Hamilton segue mística e vai atrás do ‘sonho Ferrari’ em busca do octacampeonato
O caminho de Lewis Hamilton para a Ferrari não é uma novidade olhando para outros ícones da história da Fórmula 1, e vem com um objetivo: bater o martelo sobre qualquer discussão de maior piloto de todos os tempos
“Ferrari é um mito, não é? Ferrari é um sonho de consumo de qualquer pessoa em qualquer parte do mundo”. A frase do empresário Alexander de Almeida, presente no infame vídeo ’10 mandamentos do rei do camarote’, da Veja São Paulo, se tornou um clássico da internet por toda a estética brega de consumo elitista nas noites paulistanas. Porém, o trecho mencionado na abertura deste especial é uma verdade. Seja na vida urbana ou na Fórmula 1, a Ferrari é algo diferente.
E é justamente por isso que a ida de Lewis Hamilton para Maranello a partir de 2025 pode até ter soado como um choque no longínquo 1 de fevereiro de 2024, mas virou uma tendência de quase todos os grandes campeões da Fórmula 1. A história da Scuderia praticamente se confunde com a do Mundial, e correr representando a Ferrari é um peso e uma responsabilidade de medidas incomparáveis com outras equipes, independente da quantidade de titãs representadas no grid.
A primeira lenda consolidada da Fórmula 1 a tomar este caminho foi o argentino Juan Manuel Fangio. Ele já era tricampeão mundial, com direito a dois títulos pela Mercedes, mas, outra vez mostrando a expertise de entender o melhor equipamento, levantou, em 1956, o quarto titulo mundial em uma temporada dominante pelos italianos.
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Alain Prost, já tricampeão mundial, foi para a Ferrari de forma emblemática. No GP da Itália de 1989, ainda pela McLaren, anunciou a ida para a Scuderia enquanto batalhava contra Ayrton Senna pela terceira taça. Herdou um triunfo nas voltas finais quando o brasileiro abandonou e fez a torcida dos tifosi celebrar uma vitória do time rival. Não apenas isso: jogou o troféu para a torcida, atitude que irritou profundamente a equipe inglesa, que mudou a política de premiação que persiste até hoje.
O casamento de Prost com a Ferrari acabou terminando de forma melancólica. Não conseguiu derrotar o rival Senna em 1990, com equipamento pior, e amargou o vice-campeonato depois do controverso acidente no GP do Japão. No ano seguinte, encarou um carro complicado e pouco competitivo. Acabou dispensado antes mesmo da temporada acabar ao se referir ao problemático bólido como um “caminhão” em entrevista. E não conseguiu quebrar o jejum de títulos que perdurava desde 1979.
Anos depois, foi a vez de Michael Schumacher. Em alta e embalado pelos títulos mundiais com a então modesta Benetton, o alemão sabia que o peso na história da Fórmula 1 seria muito diferente se ganhasse com a Ferrari. Precisou suar muito, não apenas com a competição contra Williams e McLaren, mas também por ver muitas interrogações levantadas após o polêmico final em 1997 e a lesão de 1999.
Deu a volta por cima em 2000 de forma emocionante, e liderou uma das jornadas mais vitoriosas da história do Mundial. Não só quebrou um jejum de 21 anos, mas abriu as portas para um dos domínios mais incríveis na história. Michael entrou na Ferrari como um grande piloto. Saiu como o mais vitorioso de todos os tempos.
E o exemplo de Schumacher foi também o que liderou aquele que por muito tempo parecia seu sucessor: Fernando Alonso. Depois de uma passagem complicada pela McLaren em 2007, o espanhol gastou dois anos de seu auge na Renault pensando em algo melhor: a Ferrari. O casamento foi em 2010, mas já não era mais a Scuderia de Jean Todt e Ross Brawn. Em meio ao amor e ódio, o espanhol viu o tri bater na trave duas vezes, em 2010 e 2012. Conseguiu fazer muito mesmo sem tanto, mas o gosto definitivamente não foi o melhor.
A mesma responsabilidade de Schumacher e o peso do insucesso de Alonso guiaram o casamento de Sebastian Vettel com a Scuderia. Foram muitos altos e baixos, com uma imensa oportunidade desperdiçada em 2018 por erros do tetracampeão. No fim, o matrimônio das duas partes terminou de forma absolutamente melancólica, com Seb avisado publicamente que não seguiria depois de 2020 antes mesmo da temporada começar.
Nos últimos anos, a Ferrari apostou em Charles Leclerc e Carlos Sainz. Uma dupla boa, jovial, que recuperou bem a moral do time depois de um 2020 muito ruim. Porém, ambos não somam 15 vitórias juntos na Fórmula 1. É um peso muito diferente de Hamilton, o piloto mais vitorioso que o esporte já viu.
A parceria dos dois é um casamento que se encaixa bem por dois motivos: para Hamilton, vencer pela Ferrari não é apenas um sonho de criança, mas talvez a flechada final em qualquer discussão sobre o maior de todos os tempos, de provar, mais uma vez, que saiu da própria zona de conforto para buscar as glórias. Para a Scuderia, um piloto gigante e perfeito para finalmente encerrar um novo grande jejum.
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