Lawson encara fritura em tempo recorde na Red Bull e reabre corrida por Colapinto
Liam Lawson nunca foi unanimidade na Red Bull, muito pelo contrário, mas ninguém imaginava que o neozelandês fosse encarar uma fritura em tempo tão curto. Em duas corridas, já parece mais fora do que dentro do grid e, assim, faz reabrir a corrida por Franco Colapinto: o argentino, afinal, sobe com a Alpine ou com a Racing Bulls, em uma eventual promoção de Yuki Tsunoda?
Liam Lawson viu o sonho de uma vida virar pesadelo em apenas duas etapas na F1 2025. Em tempo recorde, o neozelandês se enfiou em um buraco imenso. É que, por mais que a Red Bull tenha já um histórico grande de ser moedor de carne, Lawson caprichou e, na Austrália e na China, ficou longe da zona de pontos, envolvido em trapalhadas e caindo no Q1.
É mais ou menos como se Liam estivesse dando continuidade ao sofrimento total que foi a reta final de 2024 para Sergio Pérez, mas com ainda menos sucesso – algo que parecia impossível. Para se ter ideia, o mexicano fechou o ano passado com pontos em quatro das últimas dez etapas e seis largadas no top-10. No ritmo que está, Lawson não vai chegar nem a isso.
Quer dizer, no ritmo que está, Lawson não vai ter nem a oportunidade de fracassar daquela forma. Sem os patrocínios de Pérez e sem qualquer prestígio prévio na equipe, o neozelandês já está pela bola 7 e já vê todo um movimento ao seu redor por uma saída da Red Bull. E pior: sem direito a rebaixamento para a Racing Bulls.
É claro que foram duas atuações terríveis, das piores vistas em muito tempo na chamada ‘F1 A’, mas que tão bem longe de explicarem totalmente a fritura completa pela qual passa Lawson. A motivação vai muito além e tem origem anos atrás: Lawson nunca foi e nunca vai ser prioridade no grupo Red Bull.

Aos 23 anos, dá para dizer tranquilamente que Liam estava no lugar certo e na hora certa quando a chance apareceu. Primeiro, porque Daniel Ricciardo pareceu ter desaprendido e entrou em uma maré terrível. Depois, Pérez passou pelo mesmo processo do australiano. E não tinha ninguém pronto para o desafio. Nem Lawson, diga-se, mas enfim.
A Red Bull aposta alto em Isack Hadjar, mas corretamente entende que o franco-argelino vai precisar passar por mais processos dentro da F1 antes de ter a grande chance. O mesmo com Arvid Lindblad, tido internamente como maior prodígio desde Max Verstappen, mas que nem 18 anos tem ainda. Neste vácuo de talentos, veio a chance a Lawson.
Indo mais para trás, o neozelandês também não era prioridade mesmo naquela geração dele. O nome mais cotado para estar na F1 era de Jüri Vips, mas o estoniano utilizou termos racistas e homofóbicos em uma live na Twitch e foi desligado do grupo. No meio disso tudo, Yuki Tsunoda, que tinha apoio da Honda e ganhou chance na categoria, mas que também nunca foi bem visto pelos energéticos. E por isso não subiu até hoje, diga-se.
Mas a fase é tão complicada que Tsunoda, do nada, parece ter virado uma opção real. Ninguém na Red Bull acredita que o japonês não será trucidado por Verstappen, não é isso, mas os austríacos precisam de alguém que minimamente pontue e vá ao Q3, algo que Liam ainda não deu sinais de ser – talvez nem tenha tempo para tal. O time só quer parar de “brigar com uma perna só”, como disse o chefe Christian Horner na China.

“Corri com ele por anos, venci-o nas categorias de base e na F1, então ele pode dizer o que quiser”, disse Lawson sobre Tsunoda, que já garantiu estar “100% pronto” para assumir o posto de companheiro de equipe Verstappen.
Na temporada passada, os dois pilotos formaram a dupla da RB após a saída conturbada de Ricciardo depois do GP de Singapura. Neste recorte, na verdade, foi Tsunoda quem superou Lawson em pontos somados (8 x 4), posições de chegada (4 x 2) e em classificações (6 x 0).
O papo agora é que a demissão possa ocorrer já no GP do Japão, algo que certamente não é impossível de imaginar, afinal, a Red Bull não tem problema algum em reconhecer erros de escolha. Há uma outra questão aí, porém, que pode mexer com as estruturas dos energéticos e da F1 como um todo: Franco Colapinto, segundo a versão espanhola do site Motorsport.com, voltou à pauta para pegar a vaga que seria deixada por Tsunoda, o que limaria Lawson do grid e mexeria diretamente com os planos da Alpine.
Quer dizer, os franceses ficaram meses botando a pressão de meio mundo nas costas de Jack Doohan, preparando terreno para a subida de Colapinto ainda no começo da temporada e, de repente, quando o australiano já dá todos os sinais de que pode mesmo ser rapidamente sacado, surge a Racing Bulls flertando com o argentino.

No fim, o desenho do momento na F1 2025 parece um só, uma corrida contra o tempo para ver quem se livra primeiro de seu piloto: a Alpine, com Doohan, ou a Red Bull, com Lawson. O destino de Colapinto está nisso, o de Tsunoda também e, de certa forma, até os de Hadjar e Lindblad, teoricamente os próximos na fila energética.
O GP do Japão pode ser decisivo para ver onde vai parar o promissor piloto argentino, mas só acontece no fim de semana que vem. E 10 dias são uma eternidade na Fórmula 1 de hoje e mais ainda no grupo Red Bull.
A Fórmula 1 volta de 4 a 6 de abril em Suzuka, palco do GP do Japão, terceira etapa da temporada 2025.
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