Hamilton recebe carta escrita por prisioneiro político no Bahrein: “Nosso campeão”
Mensagem foi compartilhada pelo Instituto pelos Direitos e Democracia no Bahrein e escrita por um homem chamado Ali Alhajee para Lewis Hamilton
Lewis Hamilton recebeu uma manifestação de apoio diferente no começo da semana em que a temporada 2022 da Fórmula 1 dá a partida. Uma carta compartilhada pelo Instituto pelos Direitos e Democracia no Bahrein [BIRD, no original] e escrita por um homem chamado Ali Alhajee, atualmente preso. De acordo com a mensagem, torcer para Hamilton se tornou uma febre entre os presidiários por conta da reiterada preocupação que o piloto mostra com questões de direitos humanos.
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Ativistas questionam “duas caras” da F1 sobre direitos humanos no Oriente Médio
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Segundo o BIRD, que compartilhou a carta com o jornal inglês The Guardian, Alhajee está na prisão Jau, a maior e mais temida do país, após ter sido detido por organizar protestos pacíficos contra o regime monárquico da família Al Khalifa. Acusações de abusos de direitos humanos na prisão de Jau, que fica na capital Manama, são comuns: em 2021, a Comissão de Direitos Humanos da ONU pediu uma investigação especial após as informações de que a polícia reagiu com força desproporcional, inclusive com o uso de granadas, a um protesto pacífico dos presidiários, que se sentaram no pátio. O ato aconteceu por conta da morte de Abbas Malallah, outro prisioneiro político que, segundo a Comissão da ONU, teve acesso negado a cuidados básicos de saúde.
A carta endereçada a Hamilton mostra como os gestos do heptacampeão impactaram gente que vive num país às voltas com acusações de abusos de direitos básicos.
“Sua preocupação verdadeira por esses casos mudou a maneira que os prisioneiros pensam a respeito deste esporte. Para nós, você é nosso campeão: não apenas o melhor no volante, mas também um ser humano que se importa com o sofrimento dos outros. Refletir nosso apoio a você é algo que se espalha como um fenômeno na prisão. Prisioneiros começaram a escrever ou desenhar ‘Sir 44’ ou ‘Lewis 44’ nas próprias roupas que vamos usar para assistir às corridas”, disse a Hamilton.
“Sou um homem livre apesar das algemas e das paredes da prisão. Os muros de cimento daqui não me impedem de expor os abusos de direitos humanos que sofremos do lado de dentro. Os prisioneiros te enxergam não somente como um campeão mundial de esportes, mas como alguém que defende os direitos humanos deles. Eu, junto a outros companheiros de cela, desejamos o melhor possível em sua corrida no Bahrein. Por favor, lembre-se de que você tem apoio que vai te acompanhar e torcer por você em todas as suas corridas”, finalizou.
O BIRD já lamentou o fracasso da F1 em ao menos questionar os abusos no Bahrein, onde avalia que há “repressão pesada” e “uma campanha de perseguição política violenta contra dissidentes políticos e que cada vez mais aumenta o uso de crianças como alvos”. A organização questionou, ainda, pilotos como Sebastian Vettel e Max Verstappen, ao pedirem uma demonstração contra guerras ao redor do mundo, depois que os dois e vários outros apoiarem o cancelamento do GP da Rússia devido à invasão à Ucrânia.
O Guardian lembra um relatório da ONU do ano passado sobre a repressão política no Bahrein que entende que existam “violações grosseiras das leis humanitárias internacionais e dos direitos humanos internacionais, incluindo ataques indiscriminados contra civis, desaparecimentos forçados e tortura”.
A F1 chegou a cancelar o GP do Bahrein de 2011, então no auge de protestos civis contra o governo bareinita – reprimidos violentamente pelas forças de segurança do país. Entretanto, voltou normalmente no ano seguinte e aumentou a presença desde então, mesmo com todas as acusações de abusos humanitários. De lá para cá, a categoria tornou o Bahrein praça de testes coletivos de pré-temporada, realizou duas corridas diferentes por lá em 2020 e, neste ano, assinou uma renovação contratual que mantém o país no calendário até 2036.
GUIA FÓRMULA 1 2022
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