Hamilton e Mercedes se arrastam em fim melancólico de casamento histórico na F1

Lewis Hamilton e a Mercedes mereciam um final de casamento muito mais digno. A realidade é que o carro despencou de nível e o heptacampeão também não parece disposto a fazer grandes coisas. E o resultado é a melancolia total refletida nos resultados e na troca de farpas de lado a lado. Triste de ver

É simplesmente difícil aceitar que o casamento entre Lewis Hamilton e a Mercedes esteja terminando assim. Donos de uma das duas parcerias mais icônicas de todos os tempos na F1, o heptacampeão e o time prateado não falam mais a mesma língua há algum tempo, mas tudo piorou justamente nos meses finais. E o que se vê é um clima bélico que não combina em nada com o que se teve por mais de uma década.

Hamilton e Mercedes foram grandes parceiros. É claro que vencer tanto quanto a dupla venceu já seria suficiente para que os livros de história registrassem com carinho, mas Lewis e a esquadra iam além. Não havia, por exemplo, cumplicidade maior entre piloto e chefe do que Hamilton e Toto Wolff tinham. Um grande exemplo foi o carro pintado de preto num abraço da marca ao engajamento social de Lewis, algo totalmente fora dos parâmetros do esporte a motor.

Mas até essa relação se quebrou. Toto e Lewis já não são mais os mesmos e a paciência de um com o outro é cada vez menor. Hamilton passou a criticar duramente a equipe publicamente, enquanto Wolff deu declarações que botam em xeque o quanto o piloto vai render daqui para frente. Para quem imaginava que um não ficaria mais sem o outro na F1, bem surpreendente.

É fato que, desde a dolorosa derrota para Max Verstappen em 2021, as coisas começaram a estremecer. Por mais que Toto sempre tenha saído em defesa de Hamilton e batido duro na FIA a ponto de ajudar a derrubar Michael Masi do posto de diretor de provas, algo estava prestes a se quebrar e, nos três anos seguintes, de vacas bem magras pelos lados prateados, o negócio degringolou.

Lewis Hamilton voltou a vencer, mas isso não adiantou na relação com a Mercedes (Foto: Mercedes)

Há um evidente ponto de ruptura total quando Hamilton anuncia a partida para a Ferrari, antes mesmo da temporada 2024 começar, mas ainda assim esperava-se uma despedida mais digna. No fim das contas, um casamento que rendeu incríveis seis títulos do Mundial de Pilotos para Lewis e oito de Construtores para a Mercedes merecia um fim melhor. Vieram ainda duas vitórias, o fim de um jejum amargo, mas nada disso bastou. E a coisa azedou de forma incrível.

Ainda que as vitórias tenham abafado um pouco o clima pesado, bastava um resultado ruim para que o caos fosse novamente deflagrado. Foi duro ver a Mercedes entregue, assumindo que simplesmente não sabia como evoluir depois de voltar perdidinha das férias. Mas não foi melhor a postura de Hamilton, com rádios picantes e declarações que só ajudavam a incendiar mais o ambiente.

Veio, então, o GP de São Paulo. Em um ambiente em que Hamilton se sente em casa e abraçado, a expectativa era de uma possível reaproximação. Ou pelo menos uma trégua, mas não rolou. O efeito foi o contrário, aliás: frustrado com o ritmo, Lewis se perdeu no meio do pelotão e deu duas declarações que vão marcar a relação. A primeira foi basicamente implorando para guiar a McLaren de Ayrton Senna também na corrida, enquanto a segunda foi pedindo a chegada do Natal, em outras palavras, para se livrar de uma vez da temporada e, consequentemente, da Mercedes.

É difícil julgar o que está sentindo um dos caras mais vitoriosos de todos os tempos no esporte, mas é fato que Hamilton vive uma fase de completa falta de motivação. Em um ano em que admitiu ter tirado um peso enorme das costas e de dentro do peito ao voltar a vencer pela primeira vez desde o fatídico final de 2021, pareceu se entregar novamente quando as dificuldades voltaram.

Lewis Hamilton trocaria facilmente o W15 por um carro antigo (Foto: Reprodução/Lewis Hamilton)

A Mercedes, por sua vez, segue na dela. Talvez até demais. Em outros tempos, o time certamente abraçaria Hamilton e puxaria de volta o multicampeão. Não foi o caso, inclusive com os prateados entrando na troca de farpas com força.

E assim o ano vai se encerrando. Restam três etapas e parece ilusão achar que a Mercedes ou Hamilton ainda vão fazer alguma coisa. Ao que tudo indica, é um esperando o Natal e a Ferrari, enquanto a outra só quer saber de Andrea Kimi Antonelli e do ano novo.

Fórmula 1 agora volta às pistas para o GP de Las Vegas, nos Estados Unidos, entre os dias 21 e 24 de novembro. Depois, realiza corridas no Catar, com a última sprint do ano, e Abu Dhabi.

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