Norris se redime e busca revanche contra Verstappen nos EUA. Ferrari corre por fora
Lando Norris acabou tirando proveito do acidente protagonizado por George Russell no fim do Q3 para ficar com a pole do GP dos EUA. Foi um anticlímax, porque os instantes finais se desenhavam em uma batalha parelha entre o inglês e Max Verstappen, que ainda assegurou lugar na primeira fila. De toda a forma, a posição de honra entrega a Norris a chance de revanche, mas a qualidade da sprint de Max não pode ser menosprezada. O tricampeão parece mais forte do que se imagina
Lando Norris foi capaz de se redimir de um sábado dos mais esquisitos em 2024. Ainda que tenha se lançado muito bem no apagar das luzes da corrida sprint no Circuito das Américas, o erro no fim, quando disputava posição com Carlos Sainz, foi um revés ainda maior, diante de um Max Verstappen soberano e vencedor da prova curta do fim de semana. Era preciso reagir, e Lando fez a sua parte na tentativa de frear o avanço inimigo. É claro que o acidente de George Russell nos instantes decisivos acabou facilitando as coisas — ao mesmo tempo em que tirou a emoção de um duelo final entre os postulantes ao título —, mas o britânico estava lá para aproveitar. Foi a sétima pole da carreira do piloto da McLaren, a sexta nesta temporada e a quarta nas últimas cinco etapas. E mesmo que o neerlandês alinhe na primeira fila, o posto de honra também significa a chance de ditar a narrativa do GP dos Estados Unidos deste domingo.
Para tanto, a corrida em Austin precisa ser perfeita. E a equipe inglesa tem com que se preocupar. O ritmo na sprint deixou algumas dúvidas, porque Norris não foi capaz de acompanhar o desempenho de Verstappen, que largou da pole e não deu chances a ninguém, impondo uma vantagem dos velhos tempos, inclusive. De novo, o carro papaia sofreu em um primeiro momento. Agora, o time de Andrea Stella aposta nas mudanças promovidas no MCL38 entre a sprint e a classificação, para voltar à performance costumeira. Mas isso também vai depender de uma boa largada.
Liderar desde o início dá a oportunidade de entender não só o ritmo no primeiro stint, como também estabelecer a melhor estratégia. “No geral, foi encorajador conseguir melhorar o carro depois da sprint”, explicou o chefe da McLaren. “Fizemos alguns ajustes no acerto, entendemos alguns aspectos do ponto de vista da pilotagem, e Lando e Oscar [Piastri] conseguiram reunir tudo isso na classificação”, completou, para então falar sobre o domingo. “Primeiro e quinto são importantes para amanhã [na corrida], e espero que sejamos capazes de reduzir o desgaste alto de pneus que tivemos na sprint”, emendou o dirigente.
De fato, os pneus serão elementos cruciais, especialmente se as temperaturas seguirem altas. Por isso, a tática de pits ganha importância, assim como a posição de pista. “Estávamos um passo atrás durante todo o fim de semana, não mostramos o ritmo dos carros da Ferrari ou da Red Bull. Então, tínhamos de fazer alguma coisa, e hoje consegui isso. Foi uma boa volta, é um bom jeito de começar a corrida de amanhã”, disse Norris — que também reconheceu que seria difícil repetir a primeira volta rápida.
“Vou fazer meu dever de casa. Fizemos algumas mudanças que melhoraram nossa direção, mas o tempo vai dizer. Trabalhamos duro, fizemos um bom trabalho até agora e completamos a primeira tarefa. Amanhã vai ser uma corrida dura”, explicou.
Verstappen, por sua vez, até lamentou o acidente de Russell, mas acabou por aceitar de bom grado o segundo posto do grid. Os 54 pontos que o separam de Norris certamente também lhe dão a calma necessária para medir os riscos. Só que o tricampeão parece em melhor posição mesmo. O ritmo apresentando na sprint é promissor e o coloca como favorito à vitória. Max não teve problemas para abrir vantagem e essa sensação permanece. “A corrida sprint deu uma levantada na equipe, nossa primeira vitória desde junho”, falou Christian Horner. “Max gerenciou a corrida muito bem, simplesmente foi para a pista e fez o trabalho. Ele levou essa onda para a classificação, e fomos rápidos hoje”, celebrou o chefe da Red Bull.
“Espero que possamos brigar pela vitória. Tivemos dias positivos até agora. No geral, foi uma grande performance e deixa as coisas em boa situação para amanhã”, completou o inglês.
Mas há uma ressalva importante nesse cenário. Ainda que a Red Bull apareça como favorita diante do que fez Verstappen neste sábado, além da reação da McLaren, é necessário falar da Ferrari, que domina a segunda fila, com Sainz à frente de Charles Leclerc. Os carros vermelhos surpreenderam durante a sprint. Não só pela velocidade, mas pelo desempenho sólido. Se a classificação tivesse sido um pouco mais competitiva, talvez a luta pelo triunfo da corrida curta tivesse sido diferente. De toda a forma, é certo dizer que os italianos têm uma performance especial em condição de prova, e isso pode também significar uma questão para os papaias, que seguem na perseguição a Max.
“Poderia ter sido melhor. Mas, na segunda fila e com o ritmo da sprint, podemos lutar pela vitória. Sem dúvidas, você sempre quer algo a mais, mas conhecemos as características do carro. Esperamos ter o mesmo ritmo de corrida de hoje, porque ficamos em boas condições na sprint. Largando em terceiro e quarto, tudo é possível”, disse Frédéric Vasseur.
“Estávamos conseguindo melhorar cerca de 0s2 ou 0s3 em relação à volta anterior, mas isso também pode se aplicar a Max [Verstappen] e Lando [Norris]. Temos de focar em nós mesmos e no que podemos fazer amanhã. Temos opções diferentes em termos de estratégias”, acrescentou o chefe ferrarista.
E ele tem razão. O GP dos EUA caminha para táticas de duas paradas, envolvendo os pneus médios e duros. A diferença será a escolha em si do uso dos dois compostos e a capacidade de administrá-los em meio a um provável degaste demasiado. É onde reside a chave da vitória. De acordo com uma análise preliminar da Pirelli, a fornecedora única dos pneus, a corrida pode ser dividida da seguinte maneira: no caso de um primeiro stint com o médio (C3), a visita inicial aos boxes deve acontecer entre as voltas 16 e 22, para trocar pelos duros (C2). Mais tarde, entre os giros 35 e 41, repete o C3 para fechar a corrida.
Há a possibilidade também de fazer o trecho final com o C2. Para isso, dá para parar pela primeira vez entre as voltas 11 e 20 e uma segunda vez entre as voltas 32 e 38. A fabricante ainda fala em uma terceira opção, mas aí numa combinação mais extrema dos três tipos de compostos.
A sorte está lançada.
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