o #63 voltou adiante de Hamilton, enquanto Piastri passou a ter pista limpa pela frente e começou a tirar mais de 1s da distância para Verstappen.
A Red Bull, claro, reagiu rápido e trouxe Verstappen aos boxes na volta 30, mas Piastri seguiu. Na parada, novamente os taurinos pecaram na troca de pneus, devolvendo Max à pista atrás de Leclerc. A sorte é que o tricampeão precisou apenas de uma volta para recuperar o posto e colocar-se novamente na virtual segunda colocação.
Ao mesmo tempo, Norris fez um giro surpreendentemente lento e ainda pediu ao time para checar a asa dianteira. Havia um pequeno dano, mas nada sério o bastante para comprometer a corrida, informou o time papaia. Foi interessante, contudo, ver que Piastri ainda era consistentemente mais rápido. E o replay ainda mostrou o instante em que o #4 quase pôs tudo a perder ao errar totalmente o ponto de frenagem e não bater por um triz.
Pouco antes, Pérez enfim se livrou de Colapinto no bom e velho undercut. Na frente, os pneus de Norris entraram na janela certa e passaram a render bem mais que os de Piastri, já sofrendo ligeira queda de performance e avisando à McLaren que talvez fosse arriscado esticar demais o stint.
Do top-10, apenas Leclerc e Piastri não haviam parado passadas 36 voltas. O monegasco, então, entrou no pit-lane na seguinte, calçando os duros para ir até o fim. A permanência ao menos valeu a posição de Hülkenberg, que o segurou no primeiro stint por muito tempo.
“Está ficando muito complicado agora”, avisou Piastri, agora o único sem parada na pista, além de Pierre Gasly, lá atrás. A jogada poderia ser um pneu macio, mas ele ainda teria de sobreviver além da volta 42, opção que se tornou inviável. A troca veio, portanto, no giro 39, retornando à corrida com pneus duros. E a Alpine resolveu ousar e colocar os macios no carro #10.
Posições enfim restabelecidas, Norris, Verstappen, Russell, Hamilton, Piastri, Sainz, Alonso, Leclerc, Hülkenberg e Pérez fechavam o top-10. Só que o australiano da McLaren não perdeu tempo já se valendo da melhora do carro laranja com o segundo stint e deixou Hamilton para trás, assumindo o quarto posto. Leclerc também conseguiu ultrapassar Alonso e subir para sétimo.
Pouco mais à frente, na volta 46, Piastri efetuou belíssima ultrapassagem sobre Russell ao contornar a curva 7 pelo lado de fora, chegando ao pódio. Leclerc, por sua vez, iniciou a caça aos Mercedes e deixou Hamilton para trás no giro 50, assumindo o quinto posto e tirando consideravelmente a diferença para Russell.
Leclerc chegou de vez na volta 59 de 62. Com um carro muito mais rápido, o monegasco usou a asa móvel na reta principal, porém Russell sustentou o quarto posto. Depois, na saída da curva 7, Leclerc novamente colocou o carro de lado, mas não encontrou espaço. A perseguição se estendeu até a bandeirada, porém Russell resistiu bravamente.
F1 2024, GP de Singapura, 18ª Etapa, Marina Bay:
1 | L NORRIS | McLaren Mercedes | 62 voltas | |
2 | M VERSTAPPEN | Red Bull Honda | +20.945 | |
3 | O PIASTRI | McLaren Mercedes | +41.823 | |
4 | G RUSSELL | Mercedes | +1:01.040 | |
5 | C LECLERC | Ferrari | +1:02.430 | |
6 | L HAMILTON | Mercedes | +1:25.248 | |
7 | C SAINZ | Ferrari | +1:36.039 | |
8 | F ALONSO | Aston Martin Mercedes | +1 volta | |
9 | N HÜLKENBERG | Haas Ferrari | +1 volta | |
10 | S PÉREZ | Red Bull Honda | +1 volta | |
11 | F COLAPINTO | Williams Mercedes | +1 volta | |
12 | Y TSUNODA | RB Honda | +1 volta | |
13 | E OCON | Alpine | +1 volta | |
14 | L STROLL | Aston Martin Mercedes | +1 volta | |
15 | G ZHOU | Sauber Ferrari | +1 volta | |
16 | V BOTTAS | Sauber Ferrari | +1 volta | |
17 | P GASLY | Alpine | +1 volta | |
18 | D RICCIARDO | RB Honda | +1 volta | |
19 | K MAGNUSSEN | Haas Ferrari | NC | |
20 | A ALBON | Williams Mercedes | NC |