Mais do que estratégia: como Mercedes pegou Red Bull no GP da Espanha de F1

A Mercedes, de novo, deu um baile na rival Red Bull. Em Barcelona, a equipe alemã lançou mão de uma tática ousada e deu certo. Mas a vitória de Lewis Hamilton envolve outros fatores decisivos

Ainda que a tabela de pontos apresente uma vantagem para Lewis Hamilton e a Mercedes, a verdade é que a Fórmula 1 ainda vive uma temporada de enorme equilíbrio técnico entre a equipe da marca da estrela e a Red Bull, especialmente na pessoa de Max Verstappen. O quarto GP do campeonato novamente viu uma briga apertada entre o heptacampeão e o holandês. A diferença de 0s036 na folha de tempos após a disputa da pole é uma fotografia precisa do tamanho dessa briga. Só que a vitória do inglês no GP da Espanha sugere algo diferente, porque, uma vez mais, a esquadra austríaca se colocou como uma espectadora da adversária.

Hamilton venceu em Barcelona ao lançar mão de uma estratégia distinta e até inesperada – a previsão era de uma prova de uma única parada. Mas é preciso dizer que o triunfo teve outros elementos igualmente decisivos. E são fatores que representam também uma má notícia para os taurinos. Acontece que o time alemão compreendeu melhor o carro que tem nas mãos, enquanto Hamilton usa bem a experiência para anular o ataque rival – a perda da liderança logo na largada é só mais um exemplo. “Sou agressivo apenas quando necessário”, garantiu o britânico após a corrida.

“Aprendi muito sobre Max em Barcelona, talvez mais do que em todas as outras corridas juntas”, comentou Lewis, que foi mais cuidadoso do que habitual para revelar o que aprendeu: “Você vê coisas diferentes ao seguir de perto. Obviamente, eu o segui muito de perto, aprendi muito sobre o carro dele e muito sobre como ele o usa.”

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Hamilton pega Verstappen na tática e vence: assista aos melhores momentos do GP da Espanha (GRANDE PRÊMIO com Reuters)

A Mercedes não levou nenhuma grande novidade para as quatro primeiras corridas de 2021, mas parece que soube o que tirar do W12 – apesar de não estar ainda em pé de igualdade ao RB16B no que diz respeito ao desempenho de classificação. O ponto fundamental aqui é realmente o ritmo de corrida. E isso tem feito a diferença desde o Bahrein. A Mercedes e, especialmente Hamilton, entendem muito bem de como gerenciar melhor os diferentes compostos da Pirelli. Daí a margem de manobra para estratégias distintas.

De fato, esse desempenho foi decisivo em Barcelona. Mesmo tendo sido ultrapassado logo na primeira curva depois da largada, Hamilton jamais deixou o encalço de Verstappen. Mais tarde, durante o stint intermediário, também ficou muito evidente a melhor performance do inglês – que virava consistentemente mais rápido que o adversário. Até por isso questionou a Mercedes quanto a um segundo pit-stop. Lewis tinha quase certeza de que manteria o cuidado suficiente com os pneus para atacar Max na parte final da prova. Acabou sendo até mais fácil, com a segunda parada e o jogo de médios pouco usado. Enquanto isso, Max enfrentava enorme desgaste dos pneus traseiros.

“Acho que o ritmo de corrida da Mercedes, e vimos isso desde o Bahrein, tem sido melhor do que o nosso em todos os GPs que completamos até agora”, afirmou Christian Horner, o chefe da Red Bull. “Sabíamos que nestes dois últimos circuitos eles iriam desenvolver seus pontos fortes. E eles têm muitos pontos fortes. Mas estamos muito mais próximos do que antes e acho que se conseguirmos encontrar um pouco mais de ritmo de corrida, ainda será uma batalha muito dura”, completou.

GP DA ESPANHA; LARGADA; MAX VERSTAPPEN; LEWIS HAMILTON
Hamilton não se preocupou em fechar a porta para Verstappen na largada (Foto: Circuit de Barcelona-Catalunya)

Sim, a tática teve o seu papel em dois momentos. O primeiro, quando o pit-wall chamou o britânico quatro voltas depois da parada do holandês e, segundo, no pit-stop adicional, que deu fôlego novo. A Red Bull demorou para agir naquele momento, porque esperava uma estratégia de uma única visita aos boxes e não estava preparada para uma mudança repentina. Foi tarde demais. Só que essa é uma lição que os energéticos teimam em aprender. Afinal, quem não lembra do mesmo expediente dado na Hungria em 2019?

“Conseguimos ficar bem atrás deles e, quando você é o carro da frente e alguém pode se manter na sua traseira por uma corrida completa, isso geralmente não é uma boa notícia”, afirmou Andrew Shovlin, engenheiro de pista da Mercedes, ao analisar a briga com a Red Bull e a disputa entre Verstappen e Hamilton na Espanha.

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“Mas ainda estamos na fase do ano em que temos de coletar dados nessas diferentes pistas. Embora pareça ser uma tendência, talvez tenhamos um carro um pouco mais neutro”, completou. E ao comparar com Verstappen, disse: “O carro da Red Bull parece ser um pouco mais duro com os pneus traseiros. Mas veremos com mais dados se isso é realmente uma característica dos nosso carro ou simplesmente tem a ver com o acerto que estamos fazendo.”

Apesar do passo à frente dado pela Mercedes e da grande forma de Hamilton, a Red Bull segue forte e tem de tirar proveito do talento de Max. O RB16B é um carro que trabalho melhor o downforce, e isso deve fazer muita diferença na próxima etapa, em Mônaco, por exemplo. A questão só é neutralizar as pequenas falhas. Por isso, não há nada definido – ainda.

A próxima etapa da Fórmula 1 acontece no dia 23 de maio, em Mônaco. No momento, Hamilton lidera a classificação com 94 pontos, contra 80 de Verstappen, o vice-líder.

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